Como anda a temporada da WNBA 2024

Lucas PachecoAgosto 29, 20246min0

Como anda a temporada da WNBA 2024

Lucas PachecoAgosto 29, 20246min0
Com os Jogos Olímpicos já lá para trás, Lucas Pacheco volta a atirar-se à WNBA 2024 e aos principais destaques das últimas semanas

A temporada da WNBA 2024 segue em velocidade acelerada; já no terço final da fase classificatória, as oito vagas aos playoffs estão praticamente definidas, com a última posição em aberto. Enquanto presenciamos campanhas individuais memoráveis (A’ja Wilson e Napheesa Collier disputam o MVP, Caitlin Clark com números impressionantes para uma caloura), algumas surpresas aconteceram. Destaquemos alguns pontos da temporada.

Fim de uma dinastia?

O Las Vegas Aces transformou-se no bicho papão da liga após contratar a técnica Becky Hammon. O núcleo, constituído em anos de reconstrução, enfim se consolidou e, com um esquema tático mais fluido, de pace acelerado, transformou-se no time a ser batido. O bi-campeonato em 22 e 23 encerrou um jejum de vinte anos sem back to back e criou expectativas para outra façanha – o tri-campeonato, dada a permanência do elenco.

Infelizmente, a fórmula de sucesso começou a esmorecer. Embora A’ja produza em níveis históricos, a responsabilidade sobre seus ombros está pesada, com queda das demais estrelas de Las Vegas. A armadora e comandante Chelsea Gray retornou de contusão para as olimpíadas, longe da forma física e técnica ideal; Kelsey Plum oscila e sua defesa vem sendo constantemente explorada pelas adversárias; Jackie Young tampouco assumiu o lugar de segunda força, a despeito de seu jogo all around.

Retire essas quatro estrelas e o elenco desaparece. A diretoria e a técnica insistem em manter jogadoras pouco aproveitadas e de prescindir de talentos novos, a serem desenvolvidos. O temor dos torcedores, de que uma contusão colocaria tudo a perder, confirmou-se e o time perdeu o rumo. Apontada com amplo favoritismo, a equipe está situada na quinta posição na tabela, sem sequer mando de quadra na rodada inicial dos playoffs.

As últimas partidas testemunharam mudanças, seja no quinteto titular (Megan Gustafson assumiu no lugar de Kiah Stokes), seja na postura. A’ja vem chutando ainda mais arremessos e chegou a anotar quase metade dos pontos na recente derrota para o Dallas Wings; em algumas situações, o escape funciona, como no lance derradeiro contra o Chicago Sky, em bela movimentação ofensiva desenhada por Becky Hammon.

Em outras, a fórmula de deixar A’ja resolver sozinha não funciona. Contra Dallas, o time tomou a virada no quarto final e ainda teve a chance de empatar. A pivô forçou e errou, selando nova derrota na conta do outrora esquadrão.

O cansaço pesa, vez que quatro titulares não descansaram na parada olímpica. Fato é que o Aces corre contra o tempo para retomar o patamar de dominância e basquete dos anos anteriores. Faltando 10 jogos para encerrar a fase regular, ou muda agora ou verá a temporada escorrer pelo ralo.

Rumo ao topo

Quem assumiu o espaço deixado pelo Aces, e no momento figura como principal concorrente ao título ao lado do New York Liberty, é o Minnesota Lynx. A equipe dirigida por Cheryl Reeve desempenha um grande basquete desde a estreia da temporada e conseguiu se superar após o retorno da parada. O time ainda não perdeu desde então e sua estrela, Napheesa, vem jogando como nunca!

Seu protagonismo não obscurece o esforço coletivo do Lynx. Com exceção da caloura Alissa Pili, todas podem entrar e decidir uma partida, o que demonstra a eficácia da máquina. Mesmo sem uma armadora de ofício, Reeve colhe os louros da contratação de Courtney Williams na offseason; a experiente jogadora manteve seu mortal arremesso de média distância e mantem suas companheiras em ritmo constante. O aproveitamento de Kayla McBride beira os ridículos 42%, em alto volume (7 tentativas por jogo); Allana Smith – outra adição da offseason – encaixou perfeitamente no estilo espaçado e traz muita defesa pro garrafão.

Para deixar o time ainda mais assustador, em uma rara troca durante a temporada, o Lynx incorporou ainda a excelente pivô reserva Myisha Hines-Allen. A equipe ocupa a segunda posição da tabela (23 vitória e 8 derrotas), de onde parece estar firme, e se colocou como principal concorrente ao título. Não custa lembrar que Minnesota já faturou a Comissioner’s Cup este ano, quando venceu justamente o Liberty.

Convém abrir o olho com esse Lynx.

#freethebrazilians

O trio de ferro brasileiro precisa abrir espaço à força em suas equipes. Enquanto o Dallas afunda de vez, com contratações seguidas de dispensas, retorno de contundidas, a técnica Laetricia Trammel opta em manter a pivô Stephanie Soares o máximo de tempo possível esquentando banco. Sequer a temporada perdida comoveu a técnica em busca de mais opções e, no limiar da temporada regular, aparece improvável que Stephanie vá receber chances.

Damiris é outra brasileira que, a despeito de bons desempenhos, recebe módicas e controladas oportunidades pela técnica Christie Sides. Menos mal que seu Indiana Fever ruma com passos decisivos em direção aos playoffs. Cailtin Clark, Kelsy Mtichell e Aliyah Boston entrosaram e o time está voando no momento. Com isso, Damiris, após retornar de lesão durante a temporada, vem recebendo pouco minutos. A ver como será nos playoffs.

Por fim, a caloura Kamilla Cardoso vive seu melhor momento na WNBA. Após perder os jogos iniciais, ela entrou na equipe de forma tímida; tudo mudou após a parada olímpica, quando ela ascendeu com números impressionantes, uma defesa venenosa (chegou a aplicar 5 tocos em cima de A’ja Wilson) e cada vez mais recursos ofensivos. Os duplo-duplos têm se tornado constantes e ela chegou a flertar com um triplo-duplo.

A torcida brasileira, carente de fãs, exige mais e mais minutos e culpa a técnica Teresa Weatherspoon. Concordemos ou não com a gritaria da torcida, fato é que Kamilla vem conquistando o protagonismo de sua equipe, o limitado Chicago Sky, em fase de reconstrução. A cada partida, ela demanda mais a bola e corresponde – nessa trilha, o céu é o limite para a jovem pivô brasileira.

Corta-luz de armadora

No primeiro tweet deste texto, no lance da vitória do Aces sobre o Sky, vimos um corta-luz indireto de Kelsey Plum para liberar o arremesso de A’ja Wilson. Sem esse bloqueio, executado à perfeição, a vitória não viria. As grandes armadoras acham um jeito de contribuir mesmo sem a bola na mão; Sabrina Ionescu é outra dessa categoria e quilate. Ela refinou seus arremessos em floater além de aprimorar sua movimentação sem bola.

Mais um corta-luz de armadora que possibilitou pontos fáceis.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS