Tour de France 2021: Guia das Equipas e Candidatos

Gonçalo MeloJunho 22, 202112min0

Tour de France 2021: Guia das Equipas e Candidatos

Gonçalo MeloJunho 22, 202112min0
Artigo com a análise das equipas e protagonistas da 108ª edição da Volta a França, a mais bela e prestigiante prova de ciclismo.

Arranca no próximo sábado, dia 26, a centésima oitava edição da Volta a França, a rainha de todas as provas do mundo do ciclismo de estrada. 23 equipas, 184 corredores, 4 camisolas em disputa, com a amarela em claro destaque. Estas são as equipas e os protagonistas de mais uma edição do Tour, que termina dia 18 de Julho, em Paris.

UAE- Emirates

A equipa árabe chega ao Tour 2021 com a missão de defender o título conquistado em 2020. Tadej Pogacar, vencedor no ano passado, parte como um dos grandes favoritos à vitória final, ele que este ano já venceu o UAE Tour, o Tirreno Adriático, a Liége-Bastogne-Liége e a Volta à Eslovénia.

Para o ajudar, nomes como Rafal Majka, Davide Formolo, Brandon McNulty, Marc Hirschi ou o nosso Rui Costa, sendo que Hirschi deverá ter alguma liberdade para procurar vitórias de etapa. Vegard Staeke Langen e Mikel Bjerg fecham a equipa.

Jumbo-Visma

Depois da desilusão que foi o Tour 2020, com a derrota estrondosa de Primoz Roglic no contra relógio final, a turma holandesa da Jumbo-Visma volta a terras gaulesas com o mesmo objetivo, e com o mesmo líder. Roglic tem tido um 2021 menos preenchido do que o ano passado, talvez com o objetivo de ir subindo de forma ao longo das três semanas do Tour, ele que este ano já conseguiu vencer a Volta ao País Basco.

Para tentar evitar novo fracasso, Roglic contará com um bloco fortíssimo composto por Steven Kruisjwijk, Sepp Kuss, Robert Gesink, Jonas Vingegaard ou Tony Martin, não esquecendo um dos grandes favoritos à camisola verde, o todo o terreno Wout Van Aert.

INEOS Grenadiers

Provavelmente a formação mais completa e versátil em prova. Richard Carapaz parece ser o elemento mais capaz de lutar pela vitória, depois de uma prestação brilhante na Volta à Suíça, mas Richie Porte, vencedor do Criterium du Dauphiné, e Geraint Thomas, vencedor da Volta à Romandia, serão também fortes candidatos (o australiano e o galês têm a vantagem de serem mais fortes que o equatoriano no contra-relógio).

Tao Geoghegan Hart, vencedor do Giro 2020, não pode ser posto de parte, numa equipa que ainda conta com nomes como Michal Kwiatkowski ou Jonathan Castroviejo.

Astana Premier-Tech

A equipa cazaque raramente deixa passar um Tour sem carimbar pelo menos uma vitória em etapa, e este ano não deverá ser diferente. Sem um candidato definido à geral, apesar de ser muito possível vermos Jakob Fuglsang na luta pelo top 10, pois parece estar em boa forma, os cazaques deverão ir à caça de etapas com vários nomes de topo.

Para além do experiente dinamarquês, o campeão cazaque Alexsey Lutsenko é uma ameaça enorme em etapas de média montanha, à semelhança do duo espanhol formado por Ion Izaguirre e Omar Fraille, recentemente coroados campeões espanhois de contra-relógio e estrada, respetivamente. Não esquecer ainda o jovem Alex Aramburu, fortíssimo em chegadas ao sprint em grupos reduzidos.

Cofidis

Umas das muitas equipas francesas a correr em casa, a Cofidis tem como principal objetivo permitir ao seu líder, Guillaume Martin, estar com os melhores na alta montanha e lutar pelo top 10. O contra-relógio é um grande handicap do francês, pelo que precisará de grande ajuda do seu bloco para ganhar tempo na montanha.

Jesus Herrada, Simon Geschke, Rúben Fernández e Anthony Pérez serão os grandes apoios de Martin, com as chegadas rápidas a ficarem entregues a Christophe Laporte.

Trek-Segafredo

A equipa norte-americana parte para este Tour numa situação semelhante à Astana. Os seus líderes mais conceituados, Vincenzo Nibali e Bauke Mollema vêm de 3 desgastantes semanas no Giro, pelo que uma candidatura de ambos à classificação geral deverá ser posta de parte.

Em vez disso, os dois experientes ciclistas deverão andar durante 3 semanas à caça de etapas montanhosas, com a ajuda dos franceses Kenny Elissonde e Julian Bernard, e do campeão letão Tom Skujins. Para as chegadas rápidas, a Trek conta com o campeão do mundo de 2019 Mads Pedersen, e com o vencedor da Milano Sanremo deste ano, Jasper Stuyven.

Qhubeka-Assos

Uma das equipas mais fracas, em teoria, deste Tour. Alguns dos nomes mais conhecidos da equipa ficaram de fora, no entanto Sergio Henao e Simon Clarke poderão ser candidatos a caçar etapas, não esquecendo ainda o belga Victor Campenaerts para os dois contra-relógios individuais.

Bike Exchange

A equipa australiana promete agitar este Tour em vários tipos de terreno. Esteban Chaves parte como líder da equipa para a classificação geral, com Lucas Hamilton como braço direito. Simon Yates vem para vencer etapas, e dificilmente o britânico não será bem sucedido, depois de terminar o Giro no pódio.

O experiente Michael Mathews, lançado por Luka Mezgec e Amund Grandahl Jansen, tentará discutir etapas ao sprint e estar na luta pela camisola verde.

Bahrain-Victorious

A equipa da Bahrain não conta com a sua principal figura, Mikel Landa, que ainda recupera da queda que sofreu no Giro, pelo que há curiosidade para perceber se será Jack Haig ou Wout Poels a terem o papel de líder dentro da equipa (Pello Bilbao deve vir desgastado do Giro).

Dylan Teuns e Matej Mohoric são outros nomes fortes da equipa, capazes de se destacarem, não esquecendo ainda o recém-coroado campeão italiano Sonny Colbrelli. A atravessar grande momento de forma, Colbrelli pode ser uma ameaça na luta pela camisola verde.

Ag2r Citroen

Mudança de paradigma na equipa francesa. Com as saídas de Bardet e Latour, a equipa foca-se agora na conquista de etapas.

Para o conseguir, terá em estradas francesas um lote de enormes ciclistas capazes de vencer em vários terrenos, como Greg Van Avermaet, Benoit Cosnefroy, Aurélien Pauret-Peintre, Ben O´Connor ou Oliver Naesen.

Movistar

A única equipa espanhola do World Tour já nos habituou a grandes equipas no Tour, pelo menos no papel. No entanto, a quantidade de “líderes” dentro da equipa com o mesmo estatuto tem dado problemas à turma de Eusebio Unzué.

Este ano a equipa volta a trazer todas as “trutas” para as estradas francesas, com Miguel Ángel López, Enric Mas, o eterno quarentão Alejandro Valverde e Marc Soler na equipa (Carlos Verona e Imanol Erviti são outros dois “clássicos” da equipa).

López e Mas parecem ter a responsabilidade maior na luta pelo top 5, mas o facto de ambos terem o mesmo objetivo pode dar asas a um duelo interno a lembrar os protagonizados por Quitana e Landa em 2018 e 2019.

Bora Hansgrohe

A equipa alemã é uma das equipas em prova que vai jogar em duas frentes. Primeiro, tem o claro objetivo de recuperar a camisola verde perdida no ano passado para Sam Bennett da Deceunick, pelo que a estrela Peter Sagan chega ao Tour bem acompanhado pelos lançadores e escudeiros Daniel Oss, Lukas Postlberger e Ide Schelling, não esquecendo ainda o polivalente Nils Politt.

Na classificação geral, o reforço para este ano, Wilco Kelderman, será o principal nome, pois o holandês anda com os melhores na montanha e anda muito bem nos contra-relógios. Emmanuel Buchman e Patrick Konrad serão os seus escudeiros na montanha.

Lotto Soudal

A equipa belga traz uma formação em redor do seu grande nome, o pequenino, mas grande sprinter australiano Caleb Ewan, que dificilmente sairá de França sem pelo menos uma etapa. Roger Kluge e Jasper De Buyst são o comboio oleado da Lotto, ao qual se junta Tosh Van der Sande.

Os experientíssimos Thomas De Gendt e Philippe Gilbert andarão constantemente em fugas à procura de saírem vitoriosos.

Deceunick Quick-Step

A formação com mais vitórias do World Tour nos últimos anos, chega a mais um Tour com o mesmo objetivo dos últimos anos. Vencer etapas, e tentar chegar à camisola amarela com a principal figura, Julian Alaphilippe. As duas primeiras etapas são do agrado do campeão do mundo, e será muito provável que “Loulou” seja o primeiro líder deste Tour.

Na equipa belga, destaque para a ausência do melhor sprinter da atualidade Sam Bennett, que é substituído nas chegadas rápidas pelo veterano Mark Cavendish e pelo italiano David Ballerini, lançados pelo experiente Michael Morkov. Kasper Asgreen, campeão de contra-relógio da Dinamarca e vencedor da Volta à Flandres, é outro nome sonante da equipa.

Education First-Nippo

A segunda equipa norte-americana do World Tour, que chega com legítimas aspirações de lutar por um bom lugar na geral, com um Rigoberto Urán em grande forma, a fazer lembrar o Urán de 2017.

A equipa parece curta para a montanha, onde Sergio Higuita, Neilson Powless e o nosso Rúben Guerreiro terão de estar em grande, com Stefan Bissegger a apontar aos contra-relógios e Magnus Court às chegadas rápidas com alguma inclinação.

Groupama-FDJ

A turma francesa parte para o Tour com objetivos semelhantes à Bora. Estar bem na classificação geral, com David Gaudu a alimentar a esperança de milhões de franceses, que esperam ver um compatriota novamente na luta pelos lugares cimeiros da classificação.

Arnaud Démare parte com o objetivo de lutar pela camisola verde e vencer etapas ao sprint, contanto com a ajuda do seu lançador predileto Jacopo Guarnieri, e dos rápidos roladores Ignatas Konovalovas e Miles Scotson, não esquecendo o campeão da europa de contra relógio, a locomotiva Stefan Kung. Valentin Madouas e Bruno Armirail serão os apoios de Gaudu na montanha.

Intermaché Wanty-Goubert

Ano de estreia como equipa World Tour, a turma belga traz uma equipa versátil para este Tour. Louis Meintjes, Jan Bakelants e Lorenzo Rota poderão ser nomes presentes em algumas fugas em etapas montanhosas.

Os alemães Jonas Koch e Georg Zimmerman, juntamente com Boy Van Poppel, serão os lançadores do melhor sprinter da equipa, Danny Van Poppel, que tentará estar com os melhores nas etapas que terminem ao sprint.

Israel Start-Up Nation

A turma israelita esperava ter como líder neste Tour a lenda Chris Froome. No entanto, o britânico tarda em mostrar índices físicos que lhe permitam assumir esse papel.

Ainda assim, o britânico estará no apoio direto ao líder Michael Woods, juntamente com os também experientes Dan Martin e Reto Hollenstein. Rick Zabel e o veterano Andre Greipel serão os sprinters da equipa.

DSM

A segunda equipa alemã em prova, chega a este Tour com uma equipa e abordagem semelhantes às de 2020. Sem um elemento para lutar pela geral, serão as etapas o grande objetivo da antiga Sunweb.

Cees Bol é o melhor sprinter da equipa, com Nils Eekhoff, Jasha Sutterlin e Joris Nieuwenhuis a formarem o seu bloco de lançadores. Tiejs Benoot, Soren Kragh Andersen e Casper Pedersen irão procurer vencer etapas noutro tipo de terrenos.

Alpecin Fenix

A primeira dos 4 conjuntos pro-continentais em prova, a equipa do fenómeno Mathieu Van der Poel. O holandês vai estrear-se em grandes voltas, e para além de querer certamente brilhar e vencer etapas, deverá ter em mente a camisola verde.

Curiosidade para perceber qual a abordagem nas chegadas ao sprint, pois Van der Poel não é um sprinter puro, ao contrário de Tim Merlier e Jasper Philipsen. Xandro Meurisse tentará não deixar fugir pelo menos um top 20, enquanto Petr Vakoc e Silvan Dillier tentarão picar o ponto em algumas fugas.

Arkea Sámsic

Mais uma equipa francesa, a Arkéa tem um elenco ao nível de muitas equipas World Tour, e chega a este Tour com objetivo de deixar a sua posição vincada. A equipa nunca venceu uma etapa no Tour, conseguiu esse feito apenas no Paris-Nice, pelo que este ano candidata-se a essa conquista com um Warren Barguil focado nas fugas e nas vitórias de etapa.

Nairo Quintana tentará a sua chance na luta pelo top 10, apesar de parecer serem curtos os gregários para a montanha. Nacer Bouhanni vai tentar vencer uma etapa a sprintar, para juntar às 6 que já conquistou no Giro e na Vuelta. Conor Swift e Dan McLay serão os seus lançadores.

TotalEnergies

Mais uma equipa francesa, a 5ª em prova, que recentemente mudou de nome, de Total Direct Enérgie para TotalEnergies. Liderada por Pierre Latour, a equipa contará com os espanhois Victor de La Parte e Cristian Rodríguez para trabalhar na montanha.

O experiente Edvald Boassen Hagen, Anthony Turgis e Julien Simon prometem tentar lutar por etapas e tentar entrar em algumas chegadas mais rápidas.

B%B Hotels

Por fim, a equipa com o plantel mais curto em prova. De entre os 8 elementos da equipa para este Tour, destaque para o experiente Pierre Roland, que na alta montanha pode sempre render, e para o sprinter Bryan Coquard, ainda à procura de glória na Grand Boucle.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS