Boletim WNBA 2024: o início da temporada

Lucas PachecoMaio 23, 20246min0

Boletim WNBA 2024: o início da temporada

Lucas PachecoMaio 23, 20246min0
Lucas Pacheco traz-te o melhor da WNBA 2024 com um boletim informativo dos principais destaques, jogadoras e jogos

A espera chegou ao fim e, enfim, teve largada a temporada WNBA 2024. Após o incremento de audiência no torneio universitário, somado à maior cobertura do basquete feminino, as expectativas cresceram e a liga encontra-se em fase ascendente. Embora buscasse um crescimento gradativo e sustentável, o boom trouxe oportunidades únicas; significativo, por exemplo, o anúncio de frete de aviões para transportar as equipes, reivindicação antiga das jogadoras finalmente atendida.

Se fora das quadras os ventos sopram favoráveis, a primeira semana de basquete da temporada confirmou o ranking de forças previsto, com Las Vegas Aces (em busca de um histórico tri-campeonato consecutivo) e New York Liberty (ainda sem título apesar de ser das poucas franquias originais da liga) a frente das demais. O confronto direto é um capítulo a parte e deve impactar a definição das primeiras posições da temporada regular – além do mando de quadra em uma provável final.

As espinhas dorsais dos elencos permanecem iguais, com alterações nas margens, nos bancos. A terceira força da competição, Connecticut Sun, sofreu maiores perdas, repostas por jogadoras do banco, em franco crescimento. Somente uma hecatombe tiraria as três franquias do topo da tabela. A disputa esquenta pelo posto de quarta força e candidata a bater o trio de ferro. O Dallas Wings (da pivô caloura brasileira Stephanie Soares), semi-finalista em 2023, não contará com sua principal estrela (Satou Sabally) na primeira parte da temporada e, para piorar, Natasha Howard sofreu uma contusão na semana inicial e desfalcará a equipe por um bom período.

Minnesota Lynx x Seattle Storm

Duas aspirantes à posição duelaram nas rodadas iniciais, cada uma com um mando de quadra. Na abertura, o reformulado Storm recebeu o Lynx e, a despeito de seu desentrosamento, manteve um jogo equilibrado até o quarto derradeiro, quando as visitantes ampliaram a vantagem e decretaram a vitória por 83 x 70.

Seattle trouxe duas estrelas da liga – a armadora Skylar Diggins-Smith e a pivô Nneka Ogwumike – formando um poderoso trio com a ala Jewell Loyd, remanescente das conquistas recentes. Elas devem conduzir a equipe e precisarão de tempo para encaixar o jogo. Na estreia, vimos flashes de onde o time pode chegar; a técnica Noelle Quinn deu liberdade para seu trio, que não hesitou em jogos em duplas e arremessos a partir do drible. Como é normal para um elenco em formação, recém juntado, a equipe oscilou e contou com noites pouco inspiradas de Loyd (3/19) e Diggins-Smith (4/13).

A outra estreante pontuou bem (20 pontos), além da liderança no aspecto defensivo. Nneka esteve em todas as partes, cobrindo as constantes dobras na bola (indicativo da proposta tática do Storm) e correndo para recuperar o lado contrário. Jogar ao lado de Ezi Magbegor, conhecida pela forte defesa, fruto do combo envergadura e mobilidade lateral, ajuda, assim como da segundo-anista Jordan Horston. Ambas, porém, precisarão de maior produção ofensiva se o Storm almeja alçar vôos maiores; o restante do elenco ainda parece tímido e com peças de reposição bem inferiores às titulares.

Já o Lynx mostrou um esquema ofensivo mais dinâmico, com mais movimentações coletivas, mais entrosado. Napheesa Collier e Kayla McBride, companheiras na temporada européia recém finalizada, receberam o reforço da experiente Courtney Williams (alçada a condutora principal da bola) e da excelente pivô australiana Alanna Smith. Boas defensoras, sabedoras de seus papéis em quadra, capazes de converter arremessos difíceis, sob comando da excepcional técnica Cheryl Reeve. A receita para o sucesso está pronta.

O calendário propicia “pequenos playoffs” durante a temporada regular; no segundo duelo entre Lynx e Storm, três dias após a estreia, foi possível verificar ajustes táticos e desenvolvimento técnico das jogadoras. Seattle utilizou menos dobras na bola, alternando com trocas, e dificultou a leitura do Lynx; no ataque, seguiu dando liberdade a suas chutadoras, mais atento porém ao lado contrário. Novamente, o aproveitamento de quadra das armadoras do Storm foi baixo – o que não impediu um final eletrizante. Após controlar o placar por 39 minutos, MInnesota permitiu o empate de Seattle, levando a partida à prorrogação.

A duas prorrogações, a bem da verdade. Sem dúvida, a melhor partida da primeira semana da temporada. Napheesa estourou nas prorrogações e levou seu time à vitória, por 102 x 93, fechando com 29 pontos, 9 rebotes, 5 assistências e 6 roubos – se mantover o ritmo, brigará pelo troféu de MVP. A armação, calcanhar de aquiles de Minnesota desde a aposentadoria de Lindsay Whalen, ganhou estabilidade com Williams e com a reserva Natisha Hiedeman; ainda que falte uma armadora de primeira escalão (o que elevaria o time a candidato a título), elas demonstraram compostura.

Ajudou a exclusão de Loyd e a contusão de Ogwumike, obrigando o Storm a fechar o jogo com somente Skylar Diggins-Smith do seu portentoso trio. Nneka permaneceu fora nas  duas partidas seguintes  – Jewell Loyd e Diggins-Smith não melhoraram o aproveitamento.

Com muita água para correr sob esta ponte, ambas as franquias devem evoluir. Seattle precisará encaixar as demais peças ao redor de suas estrelas e as coadjuvantes necessitam contribuir nos dois lados da quadra. Minnesota começou com o pé direito e não teve mais partidas, com tempo para treino. A pivô húngara Dorka Juhasz deve incorporar-se à equipe nos próximos dias, ampliando a rotação do garrafão (um ponto fraco nos duelos contra Seattle).

O Lynx largou na frente na disputa pela quarta posição da tabela. O Phoenix Mercury corre por fora, com elenco estrelado que causa dúvidas quanto ao encaixe e à proposta tática de seu técnico novato (Nate Tibbetts).

Começou

A dupla Caitlin Clark e Aliyah Boston acumula 4 derrotas, contra Connecticut Sun e New York Liberty. Motivo algum para se apavorar: um elenco novo que precisará de tempo para se adaptar umas às outras, além do nível de fisicalidade muito superior sofrido por Clark. Aos poucos, começamos a perceber o que essa dupla poderá causar nos próximos anos da WNBA.


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