As 5 principais transferências do Ciclismo Mundial para 2024

Gonçalo MeloJaneiro 1, 20247min0

As 5 principais transferências do Ciclismo Mundial para 2024

Gonçalo MeloJaneiro 1, 20247min0
Gonçalo Melo escolhe as 5 principais transferências do Ciclismo mundial para este novo ano com destaque para Mikel Landa

Tao Geoghegan Hart, da INEOS para a Lidl Trek

A transferência do ciclista britânico Tao Geoghegan Hart da Ineos Grenadiers para a Lidl-Trek foi um dos rumores mais fortes e agosto ciclismo e foi confirmada pela equipa americana ainda durante o verão. É o fim dos sete anos de Geoghegan Hart na Ineos, a equipa com a qual conquistou a camisola rosa no Giro d’Italia de 2020. A temporada de Geoghegan Hart em 2023 foi interrompida quando britânico caiu no Giro deste ano, fracturando a anca (numa altura em que se perfilava como um dos grandes candidatos à vitória). A sua mudança para a Lidl-Trek significa um novo começo para o atleta de 28 anos que tem lutado para cumprir as expectativas que criou quando ganhou a camisola rosa há três anos.

Antes de assinar com os Ineos Grenadiers, Geoghegan Hart passou três temporadas com a equipa de desenvolvimento americana Axeon Hagens Berman, onde trabalhou com marcas como a Trek e a SRAM (o ciclista britânico referiu o seu entusiasmo por estar de volta a uma equipa com estes parceiros ao anunciar a sua assinatura com a Lidl-Trek)

Geoghegan Hart também referiu que o facto de a Lidl-Trek ter uma equipa feminina foi outro atrativo para optar pela equipa americana. O potencial de Geoghegan Hart está  um pouco inexplorado, tendo provado no início da época de 2023 que é um dos melhores ciclistas do mundo em provas por etapas e, se conseguir recuperar bem da lesão que o afeta, será um dos às grandes voltas do próximo ano.

Mikel Landa, da Bahrain Victorious para a Quick Step

Talvez uma das mudanças mais inesperadas para 2024 seja a de Mikel Landa para a Soudal – Quick-Step. O trepador espanhol teve um ano sólido em 2023, com vários resultados entre os cinco primeiros em provas de uma semana, incluindo um segundo lugar atrás de Jonas Vingegaard no pais Basco. O seu terceiro lugar na La Flèche Wallonne também realçou a versatilidade de Landa como ciclista e provou que ainda está na luta para estar no topo das corridas do World Tour. Num desporto em que os melhores ciclistas parecem ser cada vez mais jovens, aos 34 anos, Landa parece estar a aproximar-se do crepúsculo da sua carreira e a sua mudança para a Soudal – Quick-Step pode ser vista como um exemplo disso, assumindo cada vez mais um papel secundário na sombra de Evenepoel.

O principal ciclista da Quick-Step, tem falado sobre a necessidade de a sua equipa mudar aspectos da sua abordagem às Grandes Voltas, se quiser competir com equipas como a Jumbo-Visma e a UAE Team Emirates. Um dos factores-chave para a Soudal – Quick-Step melhorar as suas prestações em grandes voltas, de acordo com Evenepoel, é construir uma equipa mais forte de trepadores à sua volta. É aqui que entra a contratação de Landa; o experiente ciclista espanhol será um trunfo para Evenepoel nas montanhas e deverá ser fundamental para garantir que o belga se mantém capaz de lutar com os ET´s Pogacar e Vingegaard.

Fabio Jakobsen, da Quick-Step para a Team DSM

Com a Quick-Step a ter uma clara mudança de objetivos, no sentido de se concentrar na classificação geral em corridas como a Volta a França, faz sentido que sprinters de topo como Fabio Jakobsen procurem outras paragens. Jakobsen faz parte da equipa belga desde que se tornou profissional em 2018, e a Quick-Step apoiou-o na recuperação do seu acidente marcante e assustador na Volta à Polónia em 2020, que levou a um regresso espetacular, que incluiu uma vitória de etapa do Tour em 2022.

No entanto, Jakobsen teve na Volta a França de 2023 novo momento negro, abandonando a corrida na quarta etapa após uma queda no dia anterior numa agitada etapa de sprint.

Com a Quick-Step a concentrar os seus recursos agora mais limitados em Remco Evenepoel, Jakobsen precisava de uma equipa que o apoiasse totalmente na tentativa de voltar a vencer etapas do Tour, ele que em forma é o sprinter que melhor poderá ameaçar o dominio de Jasper Phillipsen nas chegadas rápidas.

A Team DSM poderá certamente ser a equipa que ajudará Jakobsen a regressar a essas vitórias. A equipa holandesa tem um historial de sucesso nos sprinst, que remonta à época em que Marcel Kittel ganhou nove etapas da Volta a França com a equipa (então com a Shimano como patrocinador principal).

Matteo Jorgenson, da Movistar para a Team Visma

Matteo Jorgenson protagonizou um dos episodios mais caricatos da época, quando noticiou que havia realizado um estágio em altitude sem qualquer apoio da Movistar, algo que levou logo a pensar que a relação com a equipa espanhol já não era a melhor.

Jorgenson é um ciclista que tem vindo a ganhar fama nas últimas duas épocas, em grande parte devido ao seu estilo de ataque em terrenos difíceis, que exibiu na Volta a França de 2022. A sua primeira vitória na classificação geral no Tour de Omã, no início de 2023, foi a confirmação do potencial de Jorgenson e a sua versatilidade foi provavelmente o que também chamou a atenção da Jumbo-Visma.

Enquanto o ciclista americano pode subir excecionalmente bem, como demonstrou no Tour e no Paris-Nice este ano, pode tambem ser muito útil nas corridas de um dia, terminando em quarto lugar no E3 Saxo Classic este ano, e garantindo um top-10 no Tour de Flandres.

A mudança de Jorgenson para a Jumbo-Visma é benéfica para ambas as partes: a equipa assegura um jovem talento versátil, ambicioso e potente, enquanto Jorgenson irá, à priori, receber o apoio e a cultura de vitoria que deseja da equipa holandesa, podendo ser um elemento fundamental no bloco de montanha das grandes voltas, como também um perigo nas provas de um dia.

Primoz Roglic, Team Visma para a Bora Hansgrohe

Não há muito mais a dizer sobre o esloveno de 34 anos. A idade já é algo elevada, e não há muito mais tempo para conseguir o grande objetivo de carreira: Vencer o Tour.

Roglic sentiu o cheiro da vitoria em 2020, mas o jovem irreverente Pogacar tirou-lhe o pão da boca no ultimo suspiro.

Com o aparecimento de Jonas Vingegaard, Roglic sentiu que as oportunidades de liderar a equipa no Tour provavelmente não iam existir mais. Foi aí que apareceu a Bora.

Com um bloco de montanha forte, composto por nomes por Hindley, Vlasov, Buchmann, Kamna ou o reforço Daniel Martinez, Roglic acredita ter condições de se bater com Pogacar e Vingegaard nas estradas francesas.

O esloveno é, dos três elementos, o mais explosivo, pelo que se se conseguir manter colado aos adversários nas etapas mais longas e montanhosas, poderá fazer o que mais gosta, sprintar pelas bonificações.

Terá a Bora estrutura para se bater com as super equipas da Visma e da Emirates? Terá o trintão Roglic a força e a capacidade para ainda se bater com os extra terrestres Pogacar e Vingegaard? Será Roglic capaz de hipotecar outras provas onde se dá particularmente bem, para focar a sua preparação no Tour, em ano de Jogos Olimpicos? Teremos de estar atentos à estrada para o saber.

O que sabemos de antemão é que teremos um dos Tours de France mais aguardados dos ultimos anos, com Pogacar, Vingegaard, Roglic e Evenepoel a gladiarem-se pela vitória (seria épico se Bernal conseguisse voltar ao seu melhor nível também).


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS