“Transferências” na formação: um problema que condiciona o andebol
Um dos temas mais falados entre os clubes que se dedicam à formação, e não só, é sobre as transferências na formação que ocorrem todas as épocas.
Todos os anos assistimos a um verdadeiro “autocarro” de jogadores a chegar aos clubes “grandes” em todos os escalões. As consequências várias vezes são muito complicadas de gerir para os clubes que perdem esses jogadores. Além da queda abrupta da qualidade dessas equipas, em alguns casos, quando são vários jogadores, a sobrevivência do escalão em questão, no clube de origem pode ser posta em causa. Estas transferências poderiam fazer sentido – e algumas talvez façam – se esses jogadores forem para os clubes grandes para jogar bastante tempo e continuar assim a sua evolução. No entanto, em muitos casos, infelizmente, isso não acontece, o que vemos é atletas que pouco participam no jogo, dado o elevado número de atletas nesse clube.
Então surgem questões como: Não seria mais vantajoso para todos esses atletas ficarem nos seus clubes, em contínua evolução, e a dar mais qualidade à competição?
Neste momento não existe nenhuma lei ou regra que impeça os jogadores de mudarem de clube, ou que traga qualquer tipo de compensação monetária. Esta situação potencia autênticas debandadas nos clubes de formação em cada final de época. Na minha opinião poderiam existir duas formas de minimizar/resolver este problema. Uma seria a compensação financeira por cada ano de inscrição do atleta no clube (como já ocorreu no passado), o que obrigaria os clubes grandes a racionalizar mais quem iam buscar. Outra, a que faz mais sentido na minha opinião, era limitar o número de transferências por escalão. Isso obrigaria os clubes grandes a escolher aqueles quem realmente lhes interessa e, ao mesmo tempo, a trabalharem os seus jogadores com mais interesse.
Estas medidas não tem como objetivo impedir os clubes “grandes” de ir buscar novos atletas, o objetivo é obrigar os clubes a escolherem quem realmente interessa, e com isso, manter ou aumentar o nível da competição.
Alguns treinadores defendem que os ditos “grandes” só deveriam ter escalões acima de juniores, inclusive, e deixar os escalões de formação para os outros clubes – eu pessoalmente não concordo muito, acho que poderia retirar algum “brilho” às competições.
Se queremos o andebol mais competitivo não podemos continuar a olhar apenas para o nosso “quintal”, nem os clubes de formação podem querer reter os melhores jogadores só para não perderem qualidade nesse escalão, nem os clubes grandes podem ir buscar “tudo o que mexe”. O que temos de colocar na mesa é o jogador, o que é o melhor para ele evoluir. Saber perceber se no clube de formação tem condições para evoluir mais do que se ele mudar de clube, e os clubes grandes verem se ele tem qualidade para entrar na equipa e ter uma evolução que satisfaça o atleta. Se queremos uma modalidade cada vez mais forte, temos de começar a olhar mais para o atleta, são eles as “estrelas”, são eles o futuro.
Do campeonato às competições europeias, @bgalante01 relembra o que se passou nesta temporada para o andebol português#Andebolhttps://t.co/4XZfQ8lNQo
— Fair Play (@FairPlaypt) June 18, 2022