Qual o melhor modelo competitivo para o Campeonato Placard Andebol 1?
Artigo de Norberto Cordeiro dedicado ao futuro do Campeonato de Andebol 1
Para este primeiro artigo decidi escrever sobre o modelo competitivo praticado no Campeonato Placard Andebol 1. Penso que é opinião unânime que o campeonato com 16 equipas retira qualidade e competitividade, tornando a época demasiado desgastante para as equipas, principalmente para aquelas que disputam competições europeias e/ou tenham no seu plantel jogadores internacionais.
Na próxima época vai ocorrer uma redução para 14 equipas, mas mantendo o modelo competitivo em vigor – todos contra todos a duas voltas. Na minha opinião, o modelo que se pratica não é o melhor para a nossa realidade. Se queremos mais jogos de qualidade temos de colocar mais vezes frente a frente as melhores equipas. Nesse sentido, sou um defensor do modelo em Play-Off, usado por praticamente todos os desportos de pavilhão.
Para isso, parece-me favorável a redução do número de equipas no campeonato para 12 – pois não temos dimensão económica para ter mais que 12 equipas – e fazer uma 1ª fase em sistema TXT a duas voltas, para definir as 8 equipas que disputariam o título nacional e as restantes lutariam pela permanência no principal escalão, num modelo de TxT a duas voltas entre si. Acredito que este formato de Play-Off só traz vantagens: mais público nos pavilhões, sobe muito o nível da competição – porque coloca as melhores equipas a defrontarem-se mais vezes – e também torna o vencedor mais justo.
Na última vez que a Federação de Andebol de Portugal aplicou este modelo – entre 2014 e 2016 – assistimos a finais com jogos emocionantes e com pavilhões cheios todas as semanas. Este modelo é muito mais “vendável” e estamos no momento certo para o fazer – aproveitando as excelentes campanhas internacionais que a nossa seleção tem feito – e, com isso, podemos passar uma imagem forte aos jovens que podem ser os futuros craques da nossa modalidade.
Podemos fundamentar esta opinião olhando para campeonatos com diferença na qualidade entre plantéis, idêntico ao que acontece em Portugal. Claramente que todos queríamos poder comparar com Alemanha, França ou Espanha, mas a nossa realidade não nos permite fazê-lo, pois financeiramente não temos o mesmo poder e, por isso, não conseguimos ter um número de equipas suficiente de qualidade equiparada que promovam um campeonato competitivo, com incerteza jornada após jornada.
Portanto devemos olhar para campeonatos como o dinamarquês, o norueguês ou o húngaro que, tal como nós, apesar de terem equipas nível top europeu – Aalborg Handbold, Elverum, Telekom Veszprém ou Pick Szeged – têm equipas que num formato TxT tornavam o campeonato maçador durante praticamente toda a época. Por exemplo na Hungria, por esta altura teríamos um Veszprém prestes a sagrar-se campeão mas na verdade ainda terá uma final, à melhor de 3, certamente frente ao Pick Szeged, de onde sairá o Campeão em jogos que, todos eles, serão um espetáculo e isso é a maior promoção que a nossa modalidade pode ter.
Além do formato competitivo e pensando no futuro da modalidade, seria também importante, na minha opinião, limitar o número de atletas estrangeiros por equipa. Neste momento verificamos que existem vários estrangeiros de um nível baixo em algumas equipas, retirando por isso espaço para o aparecimento de jovens talentos portugueses. Não falo de aparecimentos fugazes de jovens em jogos desequilibrados, mas sim com o intuito de fazerem parte do plantel durante toda a época, de forma a potenciar o seu crescimento individual. Temos que proteger mais o jogador português, criando condições para o seu crescimento.