Adeus da Honda à Fórmula 1: de desastre a Campeões do Mundo
A Honda vai sair, outra vez, da F1, e com a chave de ouro de ter ajudado Max Verstappen a atingir o título de Campeão do Mundo, o primeiro para os japoneses, desde 1991 com Ayrton Senna.
Com esta saída, dá para fazer uma retrospetiva a como correu a aventura híbrida dos nipónicos, ver o que correu mal e o que correu bem aos longos dos sete anos.
Quando foi anunciado que a McLaren iria se juntar à Honda em 2015, para o regresso de uma das parcerias mais bem-sucedidas da história da f1, toda a gente assumiu que a fórmula de sucesso poderia ser replicada. A última vez que tínhamos tido a McLaren-Honda a combinação de sucesso venceu 44 de 80 corridas entre 1988 e 1992, só não vencendo qualquer título no último ano.
Por isso em 2015 a expectativa era enorme. Durante o ano de 2014, antes da entrada já circulavam rumores de que a Honda teria um projeto ganhador, quando o então CEO, Ron Dennis disse que o motor nipónico era uma “joia”.
Só que o problema é que no meio disso tudo é que a Honda foi persuadida a entrar um ano mais cedo do que previsto. Isso para a McLaren implementar um conceito de tamanho “size zero”, pedindo para fazer uma unidade motriz o mais compacta possível.
Isso trouxe consequências para a fiabilidade e performance do motor. O motor elétrico não tinha suficiente para uma volta inteira e a fiabilidade de toda unidade deixava muito a desejar.
No ano seguinte, em 2016, as coisas pareciam ligeiramente melhores, mas ainda assim faltava potência, o que levou a Honda a pensar em alterar tudo para 2017, o que na altura trouxe resultados desastrosos para a equipa.
Os maus resultados levaram ao divórcio entre as marcas, depois de três anos frustrantes onde nem um único pódio foi alcançado. A McLaren decidiu apostar no motor da Renault, enquanto desejava voltar para a Mercedes.
Para não perder a Honda da F1 foi feito um acordo e a Honda aceitou ficar com a Toro Rosso, com Franz Tost a acreditar que eventualmente o motor japonês seria competitivo.
Na Toro Rosso a abordagem da Honda seria muito diferente. Ao contrário do que aconteceu na McLaren, Tost não estabeleceu objetivos nem fez exigências, pedindo apenas para a Honda ser criativa.
Ao início a fiabilidade ainda não foi a melhor, mas os resultados foram bem promissores, ao ponto de se confirmar de que a “equipa mãe” também iria adotar os motores nipónicos.
A primeira vitória veio logo em 2019 com a Red Bull, na Austria, e até se tornou o primeiro motor da era híbrida a conseguir vencer com dias equipas diferentes, ao vencer em Monza com a agora AlphaTauri em Monza em 2020.
Mas o melhor estava guardado para o fim. Apesar de já saberem que 2021 seria a última época na F1, a Honda decidiu arriscar e fazer uma aposta forte no desenvolvimento dos motores, algo que só tinham internamente planeado para 2022.
Na verdade, a Honda conseguiu implementar, finalmente, a versão que tinha originalmente para a McLaren em 2015, um motor pequeno e compacto. Além disso também introduziram aquilo que se acredita como sendo o motor elétrico mais eficiente no paddock.
No final lá veio a recompensa tão desejada, fiabilidade, melhor ainda que a Mercedes, e muita, muita potência. O motor Honda foi uma das peças chaves para Verstappen chegar ao título de Campeão do Mundo. E muito se deve à fantástica relação de trabalho que os japoneses desenvolveram com ambas as equipas da Red Bull.
É pena a Honda partir oficialmente da F1, mas desta vez sai por cima, com um título no bolso e sabendo que cumpriram umas das missões mais difíceis da F1.