2019, um ano de basquetebol em revista
Findado o ano de 2019, fazemos uma revista a tudo o que se passou num dos anos mais surpreendentes do basquetebol a nível mundial, onde as quedas de “supremacias” foram claramente o destaque. Do titulo histórico dos Toronto Raptors, ate a pior prestação de sempre de uma selecção norte americana numa competição de soluções, aqui ficam as nossas escolhas para este ano que terminou… e para o que há de vir!
Top 5 Jogadores
Giannis Antetokounmpo
O “Greek Freak” solidificou-se como o melhor jogador da NBA actualmente ao receber o MVP da fase regular da competição. O talento europeu abunda na melhor liga do mundo e o potencial que os Milwaulkee Bucks viram ao draftar um jovem praticamente desconhecido parece estar a dar frutos já que o, ainda jovem, grego demonstra um nível altíssimo nos dois lados do campo projectando a sua equipa para um grupo de elite onde se crê que podem lutar pelo título da associação, num ano em que a competição parece mais aberta.
Luka Doncic
Se ainda duvidas existiam que o esloveno será o futuro da NBA, 2019 foi o ano em que Luka Doncic cimentou-se como um dos melhores jogadores da Liga com apenas 20 anos. A sua capacidade ofensiva individual mas sobretudo o que cria para o seu conjunto tem sido improcedente para um jovem que apenas se encontra no segundo ano da Liga depois de ter vencido o prémio de Rookie of the Year. Os Dallas Mavericks vão onde Doncic os quiser levar, sendo que a chegada de Kristaps Porzingis foi uma enorme ajuda para a franchise de Mark Cuban que tenta voltar a ribalta das ultimas rondas de playoff.
Shane Larkin
O americano tomou um risco e rejeitou propostas para ficar na NBA rumando assim a Europa, ao Anadolu Efes da Turquia, onde se tornou instantaneamente um dos melhores jogadores do mundo fora da NBA. Dividindo o backourt com outro “futuro” NBA em Vasilije Micic, o eléctrico base projectou o Efes para uma Final4 da Euroleague, algo que já não conseguiam há bastante tempo. Para alem de ter quebrado a hegemonia do Fenerbahce na Turquia, o Efes tem em Shane Larkin um dos melhores scorers da Europa actualmente, sendo que este também foi o ano em que o atirador bateu o recorde individual de pontos na Euroleague com uma performance brutal de 49 pontos.
Kawhi Leonard
O “Fun Guy” foi uma, senão a maior figura do ano, no basquetebol, e não pelos “memes” que foram criados através dele. Kawhi teve o poder de “sozinho” mudar uma franchise, e trazer o titulo da NBA a uma equipa que nunca antes o tinha obtido (pela primeira vez fora dos USA). Se existem vários momentos marcantes na caminhada da franchise canadiana, o lançamento de Kawhi para eliminar os Philadelphia 76ers será certamente o mais histórico para todo um pais, durante muito tempo. Conseguirá Leonard projectar os Clippers para os mesmos feitos agora que esta associado a Paul George? 2020 será certamente o ano para perceber.
Luis Scola
Aos 39 anos e quando toda a gente começava a acreditar no declínio da carreira de um dos mais lendários jogadores da história da FIBA, Luis Scola reinventou-se. O “ultimo” jogador resistente da geração de ouro argentina mostrou toda a sua classe na ultima FIBA World Cup onde formando uma parelha quase imparável com Facundo Campazzo que elevou os albicelestes mais uma vez ao pódio, apenas sendo parados pela armada espanhola na final.
“Perdido” na China, Scola voltou este ano a Euroleague após mais de uma década de ausência onde se juntou a um velho conhecido seu em Ettore Messina, no Olimpia Milano, onde continua a passear classe por toda a Europa.
(Bónus) Dirk Nowitzki
Não seria justo acabar o ano sem referir a retirada do basquetebol profissional de um dos melhores jogadores europeus da historia na NBA, no alemão Dirk Nowitzki. O gigante de Wurzburg não foi somente campeão da NBA, MVP e uma carrada de vezes All Star, pavimentou o terreno para o desenvolvimento dos jogadores grandes a jogar em posições exteriores através do seu lançamento exterior e sobretudo marcou uma franchise para toda a vida, entregando a tocha dos Dallas Mavericks a Luka Doncic.
Top 5 Momentos
Eliminação dos USA e Espanha campeã mundial
Este Verão ficou marcado pela realização da FIBA World Cup que se disputou na China. Apesar de todas as ausências, os USA partiam como favoritos para revalidar o titulo da competição, porem num dos torneios mais abertos da historia recente, o que não faltou foi surpresas.
Passados 12 anos, Espanha voltou a ganhar o titulo mundial num ano em que na verdade “passaram entre as pingas” durante quase todo o torneio. Servia e Grécia liderados por um forte contingente NBA mostraram enormes irregularidades alem das suas estrelas e não conseguiram chegar as medalhas. Porem, a maior desilusão foi mesmo a selecção norte americana que com uma paupérrima 7a posição final fizeram a sua pior prestação da historia. Será este o momento em que os americanos irão acordar para a diferença cada vez menor entre eles e o resto do mundo?
Kawhi Leonard Buzzer Beater frente aos Raptors
4.2 segundos. Jogo 7. Meias finais de conferencia Este dos playoff da NBA. Jogo empatado 90-90 e Nick Nurse pede um desconto de tempo.
Para além de ser um jogo de eliminação, acaba por ser muito mais do que isso já que a equipa que vencesse esta eliminatória iria ter ambições totalmente reais em levantar o Larry O’Brien Trophy já que do outro lado, todo o mundo iria desmoronar nos pés dos Golden State Warriors.
Kawhi Leonard recebe a bola, dribla a volta da linha de 3 pontos com Ben Simmons no seu encalce e com a ajuda defensiva de Joel Embiid faz um lançamento em fade away… e o resto e história.
Olympiacos e a polémica descida para a segunda divisão
E como o basquetebol nem sempre e feito de coisas boas, a rivalidade entre o Olympiacos Piraeus e o Panathinaikos Athens na Grécia tomaria proporções surreais na meia final dos playoff da Liga Grega. O conjunto, na altura liderado por David Blatt, teve indicações das altas patentes do clube para não entrarem em campo na segunda parte do jogo como forma de protesto contra as “tentativas de corrupção que o Panathinaikos tem vindo a tentar durante anos” e, sendo assim, com esta decisão, um dos maiores clubes históricos europeus seria despromovido a segunda divisão do seu pais, disputando ao mesmo tempo a Euroleague.
Universidade de Virginia e a sua redenção no College Basketball
Os Cavaliers de Virginia passaram do inferno ao paraíso num espaço de um ano.
Depois da eliminação mais escandalosa de sempre no March Madness onde foram eliminados na primeira ronda por UMBC (primeira vez na história que um #1 foi eliminado por um #16), a equipa de Tony Bennett reagrupou todo o seu talento para uma última “run” e com, alguma sorte a mistura, chegou ao cimo de uma montanha que nunca tinham escalado, vencendo a competição batendo na final a universidade de Texas Tech. Desta fornada de jogadores, acabariam por ser seleccionados DeAndre Hunter, Ty Jerome e Kyle Guy no Verão seguinte, no Draft da NBA.
Selecção portuguesa masculina Sub 20, campeã europeia Divisão B
Matosinhos voltou a ser a casa e amuleto de sorte para uma selecção jovem portuguesa. Liderados por um talento que provavelmente nunca vimos em Portugal em Neemias Queta, esta geração de Sub 20 portuguesa obteve o titulo da Divisão B da FIBA Europe numa final frente a Republica Checa onde estiveram mais de 4 mil portuguesas a entoar A portuguesa.
Destaque também para Rafael Lisboa, o base do Benfica acabou por ser distinguido como melhor jogador da competição, culminando um par de boas exibições com um prémio individual que certamente ira potenciar a sua carreira, não só no Benfica mas possivelmente a nível europeu no futuro.
Top 5 Jogadas
Kawhi Leonard para a historia da NBA
Damian Lillard elimina os Oklahoma City Thunder
Rudy Fernandez cesto para a vitoria frente a Panathinaikos
Facundo Campazzo e a magia pela selecção argentina
Mamadi Diakite mantém o sonho vivo para Virginia
(Bónus) Top a seguir
Liga Portuguesa de Basquetebol
Com a reaparição do basquetebol sénior no Sporting Clube de Portugal, pela primeira vez em décadas temos os denominados “três grandes” a disputarem a Liga Portuguesa de Basquetebol. Porem, nenhum deles conta com o título actual na sua posse, já que a União Desportiva Oliveirense será a equipa a destronar. Quatro candidatos a um titulo, numa competição onde o equilíbrio parece ser uma nota positiva, em grande parte dos jogos, e onde vemos um ligeiro ressurgimento da modalidade, quer na afluência aos pavilhões quer na TV, algo que faltava ao basquetebol.
College Basketball
Se o ano passado não existia uma equipa que considerássemos ser totalmente dominante (mas intimamente todos acreditávamos que Virginia poderia fazer um brilharete), este ano não existe certezas de absolutamente nada. O talento geracional não parece ser muito nesta fornada, e mesmo as universidades que tiveram excelentes recrutas este ano, já demonstraram algumas carências frente a equipas na teoria mais fracas. Estamos perante o maior “playing field” nos últimos anos, sendo que existem pelo menos oito universidades com argumentos para lutar por uma final 4 no March Madness.
Euroleague
Longe vão os tempos em que o dinheiro e plantéis recheados de jogadores ex NBA eram automaticamente equivalentes a títulos na Europa. Com um cada vez maior êxodo de grandes jogadores europeus para a NBA, o caminho inverso acaba por ser feito por muitos americanos em busca de glória e melhores contratos, sendo que este ano várias equipas reforçaram-se com elementos de luxo. O Barcelona Lassa parece uma das equipas mais sólidas desta temporada, porém é impossível não considerar conjuntos como CSKA Moscow, Real Madrid, Anadolu Efes e etc, como fortes candidatos ao título num dos anos onde a profundidade dos plantéis e sobretudo a regularidade serão determinantes para o desfecho desta competição.
NBA
E se pelos campeonatos mais sonantes do mundo o equilíbrio acaba por ser a nota dominante, a NBA será provavelmente o epíteto dessa regularidade.
Com os Golden State Warriors completamente assolados de lesões graves, o campo abre-se para “novas equipas” como os Los Angeles Lakers, os Milwaulkee Bucks, os Los Angeles Lakers, os Boston Celtics, entre outros que poderão ser determinantes para decisões no decorrer dos playoff.
Conseguirá LeBron James ganhar um titulo por 3 franchises diferentes? Kawhi continuará os seus actos históricos no parente pobre de Los Angeles? Ou Giannis conseguirá elevar uma franchise de mercado mediano ao ponto mais alto da NBA?
One comment
Manuel Maria Carvalho
Janeiro 2, 2020 at 6:40 am
“Quatro candidatos a um titulo, numa competição onde o equilíbrio parece ser uma nota positiva, em grande parte dos jogos, e onde vemos um ligeiro ressurgimento da modalidade, quer na afluência aos pavilhões quer na TV, algo que faltava ao basquetebol.”.
Penso que o problema da reduzida afluência fica claro neste artigo. Em Portugal o destaque que se dá ao Basquetebol é externo. Prefere-se falar do que se passa lá fora para dar a entender que somos especialistas na coisa. Sem mudança de mentalidades, por muitos espectadores que o Sporting Clube de Portugal traga a esta modalidade, vai ser mais do mesmo.