Hall da Fama da MLB em 2022 novamente causa polêmica entre fãs

Felipe MartinsJaneiro 31, 20226min0

Hall da Fama da MLB em 2022 novamente causa polêmica entre fãs

Felipe MartinsJaneiro 31, 20226min0
Felipe Martins está no Fair Play para contar os detalhes da eleição dde novos nomes no Hall da Fama da MLB neste início de 2022!

Na última terça-feira (25) a Major League Baseball divulgou o resultado da votação para o Hall da Fama do beisebol. Com 77,9% dos votos, David Ortiz – estrela do Boston Red Sox e um dos maiores nomes entre os rebatedores do jogo – foi selecionado para a imortalização de Cooperstown, local onde o museu do Hall da Fama está localizado.

O resultado chamou a atenção e gerou polêmica por vários fatores, mas majoritariamente, por ter apenas um nome eleito entre os diversos possíveis. Ortiz fez história ao entrar na primeira tentativa, mas nomes como o de Barry Bonds e Roger Clemens criaram muito mais impacto ao ficarem de fora do grupo de eleitos. E neste caso, impacto quer dizer rejeição ao processo e críticas pesadas contra quem vota! Confira no artigo de hoje o porquê de tanta repercussão negativa entre os torcedores!

Hall da Fama – o processo

O caminho de um atleta para a eternidade no Hall da Fama não é nada fácil. Se não bastasse ter que se destacar entre os milhares de nomes e ainda ser comparado com quem já foi eleito antes, o próprio processo é cheio de regras e burocracias. Para começo de conversa, é preciso que o jogador tenha atuado por pelo menos quinze anos no maior nível do esporte, a MLB, e aposentado há pelo menos 5 anos. Cada jogador tem um espaço de 10 anos para concorrer. Depois disso, ele não participa mais das eleições convencionais.

A partir disso, todo ano temos um grupo de nomes que fez história ao longo da carreira, e que precisa passar pelo crivo de cerca de 400 jornalistas que cobrem o beisebol. Existem regras para os eleitores também, mas em resumo, é gente que tem pelo menos uma década cobrindo o esporte por um veículo da imprensa americana.

Cada jornalista recebe uma cédula de votação e escolhe até 10 nomes dos possíveis, podendo inclusive não votar em nenhum. Ao final, todos os jogadores que tiverem pelo menos 75% dos votos, serão eleitos para o Hall da Fama.

A glória de David Ortiz

A carreira do ‘Big Papi’ é marcada por uma série de louros: Ortiz surgiu na MLB em 1997 pelo Minnesota Twins, atuando tanto como primeira base como rebatedor designado (um atleta que substitui o arremessador na ordem de rebatedores, mas apenas para os momentos em que o arremessador vai ao bastão). Teve desempenho tímido pela equipe de Minnesota, e foi dispensado ao final da temporada 2002.

O ano de 2003 iniciou com um novo contrato para David Ortiz. Na época, o arremessador Pedro Martinez (uma das lendas do esporte e amigo de Ortiz), que atuava pelo Boston Red Sox, sugeriu a contratação de Big Papi aos executivos do time. Em 22 de janeiro de 2003, época de montagem dos elencos, Ortiz recebeu um contrato ‘não-garantido’ – com incentivos caso o atleta conseguisse espaço no elenco principal. O resto, como o tempo mostrou, virou história.

Ortiz foi campeão da World Series em três edições (2004, 2007 e 2013), sendo um dos líderes da exitosa equipe do Boston Red Sox. Foram 14 temporadas atuando por Boston, com 10 aparições em Jogo das Estrelas e um prêmio de MVP (Most Valuable Player, ou jogador mais importante) em 2004. As credenciais impulsionaram Big Papi para a entrada no Hall da Fama logo na primeira tentativa – menos de 60 nomes dos cerca de 340 eleitos foram consagrados na primeira oportunidade.

David Ortiz foi eleito para o Hall da Fama na primeira oportunidade. (Foto: Maddie Meyer/Getty Images)

Polêmica em 2022

A votação deste ano (que começou em 2021) novamente foi cercada de polêmicas. Dois importantes nomes da história do esporte perderam a chance de entrar no Hall da Fama no décimo ano, encerrando as possibilidades de entrar pelas vias normais: Roger Clemens e Barry Bonds foram importantes atletas da Major League Baseball entre os anos de 1980 a 2000. Ambos são recordistas em categorias de destaque, como número total de home runs (a rebatida máxima do esporte) e prêmios individuais.

Bonds detém dois destes recordes, com sete prêmios de MVP e liderando a lista de Home Runs com 762 (à frente de Hank Aaron, com 755, e Babe Ruth, com 714). Clemens compila 7 prêmios Cy Young, dado ao melhor arremessador de uma temporada – ele tem dois a mais que Randy Johnson, o segundo da lista, com 5.

Barry Bonds é um dos maiores nomes do baseball, mas ficou de fora por polêmicas com esteroides. (Foto: Eric Risberg/AP)

Muitos destacam o uso de esteroides como grande fator que impede atletas como Bonds e Clemens de serem eleitos para o Hall da Fama. Ambos são apontados pelo uso de substâncias proibidas – seja por meio de testagem ou investigações -, fato que é inconcebível para muitos jornalistas. A lógica é a mesma aplicada no caso de Pete Rose: líder da categoria ‘rebatidas válidas’ na história, Rose foi banido do esporte por envolver a própria equipe num esquema de apostas quando era treinador.

O problema é que a comunidade de fãs entende que é impossível contar a história do esporte sem mencionar Bonds e Clemens. Para além disso, existe o argumento que esteroides fizeram parte da cultura da MLB nos anos 1990: até 2002 não existia uma política anti-drogas na liga, o que fez com que muitos atletas utilizassem algum tipo de substância para melhorar a performance. O próprio David Ortiz teria sido pego em uma investigação na época.

Roger Clemens, que fez história com grandes franquias da Major League Baseball, também ficou de fora do Hall da Fama. (Foto: AP)

Toda a novela das votações polêmicas foi novamente esquentada na MLB. Com o tempo, veremos cada vez menos atletas que tiveram envolvimento com esteroides concorrendo ao posto no Hall da Fama. Mas até lá, anualmente, fãs terão motivos para reclamar e questionar o processo de eleição para a chamada ‘glória eterna’ da Major League Baseball.


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