A ressaca da Taça da Liga e de Krovinović

Marcelo BritoFevereiro 7, 20186min0

A ressaca da Taça da Liga e de Krovinović

Marcelo BritoFevereiro 7, 20186min0
FC Porto e Sporting ressentem-se após Taça CTT e o Benfica acusa a ausência da revelação que foi Krovinović até à lesão. Alerta para os três grandes?

A Final-Four da Taça da Liga trouxe consigo consequências para FC Porto e Sporting. O Benfica também sofreu, mas com a ausência de Krovinović. Em duas jornadas disputadas, pouca estabilidade entre os três candidatos ao título de Campeão Nacional.

Na 20.ª jornada, o FC Porto, eliminado pelo vencedor inédito Sporting na meia-final da Taça CTT, deslizou em Moreira de Cónegos quando já o Benfica tinha empatado na deslocação a Belém. O Sporting triunfou, a ferros, sobre o Vitória da cidade de Guimarães.

Pois bem, se nessa jornada os leões ganharam dois pontos a dragões e águias, o trono do reino animal sofreu nova mudança na hierarquia na 21.ª jornada com os verdes a perderem em Estoril, os azuis a vencerem o Sp. Braga e os vermelhos a golearem o Rio Ave.

Comecemos pela formação que não integrou os quatro finalistas da Taça CTT. A equipa de Rui Vitória encontrou um Belenenses à procura da primeira vitória com Silas no leme cuja diferença nos ideais do jogo, para com Domingos Paciência, é facilmente identificável.

Os homens de Belém entraram pragmáticos na partida, a assumir a posse de bola e adaptados a um processo de construção coerente. A pressão do Benfica na primeira linha mostrou-se ineficaz ainda que com alguns sobressaltos, para os azuis, pelo meio.

Créditos: O Jogo

BENFICA… SEM KROVINOVIC, POSSÍVEL?

Durante a primeira metade, as oportunidades não abundaram, mas o domínio foi do Belenenses que manteve o jogo controlado frente a um Benfica a acusar a perda de Krovinović.

Os encarnados encontraram o caminho das boas exibições quando a forma do médio croata cresceu. João Carvalho, face às outras opções identificadas por Rui Vitória para substituir Krovinović – Keaton Parks, Gedson Fernandes e Zivkovic – é, talvez, a opção mais credível. Zivkovic tem um talento acima dos restantes, mas não é tão forte no processo defensivo. É aí que João Carvalho supera a concorrência, mas ainda não está maturado ao nível de Krovinović.

O tempo que o croata demorou a adaptar-se à equipa e o tempo que a equipa demorou a adaptar-se ao croata não existe, nesta fase da época, para João Carvalho.

Voltemos ao jogo. Na segunda parte, a bitola mudou. Salvio esteve perto do golo nos instantes iniciais. Valeu a defesa de Filipe Mendes. Respondeu o Belenenses por Vincent Sasso que cabeceou por cima após canto.

O jogo, de parada e resposta, abriu e o Benfica aproveitou melhor os espaços. Aos 70, Cervi é derrubado dentro da área por Gonçalo Silva, mas, na conversão, Filipe Mendes defendeu a grande penalidade de Jonas. Cinco minutos volvidos e Cervi, completamente isolado perante o guardião dos azuis, atirou muito por cima. Aos 85, o recém-entrado Nathan, num bom momento de inspiração, rematou de fora-de-área para adiantar os pupilos de Silas no marcador. Minutos depois, Tiago Caeiro ficou a pedir penálti de André Almeida.

Na resposta, Jonas, depois de um pontapé de baliza transformado inexplicavelmente num canto, é derrubado à entrada da área e, na conversão, empatou a partida aos 90+7’. O Benfica mostrou-se uns furos abaixo dos últimos encontros. A explicação? A ausência de Krovinović.

Algo que, na jornada seguinte diante o Rio Ave, os vermelhos fizeram os adeptos esquecer. Apesar de um início melhor e mais eficaz dos vilacondenses, com Guedes a inaugurar o marcador aos 8’ e, poucos minutos depois, João Novais a atirar ao poste da baliza de Varela, os encarnados protagonizaram uma segunda parte exímia e eficaz. O Benfica mostrou-se capaz de concretizar as várias oportunidades criadas e acabou por golear a formação orientada por Miguel Cardoso.

FC PORTO E SPORTING… E A RESSACA

O FC Porto empatou, sem golos, no reduto do Moreirense. À semelhança do que aconteceu com o Sporting, os dragões saíram do Comendador Joaquim de Almeida Freitas com o empate. Num jogo onde os visitados mostraram-se competentes no processo defensivo, os atuais líderes do Campeonato conseguiram marcar, já na compensação, mas com irregularidade – foi assinalado fora-de-jogo.

A resposta dos pupilos de Sérgio Conceição foi a melhor possível. Na receção ao Sp. Braga, o FC Porto adiantou-se no marcador com um belo cabeceamento do chamado à titularidade Sérgio Oliveira aos 13’, mas os bracarenses reagiram pelo central goleador Raúl Silva aos 30’ na sequência de um pontapé de canto. Aos 37’, após canto, novo golo no Dragão e para Diego Reyes. Na etapa complementar, aos 73’, foi Aboubakar a cabecear certeiro para a baliza de Matheus, sentenciando a partida. Não há como fugir à brilhante exibição de Alex Telles que foi o obreiro das três assistências para os azuis.

O caso mais peculiar e, provavelmente, mais ressacado da Taça CTT. O Sporting arrecadou o primeiro título interno de 2017/18 na cidade de Braga, mas não conseguiu fazer nenhum golo além da marca dos 11 metros. Contra o FC Porto, 0-0, e contra o Vitória setubalense, 1-1 com após transformação de um castigo máximo de Bas Dost. O sucesso complementou-se no desempate por penáltis.

No primeiro jogo após o título, vitória arrancada a ferros, em Alvalade, sobre o Vitória vimaranense. Depois de uma primeira parte fraca, uma segunda etapa positiva, mas perdulária na finalização, acabou por ser recompensada aos 83’ com o francês Mathieu a responder da melhor forma a uma assistência do argentino Acuña. O Sporting isolava-se na frente, ainda que à condição, antes de visitar o Estoril.

Depois de conseguir ganhar dois pontos a dois adversários diretos, a formação leonina não conseguiu manter o rumo dos triunfos e cedeu na Amoreira. Dois golos em quatro minutos gelaram o ventoso fim-de-tarde para os adeptos dos verdes e brancos. Kyriakou, aos 27’ e Ewandro, aos 31’ fizeram os golos. O que faltou à equipa que Jorge Jesus classifica como uma das melhores defensivamente na Europa? Bem, certamente que o vento poderá ter ajudado à festa canarinha, mas… o Sporting ressentiu a ausência de Bas Dost e Gelson Martins no setor ofensivo e acabou por ser perdulário nas ocasiões criadas.

As alternativas não convencem. Doumbia teve sinal mais, mas mostrou-se aquém em algumas movimentações no processo de construção, muito devido à pouca utilização no decorrer da temporada. Montero continua Montero e será pouco contributivo para o hipotético sucesso do Sporting na Liga NOS. Rúben Ribeiro ainda não encontrou o seu verdadeiro espaço e Misic e Wendel… bem, desses não podemos falar.
O Sporting é atirado para o terceiro posto, em igualdade pontual com o Benfica, estando os vizinhos da 2.ª Circular a dois pontos do FC Porto que ainda tem 45’ para disputar na Amoreira num jogo que perdia por 1-0 a quando da interrupção.


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