Sistemas Tácticos e Modelos de Jogo – Guardiola vs Mourinho

Fair PlayJulho 6, 202023min0

Sistemas Tácticos e Modelos de Jogo – Guardiola vs Mourinho

Fair PlayJulho 6, 202023min0
A rivalidade entre Mourinho e Guardiola é das maiores da história no que diz respeito a treinadores. Mas como jogam as equipas dos dois? Paulo C. Meneses explica tudo aqui!

Como tínhamos referido no artigo anterior, o objectivo geral deste trabalho é entender os conceitos, os comportamentos e a forma como os treinadores Top preparam as suas equipas» através das mudanças dos sistemas tácticos, mantendo (alguns) Princípios do seu Modelo de Jogo.

Quisemos analisar, observar e comparar equipas de dois treinadores de êxito continuado [José Mourinho, Carlo Ancelotti e Guardiola], para clarificar e para aprofundar as premissas fundamentais do tema, segundo os Sistema de Jogo (e suas variâncias – de jogo para jogo e no próprio jogo) e o Modelo de Jogo de cada treinador.

Neste artigo, apresentaremos alguns dos Sistemas Tácticos utilizados por Pep Guardiola e José Mourinho e os seus Modelos de Jogo.

PEP GUARDIOLA

Os 23 Sistemas Tácticos utilizados por Pep Guardiola.

Os 23 Sistemas Tácticos utilizados por Pep Guardiola durante a sua trajetória profissional como treinador de futebol são os seguintes:

  1. 1-4-4-2
  2. 1-4-1-4-1
  3. 1-4-2-2-2
  4. 1-4-2-1-3
  5. 1-4-1-1-4
  6. 1-3-5-2
  7. 1-2-4-4
  8. 1-3-3-1-3
  9. 1-3-2-3-2
  10. 1-2-3-3-2
  11. 1-3-6-1
  12. 1-3-3-4
  13. 1-3-2-5
  14. 1-3-1-4-2
  15. 1-3-1-2-1-3
  16. 1-5-4-1
  17. 1-2-3-1-4
  18. 1-4-3-3
  19. 1-4-2-4
  20. 1-4-2-3-1
  21. 1-3-4-3
  22. 1-2-3-5
  23. 1-2-3-2-3

Como vemos, o treinador não trabalha só um sistema de jogo, independentemente do Modelo de Jogo adoptado. Isso pode acontecer fruto de uma evolução da equipa ao longo da temporada, pode acontecer de jogo para jogo, ou… até mesmo durante o próprio jogo. E vamos ver de seguida um exemplo que espelha isso mesmo.

Guardiola – Recital Táctico

Pep Guardiola, contra o Getafe deu um considerando tático na primeira meia hora do jogo. Ele começou com o clássico 4-3-3, mas o compromisso ambicioso do técnico Rayo, Sandoval, que marcou homem a homem do outro lado do campo, levou o técnico do Barça a fazer a primeira mudança tática aos onze minutos.

Alves subiu para o centro do campo, completado por Xavi e Keita como pivô duplo e Iniesta à esquerda e o 4-3-3 se tornou um 3-2-2-3. As coisas ainda não terminaram bem no Barça e, aos 28 minutos, Pep colocou Alves no alto, adiou Messi e mandou Alexis pela esquerda, que em sua primeira ação assinou por 1 a 0.

Como vemos aqui, o Barça começou com um 1-4-3-3. Aguentou este Sistema Táctico até ao minuto 11 da 1ª parte.

No entanto, houve uma mudança no Sistema Táctico, dos 11 minutos aos 28 minutos da 1ª parte, o Barça usou um 1-3-2-2-3.

E dos 28 minutos até aos 45 minutos, outra mudança no Sistema Táctico, 1-3-1-3-3.

Como vemos aqui neste exemplo, há treinadores que mudam constantemente os Sistemas Tácticos, durante um jogo. No entanto, as ideias, os Princípios do Modelo de Jogo, mantêm-se.

 

Modelo de Juego de Guardiola – Conservação da bola /Controlo do Jogo

A conservação da posse de Bola ou o Controlo do Jogo no modelo de jogo ofensivo de Guardiola no Manchester City, realiza através do Ataque Organizado, como paradigma do modelo de jogo de Pep Guardiola e que tantos treinadores tentam por em prática por todo o mundo.

As típicas Triangulações através de 3 jogadores, o jogador que tem a bola, com mais dois jogadores em linha de passe, mudou um pouco, porque este ano há uma quantidade de jogadores – 4 jogadores – que são quem participam no modelo de jogo combinado.

Para isso, quase sempre, junto ao jogador que tem a bola, há 3 jogadores que oferecem linhas de passe.

Os “meeinhos”, como paradigma de treino deste modelo de jogo, se leva à máxima expressão em cada um dos jogos.

Predomina o jogo em espaços reduzidos com as linhas da equipa sempre muito juntas no ataque. Quase sempre em 20 ou 30 metros que encontram distribuídos os 10 jogadores.

O jogar em espaços reduzidos e com as linhas tão juntas, favorece o pressing quando se perda a bola, onde as possibilidades de recuperação depois de perder a bola, aumentam exponencialmente.

 

Velocidade no Jogo

 A Velocidade no Jogo é uma das características mais importantes que Pep Guardiola implementou este ano, para adaptar o seu Modelo de Jogo às exigências que impõem  os modelos de jogo de muitas das equipas da Premier League.

A velocidade no Jogo se manifesta através de:

  1. Movimento da bola como no meeinho, a um ou dois toques, primando o jogo a um toque da bola que lhe imprime uma velocidade bestial en cada j
  2. Nuncaos jogadores estão estáticos, mas sim que na maioria das ocasiões estão em movimento.
  3. Prioriza-se o passe no espaço livre em vez do passe no pé do j
  4. Jogo combinativo em campo contrario para ter o controlo do jogo e no momento oportuno Aceleração do jogo e velocidade no jogo quando se produz um passe desde a zona de ¾ ao Avançado centro, que recebe de costas perto da área e devolve a bola a 1 toque a um dos 2 jogadores que realizam um movimento de apoio procurando finalização rápida da jogada com movimentos e jogadas automatizadas.
  5. Automatização de outros Princípios Tácticos para imprimir Velocidade no Jogo:
    • Tabelas.
    • Passe da bola e esse jogador realiza um movimento de apoio, um desmarque de apoio ou um desmarque de ruptura para estar em linha de passe ou voltar a receber a bola sem marcação depois do desmarque de ruptura.
    • Roubo em campo próprio, perto da área própria e saída ao contra-ataque com 4 e 5 j
  6. Terceiro Homem:
    • A aparecimento do Terceiro Homem realiza-se em muitas ocasiões nas laterais.
    • Por norma geral, nunca estão sozinhos o Lateral e o Extremo nas laterais. Sempre há pelo menos um jogador mais e em muitas ocasiões há mas 2 jogadores. Desta forma, há 3 ou 4 j
    • O movimento rápido da bola a um ou dois toques entre dois ou três jogadores (há um que parece que não participa na elaboração da jogada) tem como consequência um passe no espaço livre onde aparece o Terceiro Homem (de esse jogador que parecia que não participava na jogada).
Uma das mentes mais brilhantes do futebol moderno (Foto: goal.com)

Tabelas

As paredes converteram-se este ano em um dos princípios tácticos más utilizados no modelo de jogo ofensivo de Pep Guardiola no Manchester City, para não dizer o mais importante.

Jogam, abusam e divertem-se o seus jogadores utilizando as tabelas e aproveitando as vantagens deste Principio Táctico.

Há determinadas zonas do terreno de jogo em que a tabela se utiliza ou se realiza de maneira automatizada.

Essas zonas são:

  • Nas laterais: Muito perto da área adversária. Dessa maneira, rompem a equipoa adversária entrando pelas laterais através de tabelas. As tabelas na lateral são continuas.
  • Na zona de ¾ do campo adversário superam o adversário através de tabelas.
  • O movimento de fora para dentro, na lateral, por parte do extremo ou do lateral procurando sempre a tabela em profundidade com desmarque de ruptura do extremo ou do lateral.
  • Se o movimento na lateral do Extremo ou do Lateral é em direção ao campo proprio, este realiza um passe para trás e esse jogador faz um desmarque de ruptura para receber a bola a um toque e no espaço liv
  • Tabelas no limite da área ou perto da área.

Ataque

Este é um dos aspectos em que mais evoluiu Pep Guardiola no seu modelo de jogo na temporada 2017-2018 no Manchester City.

Até agora, por regra geral, Pep Guardiola utilizava o tipo de Ataque Organizado.

No entanto, o tipo de ataque que está usando esta temporada Pep Guardiola engloba todas as modalidades de ataque:

  • Ataque Directo.
  • Ataque Organizado.
  • Contra-ataque.

O modelo de Ataque Directo tão praticado na Premier League, esta temporada é utilizado também por Pep Guardiola, algo impensável nos seus anos anteriores no Barcelona.

Mas, não é um Ataque Directo como tal, recuperação e bolas longas para que o Avançado Centro arranje uma solução sózinho, contra os defesas.

Ora vejamos, como Pep Guardiola converteu o Ataque Directo num Ataque estructurado e automatizado.

Todo começa com a posição do jogador mais adiantado, apesar de costumar ser o Avançado Centro.

Sempre, a posição que adopta o Avançado Centro é dando as costas ao jogador da equipo adversária que o marca.

Além disso, procura uma localização geográfica entre ambos centrais ou entre central e lateral.

Este aspecto marca uma diferença sublime enquanto ao «timing  da jogada«. Ao dar as costas ao defesa, o Avançado está protegendo-se do defesa e está libertando o seu companheiro «que vai estar livre de marcação» para receber a bola mediante o Ataque Directo.

O Ataque Organizado ainda era o mais utilizado no modelo de jogo ofensivo de Pep Guardiola no Manchester City na temporada 2017-2018.

Por norma geral, sempre há 4 jogadores à frente da posição da bola.

Contra-ataque

O Contra-ataque, na sua época do Bayern de Munich, colocava-o em prática em determinadas ocasiões.

Mas, na temporada do Manchester City, está sendo utilizado muito mais e aproveita ao máximo todas as suas vantagens.

Em fase defensiva, quando recuperam a bola perto da sua área, sse o momento assim o permite, põe em prática o contra-ataque com 4 ou com 5 jogadores.

Habitualmente realiza-o de duas maneiras:

  1. Recuperação de bola e passe rápido a um jogador que começa o contra-ataque.
  2. Recuperação de bola mais condução de bola, sendo o jogador que rouba a bola quem começa o contra-ataque.

Desmarques

Uma característica fundamental do modelo de jogo ofensivo de Pep Guardiola, não somente no Manchester City, mas também nas suas equipas anteriores, é que todos os jogadores da fase ofensiva estão em continuo movimento.

É como se estivesse penalizada a posição estática, então, qualquer jogador que permaneça estático vai sobressair do resto.

Outra carateristica dos jogadores de Pep Guardiola, é que muito raro ver um jogador que passe a bola e que fique estático. No entanto, e quando a jogada necessita, em alguma ocasião permanecem estáticos para voltar a receber a bola na mesma situação do campo.

Escapar da marcação do adversário é aproveitado pelos jogadores de Pep Guardiola de duas maneiras, em forma de:

  1. Desmarques de Apoio:
    • Para estar em linha de pass
    • Para dar-lhe continuidade ao jogo organizado.
    • Para criar superioridade numérica em espaços reduzidos.
  2. Desmarques de Ruptura:
    • Para aumentar a velocidade du jogo, sobretudo nas laterais.
    • Para procurar los espaços li
    • Para procurar profundidade e criação de jogadas óptimas para conseguir o golo.
    • Para dar-lhe amplitude ao jo

Aparição do Terceiro-Homem:

  • Não é um desmarque de ruptura como tal, pois o jogador não está marcado, mas enquadra-se dentro deste principio.
  • Em ocasiões, o terceiro homem às vezes está marcado e o que realiza é um desmarque de ruptura.
  • Este conceito está automatizado no modelo de jogo ofensivo de Pep Guardiola.
  • Quando o Avançado Centro recebe de costas perto da área, passa a bola ao mesmo jogador que lhe tinha passado, e um Terceiro Homem realiza um movimento de Ruptura ou um Desmarque de ruptura ao espaço livre dentro da área da equipa adversária, porque sabe que vai receber a bola.

Apoios e Ajudas Permanentes

Com todo o que vimos sobre o Modelo de Jogo de Pep Guardiola no Manchester City, vemos que é muito importante os Apoios e as Ajudas Permanentes (ou seja, jogadores que dão ajudas / linhas de passe ao companheiro que tem a posse de bola) no jogo Organizado de Pep Guardiola.

Como vemos, a chave do Jogo Organizado no modelo de jogo de Pep Guardiola é a bola.

Dando linhas passe ao portador da bola, antes sempre havia 3 jogadores. No entanto, nesta temporada na maioria das jogadas sempre há 4 jogadores:

  • Um que está na posse de bola.
  • 3 jogadores dando linhas de passe.
  • Esses 3 jogadores estão realizando um Apoio ou uma Ajuda Permanente ao jogador que tem a bola.
  • Com a amplitude os extremos e os laterais dão ao jogo ofensivo, em ququer zona do campo onde se desenvolve a jogada, esses jogadores estão em condição de oferecer uma Ajuda Permanente ao portador da bola, mediante por exemplo una mudança de flanco.

Há várias vantagens quando os jogadores realizam Apoios?

  • A nível ofensivo es evidente, porque dá varias soluções para quem tem a bola.
  • Mas, desde o ponto de vista defensivo e no momento que se perde a bola, esta posição dos jogadores ela zona da bola, favorece bastante a realização do pressing após perda e faz com que o Manchester City recupere a bola muito r

Espaços Livres

A procura continua dos Espaços Livres é a finalidade do modelo de Jogo Combinativo de Pep Guardiola.

Espaços Livres ocupados por jogadores para conseguir uma vantagem evidente e efectiva no jogo ofensivo do Manchester City, através de:

  • Desmarques de Ruptura.
  • Ocupação pelo Terceiro Homem.
  • Amplitude de jogo com lateral ou Extremo.

Mudanças de Flanco

As mudanças de flanco são mais uma solução que “intenção” dentro do modelo de jogo ofensivo.

Utiliza-os como uma solução para:

  • Surpreender procurando a amplitude do
  • Descongestionar o jogo nos espaços reduzidos ocupado por 4 jogadores mais adversários.
  • Buscar profundidade no ataque num Espaço Liv

“Temporizar”

A Temporização no Jogo Combinativo, Pep põe em pratica para:

  • Procurar a solução mais eficaz no ataque Combinativo.
  • Para atrair a marcação dos Médios centro adversários com o objetivo da criação de espaços li
  • Para retirar os defesas da sua zona de influência defensiva e romper o pressing defensivo com um passe depois de um desmarque de ruptura ou na procura do Terceiro Homem.

Ritmo de Jogo

O objetivo de controlar o ritmo do jogo, para:

  • Procurar o desgaste físico da equipa adversária.
  • Conseguir encontrar a solução perfeita em cada juogada.

Mudanças de Ritmo

As mudanças de Ritmo e de Aceleração da jogada se produzem quando os jogadores do Manchester City chegam à zona de 3/4 do campo adversário.

Na zona do centro do campo anterior à zona de 3/4, no modelo de jogo de Pep Guardiola na temporada 2017-2018 o Manchester City colocava em pratica um Jogo

Combinativo, com as tais Temporizações com bola.

Quando chegavam à zona de 3/4 se produzia uma mudança de Ritmo, acelerando a jogada, jogando a um toque procurando passar a equipa adversária com essa mudança Ritmo.

 

JOSÉ MOURINHO

Modelo de Jogo

 Por que razões o FC Porto ganhou o campeonato?

“O treinador preparou a equipa, desde o primeiro dia da pré-época, para jogar segundo um Modelo de Jogo perfeitamente definido em todos os seus itens, com 2 sistemas tácticos, um principal e outro alternativo.“

José Mourinho

 

“O mais importante numa equipa é ter um determinado modelo, determinados princípios, conhecê-los bem, interpretá-los bem, independentemente de ser utilizado  este ou aquele jogador. No fundo, é aquilo que eu chamo organização.”

José Mourinho

Para Mourinho não existe espaço para treinar algo que não seja o jogo em si mesmo – treinar o ataque organizado, a defesa, a recuperação da bola, o contra-ataque. Mourinho treina a sua ideia de jogo. Aspectos como a solidariedade, o espirito de grupo, a motivação, a disciplina, o rigor, etc… emergem da operacionalização da ideia de jogo.

O trabalho é por isso focado no todo.

Mesmo em contexto de Seleção Nacional, Mourinho é muito claro acerca do tipo de trabalho e o tipo de preparação específica que deve ser realizada:

“(…) parece-me quase óbvio que a maioria das Seleções nesta fase final do Euro 2004 tem no treino analítico o epicentro da sua preparação. Sou (…) defensor de uma perspectiva totalmente antagónica do treino, com a integração (entenda-se interacção) de todos os factores (dimensões), alicerçados na organização e preparação táctica.

Creio que, na sequência de lamentos quase cíclicos pela dificuldade de, ao longo da época, se ter a trabalhar em conjunto jogadores de diferentes clubes e até de clubes de países distintos, seria lógico que estas semanas preparatórias incidissem na organização táctica, pensando colectivamente, estruturando, automatizando, elevando a performance colectiva. Resumindo, fazendo com que o todo passasse a ser superior à soma das partes. Ou, de uma forma mais explicita, fazendo com que grupos de grandes jogadores pensassem e reagissem em simultâneo a cada variante do jogo, como uma equipa.”

Vamos falar do Modelo de Jogo de Mourinho no Real Madrid, e por isso iniciaremos este tema falando dos quatro momentos: momento defensivo, transição defesa-ataque, momento ofensivo e transição ataque-defesa.

Nestes momentos deve-se procurar os objetivos, tanto grupais como individuais, que devem marcar o modelo do teu jogo.

De uma forma muito resumida, poderíamos considerar e apresentar alguns dos princípios do Real Madrid que na era do José Mourinho colocava em prática:

Momento defensivo:

  • Defesa pressionante em três quartos de campo.
  • Sergio Ramos como primeiro central e Pepe como central corrector.
  • Apoio dos extremos aos laterais quando a bola estiver no corredor lateral.
  • Coberturas de Xabi Alonso e Khedira a Özil na pressão.

Transição defesa-ataque:

  • Transições com a maior velocidade possível na direção à baliza adversária.
  • Saídas com o maior número de jogadores possível.
  • Criação de espaços de Benzema caindo a algum dos dois corredores.
  • Aproveitamento desse espaço central por parte de jogadores que cheguem de segunda linha.

Momento ofensivo:

  • Finalizar à mínima oportunidade de realizar-lo, potenciar este aspecto em Cristiano Ronaldo.
  • Extremos bem abertos.
  • Posição de Mesüt Özil entre a linha defensiva e a linha do centro do campo adversário.
  • Aportação ofensiva dos laterais aparecendo desde a terceira linha.

Transição ataque-defesa:

  • Mudança rápida de mentalidade, tentando pressionar o mais perto possível da baliza adversária.
  • Coberturas por parte de Khedira aos extremos se algum dos laterais está desposicionado.
  • Se a equipa adversária supera a linha de pressão, retorno a posições defensivas com a maior velocidade possível.
  • Especial atenção às jogadas com a bola no corredor lateral, onde a pressão é mais efectiva devido à falta de saídas.

Estes são alguns dos princípios aplicados por José Mourinho ao longo da sua estância na capital Espanhola. O objetivo da Periodização Táctica é procurar exercícios para trabalhar muitos destes conceitos juntos e ao mesmo tempo trabalhar as outras dimensões do futebol. Ou seja, acabaram as voltas ao campo, as sessões de musculação no ginásio e as séries de remates desde fora da área. Estes exercícios, que formam parte dos livros de muitos gúrus do treino, são substituídos por actividades nas que entram em jogo os quatro momentos. O próprio treinador português explica-o assim “Já viram alguma vez algum pianista correr à volta do piano antes de começar a tocar? Na nossa metodologia tão pouco damos voltas ao campo”.

Mourinho revolucionou uma era do futebol (Foto: Record)

Para poder trabalhar segunda esta regra, são necessárias uma concentração e uma intensidade iguais a um jogo. É por isso que Mourinho planifica um máximo de uma sessão diária de 90 minutos nas temporadas das suas equipas. Porquê? Uma vez passado este período de tempo, a concentração e a intensidade diminuem. Neste caso, menos é mais. Como estes dois factores são os dois principais factores de cansanço nos futebolistas, o treinador português trabalha também os descansos como se fossem parte do treino. Se esquece dos macrociclos e picos de forma. O objetivo não procurar o máximo ponto físico dos seus jogadores, mas sim buscar o máximo rendimento destes tentando a máxima adaptação e actuação destes  no modelo de jogo. E este pico de rendimento tenta-se manter durante toda a temporada.

O Sistema de Jogo 1-4-3-3 de José Mourinho

“Eu não acredito que não há sistemas de jogo perfeitos, mas o nosso sistema é tanto mais perfeito quanto melhor estivermos preparados para as suas debilidades naturais; então há que trabalhar as suas imperfeições.

Vejamos, eu trabalho muito a parte negativa do meu sistema e rotinas, é tanto que esse trabalho, que essa parte negativa acaba por ser encarada com naturalidade e isso se reflexa num aumento de confiança.”

José Mourinho

 

“Com os sistemas defensivos cada vez mais bem montados diria que a cada modelo de jogo cada vez mais terão de corresponder diferentes sistemas táticos, principalmente nas fases de construção. Ou seja, num mesmo jogo vai ser cada vez mais necessário mudar de sistema tático para surpreender os adversários.”

José Mourinho

 

Sistema de Jogo: 1-4-3-3 que afinal  é um Sistema de Jogo 1-2-3-2-3, pelas linhas que oferece.
Sistema de Jogo: Sistema Geral, por Linhas:

–      Linha Vertical

–      Linha Horizontal

–      Linha Diagonal

Contra o 1-4-4-2
Contra o 1-4-4-2 (Losango)
Contra o 1-4-4-1-1 e 1-4-2-3-1
Contra o 1-5-3-1-1

Como podemos observar, Mourinho adapta o seu Sistema de Jogo 1-4-3-3 (1-2-3-2-3) aos vários Sistemas que se enfrenta.

Também é sabido, que Mourinho trabalhava o 1-4-4-2 Losango para defrontar alguns adversários – principalmente na Liga de Campeões e na 2ª época no FC Porto.

Podemos afirmar também, que poderiam entrar aqui outras questões, como o Plano Táctico – Estratégico a adoptar e respectivos ajustes para defrontar cada adversário. Mas, a nível geral, ficamos com uma ideia em como se pode (deve) mudar / ajustar o Sistema Táctico, mantendo o Modelo de Jogo com todos os seus Princípios / comportamentos.

Também, a respeito dos Sistemas Tácticos, Mourinho afirmou que:

Vai ser muito difícil jogar noutro sistema que não seja num destes dois (1-4-3-3 e 1-4-4-2 Losango). Não acredito muitos nos sistemas que têm a sua origem no gabinete, na reunião, na conversa com os jogadores. Acredito no treino, na explicação, na repetição sistemática, na sistematização, e, nesse sentido, quando nós estamos há 4 meses a trabalhar no 1-4-3-3- e há 3 semanas a trabalhar o 1-4-4-2 Losango, só numa situação muito pontual e especifica, ou num determinado momento de jogo, poderei fugir disto, colocando em jogo um terceiro defesa central ou mais um avançado.” (Ao Jornal A Bola de 26 de Julho de 2020).

Conclusão

Neste artigo, vimos o que Jose Mourinho e Pep Guardiola têm vindo a utilizar ao longo das temporadas, em vários contextos. Não só em relação aos Sistemas Tácticos, mas também como Modelo de Jogo.

Poderíamos resumir que, todos eles (Guardiola, Mourinho e Ancelotti) variam o Sistema Táctico de jogo para jogo, e também dentro do próprio jogo, mas também fruto da evolução que uma equipa tem ao longo de uma temporada, sem que, necessariamente, ter que mudar os princípios / comportamentos do seu Modelo de Jogo.


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