Selecção de Portugal: os potenciais 26 para o Mundial

Francisco IsaacNovembro 8, 20226min0

Selecção de Portugal: os potenciais 26 para o Mundial

Francisco IsaacNovembro 8, 20226min0
Propomos os convocados de Portugal para o Mundial 2022, com notas para algumas possíveis surpresas e omissões nos 26 chamados para o Catar

Estamos a poucas semanas do começo oficial do controverso Mundial de Futebol do Catar (perseguição a todos da comunidade LGBTQ+, entre outras posturas antidemocráticas e de censura de liberdades reconhecidas a cada individuo) e Portugal terá os seus 26 jogadores anunciados esta quinta-feira pelo seleccionador nacional, Fernando Santos. Sem mais demoras vamos já lançar os nomes que achamos que vão estar na lista do comando técnico da selecção “A” de Portugal, e tentar explicar o porquê de A ou B terem cabido na lista invés de X ou Y:

Guarda-redes: Diogo Costa, José Sá e Rui Patrício;

Laterais: Nuno Mendes, Raphael Guerreiro, João Cancelo e Diogo Dalot

Centrais: Pepe, Rúben Dias, Danilo Pereira e Tiago Djaló

Médios: Rúben Neves, João Palhinha, William Carvalho, Bruno Fernandes, Vitinha, Renato Sanches, Matheus Nunes e João Mário

Avançados: Bernardo Silva, João Félix, Rafael Leão, Cristiano Ronaldo, Ricardo Horta, Rafa e Gonçalo Ramos

O CASO DE RAFA

Vamos à parte dos comentários e explicações das nossas opções, sabendo de antemão que a primeira questão, dúvida ou crítica que o leitor mais atento fará é: “Porque é que o Rafa está incluído quando se retirou?”. A questão é válida e, tem uma alta probabilidade de se confirmar na totalidade esse cenário de Rafa Silva não voltar a vestir a camisola da selecção portuguesa enquanto Fernando Santos estiver no comando. Contudo, as últimas indicações dadas pelo próprio seleccionador, é que há uma “porta aberta” para um entendimento, e isto explica-se pelas ausências forçadas de Diogo Jota e Pedro Neto, para além do mau momento de forma de Gonçalo Guedes, escasseando-se o número de apostas para a posição de extremo/extremo-avançado.

Existe uma necessidade, que até podia ser suprimida como Nuno Santos – não acontecerá porque o atleta do Sporting CP nunca foi real opção -, pois o objectivo não é ter um elemento para o 11 inicial, mas sim para sair do banco de suplentes na procura de criar um jogo mais vertical e intenso na ala avançada e na ajuda aos laterais. Rafa encaixa neste papel e o barulho todo provocado desde a sua ausência da convocatória para os últimos jogos da Liga das Nações, poderá resultar nesta chamada. Irá isto tirar poder e palavra a Fernando Santos? Ou será um sanar de conflitos e uma mensagem positiva dada ao plantel? No entretanto, Roger Schmidt, treinador do SL Benfica, deu a entender que Rafa voltou a reforçar que não está disponível para a selecção.

Posto de lado o assunto de Rafa, olhemos para outras três inserções na selecção de Portugal que podem causar estranheza em alguns adeptos: Tiago Djaló; Renato Sanches; e Gonçalo Ramos.

TRÊS INCLUSÕES QUE PODEM CRIAR ALGUMA SURPRESA

Vamos começar pelo central do Lille, Tiago Djaló, que tem sido incluído nas últimas duas convocatórias da selecção nacional – não se estreou -, merecendo a confiança do corpo técnico pelas suas qualidades na antecipação, velocidade na saída com a bola controlada, jogo aéreo e posicionamento táctico. Para além destas qualidades, há ainda que adicionar a larga experiência adquirida na Ligue 1, sendo um dos centrais mais valorizados do campeonato francês fora o PSG. Ou seja, a inclusão do atleta formado em Alcochete não é de estranhar, mesmo que isto signifique tirar o lugar a Diogo Leite, Domingos Duarte, ou António Silva, três jogadores que se apresentam num excelente momento de forma. Porquê não chamar o atleta do Union de Berlin ou o jovem central do SL Benfica?

O primeiro por estar a realizar, finalmente, a sua primeira grande temporada sem “soluços”, não podendo ser uma opção 100% de confiança nesta momento; e o segundo porque apesar de estar a surpreender e encantar nos actuais 1ºs classificados da Bwin Liga, ainda revela sérios erros na comunicação defensiva, na reposição de bola e antecipação – vide Caldas, PSG, Juventus, por exemplo – estando ainda na curva inicial de crescimento.

Porque é que Renato Sanches cai na categoria de “estranheza” se for convocado para Portugal? Em virtude das lesões e falta de forma física, pois nos últimos 6 jogos foi titular em 3, e acabou sempre substituído aos 65′, estando ainda a tentar recuperar o vigor e fôlego dos seus melhores tempos no Lille. Contudo, Fernando Santos é um confesso admirador das qualidades técnicas e físicas do médio-centro formado no Seixal, e estando fora da lista de lesionados do PSG, vai receber a chamada para o Mundial, e a sua convocação encaixa dentro da mesma linha de ideias que Pepe, por exemplo – isto e apesar do central ter realizado mais minutos e melhores exibições nos últimos meses.

Gonçalo Ramos merece totalmente estar no 26 de Portugal pela boa época que está a realizar pelo SL Benfica, sendo que é esperado vir a ter pouca utilização durante o Mundial, uma vez que à sua frente estarão todas as outras opções para o ataque das Quinas. É um avançado possante nos duelos, consegue segurar o esférico com confiança, e tem a capacidade para desenvolver uma situação de ataque inteligente, móvel e letal, algo que poderá ser importante vindo do banco de suplentes. Sabendo que Beto, atleta da Udinese, poderia merecer a chamada pelas duas últimas excelentes temporadas realizadas ao serviço da Udinese, a verdade é que nunca foi incluído ou mencionado em qualquer convocatória anterior.

Existem outros atletas que podiam ter ficado de fora pela qualidade exibicional dos últimos quatro meses, como João Félix (só parece ter recomeçado a mostrar algo positivo nestes últimos jogos pelo Atlético de Madrid, continuando, porém, a ser extremamente inconsistente), mas os três mencionados acima são os mais debativeis a nosso ver.

Olhando para todas as nossas questões e respostas, o ponto que o leitor deve ter presente é um: Fernando Santos raramente “sai” fora da caixa nas convocatórias para fases-finais de um Mundial ou Campeonato da Europa, apostando nos 23/26 jogadores que mais trabalhou ou conviveu durante o processo de apuramento. Coesão é a palavra-chave, mesmo que isso represente algumas injustiças e críticas audíveis (em parte, justificadas), e quando se dá uma surpresa, raramente esse jogador ganha minutos durante essa competição, como aconteceu com Pedro Gonçalves no último Europeu. Ou seja, estes 26 deverão ser atletas que têm estado presentes na caminhada para o Mundial e Liga das Nações durante o ciclo 2021-2022, com o seleccionador a recusar-se em ir atrás de “vibes”, algo demasiado propagado por alguns comentadores/analistas. Fernando Santos confia plenamente em 15 jogadores, sendo que os restantes 9 são vistos como soluções de recurso de diferentes níveis de confiança, podendo nos indicar algo para como Portugal vai alinhar no Campeonato do Mundo.


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