Os “Glutões” do Mercado: Union Berlin, Sevilha, Aston Villa e Nápoles

Francisco IsaacSetembro 2, 20198min0

Os “Glutões” do Mercado: Union Berlin, Sevilha, Aston Villa e Nápoles

Francisco IsaacSetembro 2, 20198min0
Foi um mercado recheado de negócios de qualidade, profundamente louco por vezes e com alguns clubes a contratarem autênticos batalhões de jogadores. Destacamos quatro casos com o Aston Villa em foco!

Está fechado o Mercado de Transferências do Verão de 2019 e para variar foi recheado de uma gama variada de negócios: inteligentes (de Ligt na Juventus ou Griezmann em Barcelona), estranhos (Lucas Hernandez no Bayern de Munique por um valor absurdo em comparação à qualidade do defesa), bons (a contratação de Rony Lopes pelo Sevilha… mas já lá vamos), maus (os 20M€ que o Atlético de Madrid desembolsou por Felipe), estrondosos (Hazard no Real Madrid ou o valor pago pelo avançado português João Félix) e “baratos” (Ramsey e Rabiot na Juve por 0€).

No meio desta azáfama, quem foram os clubes mais activos no mercado entre as principais ligas? Se por Portugal foi o Famalicão o “campeão” com a chegada de 19 reforços, vamos então não só perceber quem são os outros “glutões” de mercado mas entender também se reforços em massa significou mudança da sua situação!

QUEM FOI O KÖNIGE DIE TRANSFERS DER BUNDESLIGA?

Augsburgo e Union Berlin, dois emblemas que querem fugir ao pesadelo da descida de divisão, atacaram o mercado de transferências com uma “fome” voraz reforçando-se com 13 e 14 jogadores, respectivamente. Se o Augsburgo gastou cerca de 31M€ entre Maio e Setembro, já o mesmo não se registou com a equipa histórica da capital que se apresentou no mercado com pouco orçamento mas foi capaz de adquirir atletas de qualidade apesar de estarem envoltos num facho de desconhecimento geral.

Só 5 das actuais 14 contratações provieram da Bundesliga e outras 4 vieram de 1ªs divisões europeias, reforçando-se com alguns nomes mais obscuros da segunda e terceira divisão do futebol alemão. Vamos escolher uma de cada um dos três “mundos” que apresentámos a começar talvez pelo nome mais conhecido, Neven Subotic. O sérvio regressou à Bundesliga depois de ter jogado época e meia no Saint Étienne, retornando então a um campeonato que não só conhece bem como chegou a levantar títulos, na altura ao serviço do Dortmund.

O central de 30 anos chegou de graça e adiciona experiência, serenidade e leitura defensiva de qualidade que pode vir a ajudar ao Union de Berlim a aguentar-se na principal divisão de futebol do futebol germânico. Internamente o destaque tem de ir para Anthony Ujah, internacional nigeriano que serviu o Mainz nas duas últimas temporadas, tendo custado 2M€ que a par do central Marvin Friedrich foi a contratação mais cara.

E finalmente, das divisões inferiores chegou Robert Andrich, atleta de 24 anos que nunca passara antes pela Bundesliga e que até agora é um dos totalistas da equipa comandada por Urs Fischer, revelando alguns traços curiosos no que toca a gestão de bola, isto para um jogador que deu um salto da 2ª para a 1ª divisão. O Union de Berlin só gastou 8M€ neste período de transferências e veremos até que ponto esta forma sensata, fria e austera vão valer uma possível permanência.

CLUBE DA REALEZA COM ORÇAMENTO DE REALEZA… MAS SEM FUTEBOL REAL

De um promovido para outro, passamos agora para para o último promovido do Champioship 2018/2019, o Aston Villa. Um dos clubes mais emblemáticos do futebol inglês e mundial conseguiu retornar ao principal palco de futebol mundial de clubes e nada melhor que ter uma atitude luxuosa e de ostentação no Mercado de Transferências já que dispensaram 150M€ divididos por 12 reforços diferentes, com o brasileiro Wesley a ocupar a cadeira da contratação mais cara (25M€).

Como já aludimos em outro artigo, o Aston Villa seguiu o mesmo papel do Fulham da época passada, pois os Cottagers também decidiram “despejar” libras e mais libras no Mercado de Transferências, afirmando-se como uma das principais equipas na arte de gastar dinheiro. Contudo, no final de contas nada lhes valeu dispensar cerca de 130M€… será que o mesmo vai acontecer ao Aston Villa? Vejamos então quem foram alguns dos nomes mais sonantes a chegar ao Villa Park.

Tyrone Mings depois de um ano emprestado ao Aston Villa acabou por assinar para os próximos quatro anos, tendo o Bournemouth recebido em troca 22,5M€ por um atleta que estava avaliado em 5M€… um negócio da “China” para os cherries. A fechar o pódio das contratações mais “caras” está Douglas Luiz, médio-centro que passou despercebido pelo Manchester City e que seguiu para o Girona por empréstimo nas duas últimas épocas, assinando com os Villains por 17M€ (os citizens fizeram 5M€ em lucro com o brasileiro de 23 anos).

Matt Targett, Ezri Konsa, Marvelous Nakamba, Trezeguet (veremos o que o egípcio poderá adicionar ao flanco da equipa de Dean Smith), El Ghazi, Tom Heaton, Bjorn Engels, Jota e Kortney Hause foram os restantes jogadores dos 150M€ gastos… ironicamente, estão no 18º lugar ao fim de 4 jornadas e não se augura uma época nada calma para os lados de Birmingham.

O SONHO DO SCUDETTO NOS REFORÇOS OFERECIDOS A ANCELOTTI

Não foram a equipa que mais milhões gastou em reforços (Juventus e Inter por exemplo passaram a fasquia dos 150M€) mas foi a que mais se mexeu durante o mercado de transferências, apresentando cerca de 14 novos nomes. O Génova também decidiu contratar quase por completo uma equipa nova, com a chegada de 22 reforços sendo que 10 provieram através de empréstimo e gastaram pouco mais de 48M€, mas parece-nos que o interesse deva recair nos napolitanos, até porque houve algumas surpresas tanto no que toca às chegadas como nos valores praticados por Aurelio De Laurentiis.

Comecemos talvez pela vinda de Hirving Lozano, o espectacular extremo mexicano que depois de várias épocas ao serviço do PSV conseguiu uma transferência para uma das ligas que compõem o “consórcio” das Big-5. Futebol atractivo, uma predisposição ofensiva fantasiosa próprio dos jogadores mexicanos e aquela capacidade de bater a bola de uma forma violenta e estrondosa são alguns dos pormenores que vão encher a ala do Nápoles nesta temporada.

Por isso, 40M€ bem aplicados num jogador que marcou logo no jogo de estreia… e por falar em golos, o grego Konstantinos Manolas chegou para combinar com Kalidou Koulibaly no centro da defesa e armar uma “fortaleza” com Meret como guardião, tentando convencer ambos que os milhões foram bem aplicados na sua contratação.

Mas um dos reforços mais interessantes e que vai merecer atenção nos próximos anos é a de Eljif Elmas, médio-centro  de 19 anos internacional pela Macedónia (estreou-se com 17 anos no escalão máximo). O departamento de futebol do Nápoles percebeu que tinha a possibilidade de capturar um “diamante em bruto” por uma quantia significativamente pequena para os dias de hoje (17M€) e que poderá fornecer um futuro ao meio-campo da equipa italiana, seguindo as pisadas de Marek Hamsik,  médio-ofensivo que chegou ao clube com apenas 20 anos, tendo se tornado uma das maiores referências dos Gli Azzurri.

128M€ aplicados, plantel rico em juventude e veterania, combinando experiência e virtude… conseguirá Carlo Ancelotti fazer o impossível na temporada a decorrer?

LOPETEGUI COM UMA EQUIPA DE SONHO NA MÃO?

Julen Lopetegui continua a receber todas as regalias possíveis sempre que assume um novo clube e o Sevilha não fugiu à regra, já que equipou o plantel principal com 15 reforços, alguns dos quais conhecidos do futebol português. É um Sevilha que se transfigurou por completo de uma época para a outra, vivendo de uma forma intensa e incrivelmente louca este defeso, já que negociou mais de 40 jogadores entre entradas e saídas.

Vamos começar pelos jogadores conhecidos pelos adeptos portugueses: Óliver Torres (12M€), Rony Lopes (25M€), Fernando Reges (4,5M€) e Nemanja Gudelj (custo-zero). Óliver foi sempre uma paixão de Lopetegui, e basta lembrar que foi uma das primeiras contratações do treinador espanhol quando assumiu o FC Porto em 2014, juntando-se agora o útil ao agradável.

A acompanhar o pequeno mago no “miolo” de jogo do Sevilha estão Fernando Reges, um dos jogadores-nucleares do FC Porto de Jesualdo Ferreira e André Vilas-Boas, e Nemanja Gudelj, vencedor de uma Taça de Portugal e Taça da Liga pelo Sporting Clube de Portugal, acrescentando experiência, poder de choque e inteligência no passe (mais no caso do sérvio que do brasileiro) à estratégia de Lopetegui.

Rony Lopes reforçou as alas a par de Lucas Ocampo (ex-Marselha) tentando fornecer bolas ao centro do ataque, partilhado por Munas Dabbur, Luuk de Jong e Chicarito, todos eles também new arrivals no emblema andaluz. Na defesa está a contratação mais cara, de seu nome Jules Koundé, ex-Bordéus. O central francês custou sensivelmente 25M€ e ainda não é perceptível qual vai ser o papel do sub-20 francês nesta temporada.

Diego Carlos, Joan Jordán, Maximilian Wöberm Yan Brice, Bono e Sergio Reguilón foram os restantes reforços e Lopetegui não se pode queixar do apoio prestado pela direcção do Sevilha, ficando à responsabilidade do treinador o futuro-próximo dos rojiblancos.


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