O que faltou ao plantel dos Três Grandes em 2022/23? pt.1

Ricardo LopesMaio 29, 20236min0

O que faltou ao plantel dos Três Grandes em 2022/23? pt.1

Ricardo LopesMaio 29, 20236min0
Podia o Sporting CP ter feito mais? E o FC Porto? Ricardo Lopes vê o que faltou ao plantel dos Três Grandes e tenta limar as arestas para o futuro

A temporada de 2022/23 está a chegar ao final, com as últimas rondas da maioria dos campeonatos europeus a ocorrerem no final do mês de Maio. Portugal não é a exceção e neste momento já é possível afirmar e estudar com alguma segurança o que faltou aos plantéis de Benfica, FC Porto e Sporting durante esta época e que não foram resolvidos na janela de mercado de Inverno, que ocorreu em Janeiro.

O CASO DO SPORTING CP

O Sporting mostrou que tinha o plantel com menos qualidade dos Três Grandes, pese o facto de que tenha elementos recheados de potencial, porém certas posições não estiveram ao nível desejado. Se o problema da falta de defesas centrais foi muito bem colmatado em Janeiro com a chegada de Diomande, a equipa manteve-se órfã de um (ou dois) elementos do meio campo e um avançado diferente de Paulinho.

Matheus Nunes saiu no Verão e nunca chegou um substituto real para o internacional português, que foi o motor do Sporting nas últimas temporadas e um dos melhores jogadores do campeonato português. A sua venda foi inclusivamente bastante contestada por Rúben Amorim, que já tinha visto João Palhinha sair (neste caso, Manuel Ugarte estava totalmente pronto para o substituir). Morita assumiu-se como titular e realizou exibições de qualidade. Ainda assim, especulava-se um outro nome para jogar ao lado de Ugarte ou de Morita.

Sotiris Alexandropoulos mostrou claramente necessitar de um empréstimo, de maneira a adaptar-se ao futebol português. 96 minutos no campeonato e um total de 17 partidas realizadas pelos verde e brancos é manifestamente pouco, para um jogador que custou mais de quatro milhões de euros e já era internacional grego, aos 21 anos. Porém, a legislação não permite que um jogador atue por três clubes diferentes durante uma época desportiva, o que levou a que o helénico tivesse praticamente um ano perdido, porque nem se conseguiu integrar em pleno, saltitando entre a equipa A e a equipa B, que possuem rotinas e objetivos muito distintos. Tal como Tanlongo, que chegou em Janeiro a «custo zero», é um jogador com margem de progressão, mas são demasiado jovens e oriundos de campeonatos distintos do português para se assumirem como titulares dos leões e como alternativas não irão crescer o esperado.

Se Tanlongo se pode manter no plantel principal para 2023/24, Alexandropoulos merecerá uma saída de uma temporada, preferencialmente numa equipa de meio de tabela da Liga Portugal, evitando que o jovem rume a um outro campeonato. A falta do tal médio fez com que Pedro Gonçalves tivesse que jogar no meio campo, estando mais longe da baliza, quando é o principal goleador do Sporting e um dos jogadores que consegue criar mais perigo aos adversários.

O Sporting terá a necessidade de ir buscar um titular absoluto para o meio campo. Não poderá ser um jovem que esteja em fase de crescimento, pois o Sporting já conta com alguns elementos com essa caraterística no seu plantel. A possível saída de Manuel Ugarte aumenta a urgência na dita contratação, podendo inclusivamente ter que se contratar dois elementos. Jean Lucas parece-me o nome ideal, já que vem de um campeonato top 5 da Europa, sabe desempenhar as funções de número seis e oito e tem um preço algo acessível para os cofres dos leões, que já passaram por melhores momentos. Caso a contratação do brasileiro falhe, Al Musrati seria um investimento muito pesado para o orçamento, mas o Sporting ganharia um titular absoluto.

A questão do ponta de lança prende-se igualmente pela carência de opções. Paulinho continuou a ser o nome principal do ataque leonino, porém não teve golo o suficiente para poder ser um titular do Sporting (menos na Taça da Liga, onde apresentou o nível que os sportinguistas desejaram que o ex-Braga tivesse sempre). Foi também uma temporada em que sofreu algumas lesões e Amorim lançou duas alternativas: um ataque móvel e Youssef Chermiti. Se existisse um jogador de qualidade e com golo no banco, possivelmente não se pensaria em lançar Chermiti (que é muito jovem e não está preparado para jogar consecutivamente na equipa A). Já em relação ao ataque móvel, é uma boa ideia se bem executada e trabalhada, como conseguimos ver na primeira parte do mais recente dérbi com o Benfica.

O Sporting deverá ter que investir um elevado valor nesta posição, embora haja o receio de que Paulinho continue como titular indiscutível. Faria algum sentido uma “visita” aos jogadores que atuam em Portugal, que não são baratos, mas já conhecem a realidade portuguesa. Osmajic é o nome mais agradável, embora esteja cedido pelo Cádiz, que irá passar por uma revolução no ataque em 2023/24. Mujica seria uma alternativa igualmente interessante. Fran Navarro poderá já estar assegurado pelo FC Porto, por isso não é considerado como uma potencial opção de mercado.

Uma outra posição que deverá sofrer mudanças é a de lateral direito. Pedro Porro era dono e senhor da posição, mas saiu em Janeiro para o Tottenham, entrando para o seu lugar o jogador do Barcelona, Hector Bellerín. Apesar de ser um nome impactante, a verdade é que Bellerín não fez esquecer Porro e Esgaio acabou por conquistar o lugar. O antigo jogador do Braga fez uma época em crescendo, deixando de ser o “patinho feio”, mas nunca chegando a “cisne”. Bellerín deverá sair no final da temporada, o que obrigará o Sporting a um investimento para a ala direita, sendo praticamente certa a manutenção de Ricardo Esgaio.

Gonçalo Esteves teve um 2022/23 para esquecer, somando más exibições e um empréstimo falhado pelo Estoril na primeira parte da temporada, podendo ser desconsiderado neste momento para a equipa A em 2023/24, admitindo que possa fazer a pré-temporada com os leões e surpreender. Um nome que, a meu ver, faria sentido o Sporting negociar é o de Sérgio Carreira. O ala direito espanhol é jogador do Celta de Vigo, estando cedido ao Villarreal. Conta com somente 22 anos e tem uma margem de progressão enorme. Tal como Porro, é melhor a atacar do que a defender e no campeonato português, numa equipa grande, faria todo o sentido, sendo um estilo de contratação típico do Sporting de Amorim/Viana/Varandas.

Naturalmente que não chegarão somente três novos jogadores para o Sporting. O emblema do José de Alvalade terá que vender uma ou duas peças importantes, já que falhou o apuramento direto para a Liga dos Campeões, o que obrigará à venda de elementos como Ugarte, Pote ou Edwards, que contam com bastantes interessados. São jogadores difíceis de se substituir, ou seja, qualquer operação de compra para os seus lugares terá vários milhões envolvidos.


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