Momento Mundal 2018 – O desespero de um campeão em queda

Francisco IsaacJunho 28, 20184min0

Momento Mundal 2018 – O desespero de um campeão em queda

Francisco IsaacJunho 28, 20184min0
O nosso 3º momento do Mundial coincide com uma queda de um super-campeão que abandona a competição cedo demais. O que correu mal para a equipa de Löw?

QUANDO O MUNDO CAIU AOS PÉS DE SON

Montagem do cenário e trama: os campeões mundiais em título estavam a 8 minutos de ficarem de fora da prova, necessitando de marcar no mínimo dois golos para dar volta ao jogo. Do outro lado entre uns jogadores de renome e outros perfeitos desconhecidos, estavam a pôr os adeptos do DesportoRei com os “olhos em bico” com um futebol prático e alegre, o que conferia outro contraste cromático ao espectáculo.

Entre uma boa parte da bancada em modo mute e outra com uns hinchas asiáticos aos pulos, o jogo decisivo caminhava para o fim. A Alemanha, a personagem principal desta estória, vivia numa situação que não se via desde o Euro 2000: em desespero.

Um caos táctico por completo, uma falta de vontade para jogarem bom futebol, uma equipa partida e um seleccionador que estava completamente perdido. A largos km’s de distância, a Suécia (que tinha sofrido uma derrota ao cair do pano contra os germânicos) estava a dar um show de bola ao México.

Mas bem, já montámos o cenário, a trama, as personagens e vamos agora o momento em que tudo se tornou um pouco mais real.

A Alemanha lutava desesperadamente pelo empate, tentando criar caminhos para a baliza de Cho Hyun-woo. Porém, o sul-coreano estava em modo supremo e nada, mas nada passava por si.

Nem Reus, Mario Gomez, Timo Werner ou Thomas Müller (afinal o Raumdeuter não resolve tudo, pois não?) inventavam um lance daqueles que deu a vitória na final do Mundial em 2014 (faltava o menino maravilha Götze), colocando em suspenso o público do Kazan Arena.

O desespero chegou a um ponto tal, que Manuel Neuer tentou se armar em Franz Beckenbauer (sim, não jogam na mesma posição mas Neuer tentou fingir que conseguia fazer tudo ao mesmo tempo)… ou seja, subiu até ao meio-campo contrário, fazendo-se passar por um falso líbero-médio-avançado, mas ao contrário da lenda do futebol mundial, o domínio de bola não correu bem, face a um excelente saque por parte de Ju Se-Jong.

O número 8 que tinha entrado aos 70 minutos, arranca a bola dos pés do guardião alemão, faz um rotação e mete um passe em profundidade sem olhar. Um passe astronómico que foi captado por Son Heung-min, a maior estrela, deste conjunto sul-coreano. O avançado galga metros, respira fundo e arruma com o jogo por completo.

Um momento que meteu a maior parte do Mundo do Desporto Rei a sorrir, rir ou paralisados. Para os adeptos alemães, o estado catatónico foi a única solução ou estado de espírito que se arranjava na altura.

Se o primeiro golo foi o triplicar do estado de alerta, elevando os níveis para o pânico geral, a segunda bola no fundo das redes simbolizava a morte do artista ou, como dizem os ingleses, adding insult to injury (não há uma tradução literal para esta expressão).

Este fim de um campeão mundial é/foi muito similar a uma peça de William Shakespeare, com o suposto herói a atingir o ponto mais alto da sua demanda, para depois se prostrar e ser apanhado num plot twist inesperado.

Há alguns meses atrás a maioria dos comentadores de futebol etiquetavam a Alemanha como a candidata nº1 (a par da Espanha) para ganhar o Mundial em 2018, afirmando que os campeões em título tinham um roster tão alargado, que até a sua equipa “B” podia ganhar a prova máxima de futebol a nível mundial.

Afinal, nem a equipa “A” teve capacidade de ultrapassar a fase-de-grupos, com um futebol paupérrimo, melancólico e fracassado. Será que tudo começou mal quando Neuer ganha o seu lugar a titular mesmo quando só jogou uns 360 minutos durante uma época inteira, em detrimento de Ter Stegen.

O fim de Joachim Löw ao comando da Alemanha foi uma desilusão completa e aquele golo de Son será lembrado como o último “prego do caixão” do Campeão Mundial de 2014.


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