Jogos às 21h00 durante a semana. Querem “matar” o futebol português.

Daniel FariaJaneiro 12, 20183min0
“21 horas + segunda-feira + 300 quilómetros = quem tem a culpa?”. Foi uma mensagem deixada pelos adeptos do Feirense, durante o encontro diante do Estoril, na Amoreira, que terminou com a vitória para o conjunto da Feira, por 0-2, na passada segunda-feira.

Uma “equação” reivindicada pelos adeptos – com legitimidade – que merece claramente atenção pelos responsáveis do futebol português. Jogos às 21 horas, em dias de semana, bem como aos fins de semana, afastam gente dos estádios. Como se o futebol português se pudesse gabar de elevadas assistências, há gente que acha por bem marcar jogos que terminaram praticamente às 23h00.

“Nós todos gostamos de ter o estádio cheio, um espectáculo com muitos adeptos… É evidente que um jogo a uma segunda-feira às 21 horas não traz muita gente. É normal hoje em dia na nossa sociedade acontecer isso”, referiu Nuno Manta Santos, em conferência de Imprensa.

“São coisas que a Liga tem de rever. Eu tenho de cumprir com as diretrizes, tanto eu como a equipa, e tentamos ser o mais profissionais possível”, sustentou.

“É evidente que para um adepto do Feirense ter de fazer 300 km num dia da semana não há muita lógica nisso, mas é o campeonato que temos e temos de cumprir”, rematou.

Palavras certas do treinador da equipa visitante. Estamos perante uma Liga que não pensa nos seus adeptos? É inadmissível os horários a que temos assistido nesta primeira Liga. Infelizmente, é uma ocorrência que “liga-se” com a sociedade e mentalidade portuguesa, de adiar as coisas ao máximo e achar que “dá sempre tempo”, seja a que horas for.

Porque não se segue, por exemplo, a Premier League? Jogos cedo, em que a partida mais “tardia” costuma ocorrer pelas 17h30. Por convenção cultural, claro. É uma pena. O campeonato português poderia ganhar com isso. Assiste-se à tentativa – frustrada – de jogos às 11h45, quando o último ocorre pelas 20h30, 21h00.

Assim, não há adeptos que “resistam”. O futebol não merece esta falta de cuidado de quem estabelece estes horários, que desrespeitam quem quer ver um jogo de futebol. As pessoas têm trabalho, família, deslocações a fazer depois do encontro. Quanto mais cedo for o jogo, melhor. Quem não gosta de deslocar-se ao domingo à tarde, pelas 16h00, por exemplo, para ver um jogo de futebol?

Exige-se cuidado nestas questões, porque são pequenas coisas que podem elevar o campeonato para outros patamares e melhorar as assistências nos estádios. Há inúmeras vantagens em optar por jogos com a luz do dia. Primeiro, é a poupança energética. Depois, as pessoas não “se assustam” com a hora tardia.

Só os jogos entre os grandes é que contrariam o cenário. No dérbi entre Sporting e Benfica, apesar do encontro ter arrancado às 21h30 (!), o Benfica registou a melhor assistência da temporada. De acordo com o jornal A Bola, estiveram no Estádio da Luz um total de 61.996 espectadores.

O recorde da época pertencia, até ontem, ao encontro da primeira jornada com o SC Braga, que havia registado 58.826 adeptos no reduto dos ‘encarnados’.

Com isto, quer-se dizer que o campeonato português não são só os grandes. É preciso dar atenção aos “pequenos” e chamar adeptos aos estádios desses jogos, que por vezes têm mais emoção e qualidade do que jogos que os ditos grandes protagonizam.

O Belenenses-Boavista, foi outro exemplo. Disputou-se às 21h00, na terça-feira. (Foto: MF)

Quer-se um campeonato mais unido, procurando salvaguardar os interesses de grandes e “pequenos”. O primeiro passo é ajustar estes horários, que prejudicam o futebol português, agudizando o problema das fracas assistências. Não matem o futebol!


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