FC Porto e os reforços de Inverno: relação complicada e sem proveito?

Francisco IsaacAbril 23, 20188min0

FC Porto e os reforços de Inverno: relação complicada e sem proveito?

Francisco IsaacAbril 23, 20188min0
Uma relação tumultuosa entre o FC Porto e os reforços de Inverno... terá o clube retirado os devidos dividendos ou as contratações consistiram num problema?

Por vezes, uma relação conflituosa onde os dois lados não conseguem retirar proveitos e em que não há qualquer entendimento positivo é necessário que se faça uma alteração, revisão ou mesmo um corte total. No caso deste artigo falamos da relação conflituosa e problemática entre o FC Porto e o Mercado de Inverno.

Optámos por analisar as últimas 14 idas ao Mercado de Janeiro, percebendo os números, que jogadores vieram e quando chegaram, qual foi o veredicto final da contratação, entre outros pontos.

Esta é a lista oficial de reforços de Inverno:

17/18 – Majeed Waris (250m€), Osorio (Emp. sem valores divulgados), Gonçalo Paciência (final do empréstimo) e Paulinho (Emp. sem valores divulgados)

16/17 – Tiquinho Soares (5,6M€)

15/16 – Moussa Marega (3,8M€), Suk (1,5M€) e Chidozie (subida da equipa B)

14/15 – Hernâni (3M€)

13/14 – Ricardo Quaresma (sem contrato)

12/13 – Izmailov (1M€) e Liedson (sem contrato)

11/12 – Marc Janko (3M€) e Lucho González (sem contrato)

10/11 – Não existiram reforços de Inverno no tempo de AVB

09/10 – Rúben Micael (3M€) e David Addy (700m€)

08/09 – Aly Cissokho (300m€) e Andrés Madrid (emp.)

07/08 – Não existiram reforços nesta época de Jesualdo Ferreira

06/07 – Wason Renteria (1,5M€) e Lucas Mareque (1M€)

05/06 – Marek Cech (1,5M€) e Adriano (1,2M€)

04/05 – Leo Lima (2M€), Ibson (2M€), Leandro (2M€) e Anderson (8M€)

PADRÃO OU COINCIDÊNCIA? DE FERNANDEZ A CONCEIÇÃO

As primeiras considerações que podemos fazer são as seguintes: o FC Porto contratou 8 brasileiros, 4 portugueses, 3 argentinos, 2 ganeses, 1 eslovaco, 1 francês,  1 austríaco, 1 russo, 1 sul-coreano, 1 maliano, 1 venezuelano, 1 colombiano e 1 nigeriano.

A contratação mais cara foi a de Tiquinho Soares, na qual os azuis-e-brancos dispensaram cerca de 5,6M€ pelo passe do artilheiro brasileiro. Contudo, há a questão de Anderson que foi contratado em Janeiro mas só chegou Julho de 2005.

O reforço mais barato foi Aly Cissokho, por 300mil€ (o lateral-esquerdo foi vendido ao Lyon por 16M€) contratado ao Setúbal na era de Jesualdo Ferreira.

Ricardo Quaresma, Lucho González e Liédson não tiveram qualquer custo, uma vez que chegaram ao Dragão após rescisões de contrato com os seus clubes anteriores. Ironicamente, os dois primeiros viriam a ser reforços de qualidade para o clube e o “levezinho” fez a tal “assistência” para o golo de Kelvin frente ao SL Benfica.

Ao todo, o clube gastou 42M€ em 18 jogadores, não considerando aqui os empréstimos (Andrés Madrid, Osório e Paulinho, sendo que estes dois últimos foram emprestados com uma cláusula de aquisição final) ou os jogadores que chegaram de forma “livre”. Em comparação com os rivais, o clube da Invicta gastou mais 7M€ que o Sporting CP e 6M€ em comparação com o SL Benfica.

Outras curiosidades vão para o facto dos dragões gastarem mais em épocas de crises: durante os últimos 5 anos, no qual não somaram qualquer título, o clube desembolsou 14,5M€. Paulo Fonseca não recebeu qualquer ajuda por parte da direcção (chegou Quaresma a custo-zero), mas já Julen Lopetegui recebeu Hernâni, uma contratação que nunca funcionou.

José Peseiro foi dos treinadores mais bonificados dos últimos anos, com a chegada de Marega, Suk e a subida de Chidozie… nenhum destes atletas rendeu durante essa faixa da época. Nota, que Marega só começou a funcionar com Sérgio Conceição, um ano e meio depois de ter assinado pelo FC Porto. Suk está praticamente fora do clube e Chidozie tem propostas da Ligue 1.

De mãos a abanar… (Foto: Lusa)

Nuno Espírito Santo recebeu o reforço mais “caro” do Mercado de Inverno dos últimos 14 anos, com a chegada de Soares por 5,6M€ pagos ao Vitória SC. Apesar de não terem conquistado qualquer título, foi, sem dúvida alguma, o reforço que melhor se adaptou à dimensão do clube com golos e uma excelente participação na época passada.

Com a chegada da troika da UEFA, o clube passou a estar completamente amordaçado a nível de finanças e, curiosamente, Conceição tem feito muito mais que os seus últimos homólogos… contudo, em outros tempos a direcção de Jorge Nuno Pinto da Costa teria desembolsado uns milhões por Paulinho e Osorio.

No caso do criativo do Portimonense, o FC Porto cedeu Galeno, Varela por empréstimo e Rafa Soares (rescisão), com os dois ex-B a não terem qualquer cláusula de contratação com a equipa algarvia.

Mas olhemos para outras épocas, como por exemplo a de maior sucesso com André Villas-Boas: campeonato, Taça UEFA e Taça de Portugal foram conquistadas por um plantel que foi o mesmo do princípio ao fim da temporada. Não chegaram quaisquer reforços ao Dragão e, em parte, deve-se à equipa técnica liderada por Villas-Boas.

Vítor Pereira, sentiu algumas dificuldades para segurar os títulos de campeão e a direcção percebeu esses problemas oferecendo ao treinador quatro jogadores no espaço de 2 anos (Lucho Gonzalez, Ricardo Quaresma, Janko e Liedson).

Durante o período do tetra que foi desde Co Adriaanse a Jesualdo Ferreira, o FC Porto foi activo no mercado, à excepção de 2007/2008. Contudo, os gastos dessa fase não foram tão altos como na época de José Luis Fernandez e José Couceiro, ano madrasto para o clube já que perderam em todas as competições. Na era Adriaanse-Ferreira foram dispensados 5,5M€, enquanto que com o espanhol e o português receberam três reforços, com cada um a custar 2M€.

OS QUE RENTABILIZARAM, OS QUE FICARAM A ZEROS E OS PROBLEMÁTICOS

Posta a análise aos números, existe um padrão curioso da gestão da SAD azul-e-branca com reforços de qualidade dúbia nesta janela de transferências, que na maioria das vezes desiludiram no período imediato da sua contratação. Vejamos que Léo Lima, Leandro, Renteria, Mareque, Madrid, Addy, Liedson, Izmailov, Hernâni, Suk, Marega, Waris, Osorio, Paulinho, Chidozie e Paciência foram desilusões completas no Janeiro-Maio que entraram no plantel.

O caso de Marega é, contudo, diferente dos restantes já que nas duas últimas valorizou-se com duas excelentes temporadas no Vitória SC e no FC Porto. Ou seja, um fracasso em 2016, mas um sucesso em 2017/2018. Todavia, foi o único que realmente deu a volta por cima e reencontrou o seu lugar no clube.

Ibson, por outro lado, foi um jogador que conquistou o público português mas acabou por não convencer Jesualdo Ferreira. Todavia, o médio-centro brasileiro saiu do Dragão por 4,2M€, um valor bem superior ao que custou em 2005.

Em termos de reforços de Inverno que valorizaram-se e saíram por um valor alto há o caso singular de Cissokho. O lateral francês chegou vindo do Vitória FC, onde estava a efectuar uma temporada de bom nível, e rapidamente ganhou não só o lugar no onze (as outras soluções eram de qualidade inferior) como ganhou reputação no Mercado… viria a sair no final da temporada para França por 16M€.

Na lista segue-se Rúben Micael que viria a abandonar o Porto para seguir viagem para Madrid por 5M€, numa altura em que o FC Porto conseguia vender os seus jogadores por preços altos.

Bem, mas no meio desta análise aos números e aos nomes, o que podemos concluir das movimentações de mercado do clube da Invicta? No geral, os reforços que chegaram ao Aeroporto Sá Carneiro, nunca renderam o que se esperava deles. Em 25 contratações, só 8 jogadores conseguiram ser reforços na acepção da palavra, afirmando-se no plantel, deixando uma “pegada” profunda no clube.

Os restantes 17 jogadores representaram um fracasso ou um breakeven nas contas do clube. Em períodos que o clube está sem ganhar é o momento em que se registam as contratações mais duvidosas e que acabam por não ajudar em nada o plantel ou clube. A maioria passa de reforço da equipa principal, para empréstimos “forçados” e rescisões unilaterais.

Sérgio Conceição queixou-se por mais que uma vez de que necessitava de reforços, especialmente após um Dezembro exigente e no qual surgiram os primeiros sinais de cansaço.

Sem o poder económico de outrora, o FC Porto foi ao mercado em busca de empréstimos ou recuperações de jogadores, com a chegada de Waris (o ganês mal jogava no Lorient, que está na segunda divisão), Paciência (até ao momento jogou apenas 180 minutos), Osorio (único jogo que actuou ficou extremamente ligado à derrota, responsável pelos dois golos do CF “Os Belenenses) e Paulinho (125 minutos, zero golos e zero assistências…).

Todos eles estão neste momento etiquetados como contratações-fracasso e será interessante perceber se os emprestados são para se manter e se Paciência ficará no plantel.

Numa altura em que o clube está com sérios problemas de tesouraria, é altura do FC Porto começar a trabalhar com outro afinco na janela de transferências de Janeiro de forma a garantir outro tipo de sucesso, que outrora trouxe boas novidades para o clube.

Falsa-partida para Waris (Foto: Lusa)

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