Brahimi será ou não uma (grande) perda para o FC Porto?

Francisco IsaacDezembro 8, 20185min0

Brahimi será ou não uma (grande) perda para o FC Porto?

Francisco IsaacDezembro 8, 20185min0
Com o contrato perto do fim, Yacine Brahimi poderá estar a escrever os seus últimos dribles no FC Porto. Será uma ausência sentida e recordada ou passará rapidamente à História?

OS NÚMEROS DO PASSADO E PRESENTE

Yacine Brahimi, um nome que marcou o FC Porto nos últimos 4 anos muito devido às fintas mirambolantes, os dribles geniais (e por vezes excessivos), as jogadas tiradas da “cartola” e golos fascinantes, está à beira do seu fim de relação com o clube que o lançou ao mais alto nível na Europa, uma vez que o contrato está à beira de expirar.

Entre altos e baixos, entre fases extraordinárias a menos compreendidas (recordar que para Nuno Espírito Santo o argelino não contou durante os primeiros quatro meses da época 2016/2017) e entre o bom e o mau, será que Yacine Brahimi merecerá ser lembrado como um dos melhores extremos a passar pelo clube nos últimos 20 anos? Ou foi um simples bom jogador com alguns detalhes de génio?

Olhando só para a época actual, Brahimi está menos expressivo nos números e com menor impacto na conclusão de jogadas e de momentos decisivos no clube, sendo uma das pequenas desilusões dos actuais campeões nacionais.

É uma entrada polémica e, para alguns, completamente injusta uma vez que o FC Porto detém a liderança partilhada da Primeira Liga, assumindo-se como o 2º melhor ataque para além de ser, neste momento, a equipa que apresenta o futebol mais versátil e enérgico do momento. Contudo, e mais uma vez, Brahimi tem sido menos preponderante em comparação com a temporada passada e os números provam desde logo essa tese (só jogos da Liga NOS):

2018/2019 – 12 jogos (todos como titular), 3 golos e 1 assistência;

2017/2018 – 12 jogos (todos como titular), 3 golos e 3 assistências;

Se há uma ligeira queda tanto nos tentos marcados como nos últimos passes convertidos em golos (mas ainda assim relevante), o segundo factor mais importante passa pela leitura de contexto e da sua qualidade exibicional. Brahimi sente mais dificuldades em se escapar pela ala esquerda, com uma marcação não só mais cerrada como mais eficiente na aproximação ao detalhe técnico, o que impossibilita aqueles desequilíbrios importantes.

O argelino está menos confortável no momento final, sendo curioso a forma como laterais e centrais sonegam o espaço ao extremo nos últimos metros, forçando um mau passe ou um remate atabalhoado na maioria das ocasiões.

Não só isso, como também apresenta-se mais egoísta para com os colegas de equipa, exagerando muitas vezes até onde leva a bola e pouco expedito no momento de fazer um passe letal. Tem optado por arriscar até a um ponto de não retorno muitas vezes contra a corrente do que a equipa precisa.

Mais perdas de bola, só com 78% de passes certos, menos propenso a descobrir linhas de passe no terço-final e, por vezes, demasiado nervoso, Brahimi está menos decisivo em comparação com a última temporada ou a primeira de Julen Lopetegui.

ENTRE O FUNDAMENTAL E O ESTANCAR DA ALA ESQUERDA DO FC PORTO

Não significa isto que o argelino não tenha sido fundamental em alguns jogos do FC Porto nesta época, pois já “salvou” os Dragões de um empate caseiro frente ao Tondela, jogo em que realizou um passe de excelência para Tiquinho Soares fazer o golo. Mas falta mais Brahimi decisivo ao jogo ofensivo do FC Porto, impedindo que a equipa seja tão expansiva e dinâmica num sector de jogo que precisa do brilhantismo do jogador norte-africano.

Para isto também ajudou, negativamente, a falta de um médio-interior que proporcionasse uma linha de passe eficiente, rápida e directa para a aboradagem rápida de Brahimi, sendo que só com o regresso de Óliver se deu uma reviravolta. E a falta de expressão nos números ofensivos dos azuis-e-brancos não se fica pelo argelino, pois Alex Telles regista uma quebra em comparação com o ano transacto no qual assistiu por 20 ocasiões os seus colegas de equipa.

A falta de impacto da ala-esquerda não se deve só pela falta de acerto, mas também pela melhor leitura defensiva dos adversários, que perceberam um dos maiores sucessos do FC Porto em 2017/2018.

O FC Porto continua líder incontestável (e justo) do Campeonato Nacional, pode vir a fechar a fase-de-grupos da Liga dos Campeões sem derrotas e com um só empate, para além de estar activo em todas as outras frentes. Brahimi, um dos elementos imprescindíveis do ataque de Sérgio Conceição, pode estar menos expansivo no acto da decisao final do emblema da Invicta mas isso não significa que deixou de ser uma ameaça constante para quem está do outro lado do campo.

Veja-se o encontro frente ao Portimonense, no qual a ala esquerda do FC Porto foi fundamental para conquistar a reviravolta frente aos algarvios. Brahimi terminou com um golo, não fez qualquer assistência mas deu um completo “show” aos adeptos que se deslocaram ao Dragão para assistir ao jogo da equipa.

O que vai a História do FC Porto e do Futebol Português dizer de Brahimi? Os títulos poderão ditar o timbre dessas recordações, mas não há dúvidas que será visto e referenciado como um dos jogadores mais brilhantes com o esférico nos pés, capaz de mudar as rotinas e momentos do jogo de um momento para o outro, ao som e jeito de um “tango” invariavelmente de boa qualidade e que apaixonou adeptos de forma constante.

No final do contrato em Maio de 2019, o internacional da Argélia irá contar com 29 anos e clubes interessados não faltarão. Resta saber se o FC Porto tem margem de manobra para o manter no plantel ou se a época 2019/2020 será de uma profunda remodelação do plantel dos Dragões.


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