Ledman Liga Pro: O que falta aos candidatos à subida?

Francisco IsaacMarço 26, 201812min0

Ledman Liga Pro: O que falta aos candidatos à subida?

Francisco IsaacMarço 26, 201812min0
Faltam 8 jogos para que o gongo soe na Segunda Liga e clarificamos o que falta aos candidatos para conseguirem a subida! 6 na contenda, mas só 2 vão lá chegar!

O Fair Play faz uma das últimas antevisões para o que resta da Ledman Liga Pro, observando o que falta aos candidatos à subida. Mas quantos concorrentes podem chegar a esse objectivo? Neste momento CD Nacional, Penafiel e Arouca dividem o 1º lugar do pódio com 53 pontos, estando empatados a nível de pontos mas separados pelos critérios de desempate, com vantagem para os alvinegros.

Segue-se o CD Santa Clara com 52 pontos e a Académica de Coimbra com 51, elevando a luta para um patamar traumatizante, espectacular e impróprio para cardíacos (ou para qualquer outro tipo de patologia que os atormente).

Ainda podemos ir um pouco mais além e acreditar que o Académico de Viseu ainda tem uma palavra a dizer, estando a apenas 6 pontos do primeiro lugar, ou seja, nada para a temporada em questão.

Infelizmente, o SC Leixões e o FC Famalicão já estão “praticamente” excluídos da corrida à subida (matematicamente ainda têm hipóteses atenção), mesmo depois de terem atravessado excelentes momentos de forma em certos momentos desta temporada.

Vamos então ver o que resta a cada um dos seis candidatos, perceber se têm os argumentos necessários para lutar até ao fim e quem é que podem ser os heróis da subida (quem se esquece daquele golo de livre directo de André Carvalhas que deu a subida ao Tondela, num momento inesquecível para o futebol português?) da Ledman Liga Pro.

CD NACIONAL

Nível de exigência: Alta
Principal ameaça: Académica de Coimbra e FC Arouca
Últimos 5 jogos: V-V-E-V-V
Última derrota: Famalicão (fora) a 4 de Fevereiro

Os nacionalistas já estiveram em 3º, depois caíram a certa altura para 8º e agora já ocupam o 1º lugar, um cenário completamente novo para Costinha na sua carreira como treinador (na Académica de Coimbra nunca foi para além do 3º ou 2º lugar).

São neste momento o melhor ataque do campeonato com 59 golos marcados (seguindo-se a Académica com 53 e Penafiel com 46) e muito se deve ao trabalho de qualidade de Ricardo Gomes no centro da área, com o extremo convertido a ponta-de-lança a assumir o 2º lugar de melhor marcador da Ledman Liga Pro com 16 golos até ao momento.

Murillo, o fantasista brasileiro emprestado pelo Barra FC, amadureceu e ganhou outra visão de jogo, assumindo alguma preponderância no ataque dos nacionalistas (13 golos marcados e 6 assistências), com Camacho a garantir estabilidade na ala direita do ataque (apesar de estar num ritmo intermitente a nível exibicional).

Já falámos da defesa do Nacional, que apesar de não ser a menos batida é das mais técnicas a sair com a bola e que gosta de participar na construção de jogo, há que falar do meio-campo alvinegro que tem estado irrepreensível: Christian, Vítor Gonçalves, Jota (ou Kaka, mas o médio brasileiro não tem sido opção nos últimos jogos).

A boa gestão de jogo, os passes bem medidos e o jogo de inteligência têm sido preciosos para as aspirações do Nacional da Madeira.

Então e o que resta de jogos ao Nacional? Dos últimos 8 jogos, o Nacional recebe dois candidatos à subida, destacando-se a Académica (7 de Abril) e Santa Clara (14/15 de Abril) em casa. Fora de portas vem o jogo mais complicado, Arouca, que está agendado para a penúltima jornada do campeonato.

De resto, o encontro com o Leixões também pode ser classificado como difícil, reservando-se para um nível médio os jogos com o Vitória SC “B”, Gil Vicente e o aflito União da Madeira.

É obrigatório não perder em casa, especialmente com os candidatos directos, e fora há que garantir 9 dos 12 pontos disponíveis.

FC PENAFIEL

Nível de exigência: Alta
Principal ameaça: Académica de Viseu e FC Arouca
Últimos 5 jogos: V-E-V-V-V
Última derrota: Varzim (casa) a 10 de Fevereiro

A verdadeira essência do que é o trabalho de equipe, o Penafiel tem feito um trabalho valoroso nesse sentido, com um jogo virado para o colectivo sem deixar de lado os apontamentos mágicos que alguns dos seus jogadores presenteiam o público com.

Armando Evangelista assumiu o cargo de treinador em Setembro, após um início de época intermitente dos penafidelense, que nada fazia prever que em Março de 2018 estariam na luta directa pela subida.

Com Gleison e Fábio Fortes a trabalharem bem nas alas, o Penafiel não tem tido um matador assumido, mas Fábio Abreu vai preenchendo a sua quota de golos decisivos (golos de vitória contra o Santa Clara ou Sporting CP “B” na primeira volta) tendo agora a sua prova de fogo com os próximos 8 jogos.

Com um futebol equilibrado, existe um gosto por fazer golos e de dominar os ritmos de jogo, o Penafiel é uma equipa que gosta de assumir o risco com o duplo pivô compreendido entre Braga e Romeu Ribeiro.

Em termos de jogos, os penafidelenses vão ter um final de temporada menos complicado em comparação com o Nacional por exemplo. Recepção ao SL Benfica “B” e Oliveirense, com o Académico de Viseu a ser o visitante mais complicado. Contudo, o Penafiel vai estar quase em tour com 5 jogos fora, contando-se uma visita que pode ser decisiva ao Arouca, sendo que ainda há Leixões, Covilhã, Gil Vicente e Vitória SC” B”.

FC AROUCA

Nível de exigência: Alta
Principal ameaça: Nacional e Santa Clara
Últimos 5 jogos: D-V-E-V-V
Última derrota: Varzim (casa) a 25 de Fevereiro

Um início de época assustador parecia destinar o Arouca a lutar pela manutenção e não pela candidatura à Liga NOS, apesar de ter sido um dos emblemas que melhor se reforçou no defeso. Jorge Costa tentou “dominar” o plantel com uma certa mão-de-ferro que acabou por surtir os efeitos contrários desejados, levando à rescisão do antigo centro do FC Porto.

Miguel Leal, treinador com uma vasta experiência na Liga NOS, aceitou o desafio e aos poucos foi recuperando uma equipa que estava com dificuldades em apresentar um futebol digno de um clube que esteve ainda alguns anos na principal divisão de futebol profissional em Portugal. Felizmente para as hostes arouquenses, tudo mudou a partir de 22 de Dezembro.

Porquê a partir dessa data? O Arouca entre esse dia e 18 de Março só consentiu uma derrota (frente ao Varzim), conquistando 28 pontos em 40 pontos, o suficiente para passarem de um 10º para um 3º lugar, alterando por completo a rota de acontecimentos.

E há personagens principais desta estória cheia de voltas e reviravoltas? A maior delas todas é o líder deste elenco, de seu nome Nuno Coelho, um dos nomes que acompanhou com lealdade o clube até à segunda liga.

Com 7 golos marcados e 2 assistências, o show de Coelho vai muito para lá de números, com o seu engenho para arranjar soluções no meio-campo, abrindo boas linhas de passe, mantendo uma voz de comando activa.

Solidariedade é uma palavra que define o plantel de Miguel Leal, já que apresentam neste momento a melhor defesa com 26 golos sofridos, muito graças ao trabalho do quarteto defensivo… onde até aparece Nuno Coelho em certos momentos da temporada ao lado de Deyvison. A experiência de Bracali entre os postes é inegável, com uma experiência que garante estabilidade e segurança.

Em termos de jogos, o Arouca tem quatro jogos que vão decidir o seu futuro nas suas pretensões de voltar à Liga NOS: Santa Clara (fora), Leixões (fora), Penafiel (casa) e Nacional (casa). De resto, há umas visitas às formações B do SL Benfica e Vitória SC, uma vista ao Leixões e à Oliveirense (último jogo do ano). Conseguirá Miguel Leal manter a excelência dos últimos jogos?

CD SANTA CLARA

Nível de exigência: Média-Alta
Principal ameaça: Nacional e Arouca
Últimos 5 jogos: V-E-V-D-V
Última derrota: Penafiel (fora) a 3 de Março

O sonho de voltar a viver entre os grandes pode ainda ser uma realidade para a equipa de Carlos Pinto, que tem vivido uma temporada de altos e baixos. Já esteve nos dois primeiros lugares, como já esteve a 7 pontos do 1º, fruto de uma vaga de lesões complicada de ultrapassar.

Agora com o plantel praticamente a 100%,a equipa onde mora um dos melhores avançados da Liga Pro, tem tudo para conseguir voltar a subir de divisão, algo que lhes foge desde o início do século XXI.

Thiago Santana, o tal avançado que falávamos, tem um pé de lã fantástico capaz de abrir caminho para vitórias importantes, como foi o caso contra o Vitória SC “B” em que Santana marcou e deu a marcar, construindo o 2-0 final.

Já falámos do projecto do Santa Clara a meio da temporada, explicando como funciona o sistema táctico e as ideias de jogo de Carlos Pinto para estes açorianos que gostam de transitar de um futebol calmo e de gestão, para rápidas incisões em que o meio-campo tenta dar contribuição nos últimos metros do terreno de forma a possibilitar a dar maior liberdade de movimentos aos avançados.

Em termos de campeonato o CD Santa Clara vai ter algumas viagens de perigo máximo, como a ida à Madeira para jogar frente ao Nacional, a Matosinhos para gladiar-se contra o Leixões e termina a época em Viseu.

O jogo crucial passa pela recepção ao Arouca que está agendado para 10/11 de Abril, naquele pode ser o jogo de vida ou morte para qualquer uma das equipas.

Os aflitos Oliveirense e Real SC parecem ser desafios fáceis, mas aviso à navegação, o facto de estarem aflitos não significa que serão de fácil ultrapassagem.

ACADÉMICA DE COIMBRA

Nível de exigência: Média;
Principal ameaça: Nacional de Coimbra e FC Porto “B”
Últimos 5 jogos: E-E-V-V-D
Última derrota: Arouca (fora) a 18 de Março

Ricardo Soares tem um desafio enorme à sua frente… dar a subida à Académica de Coimbra, uma subida que é encarada como o tudo ou nada para o futuro da Briosa. E há argumentos para lutar por esse sonho?

Vejamos os pontos a favor: possuem um médio-centro de qualidade elevada, que pode ganhar mesmo o título de melhor português da Liga Pro chamado de Francisco Machado ou, como é mais conhecido pelos seus adeptos, “Chiquinho”;

Donald Djoussé, um dos avançados mais matreiros e ágeis desta divisão, já conta com 10 golos na sua conta pessoal (decidiu o Académica-Nacional com um golo aos 20 segundos de jogo) e a sua ausência em Arouca foi sentida;

Defesa experiente e altamente apetrechada para os melhores ataques da liga (contra o Arouca cedeu nos minutos finais do jogo) com José Castro e João Real a formarem uma das melhores duplas da Liga Pro.

A Académica quando quer tem um futebol apaixonante, com uma intensidade animada

São argumentos mais que suficientes para os adeptos dos “estudantes” sentirem-se motivados para o que aí vem em termos de campeonato, já que a deslocação de maior perigo é no reencontro com Costinha (treinador da Briosa na época passada) na Choupana. A Académica vai ainda receber o FC Porto “B”, Oliveirense, Real e Cova da Piedade.

Nota para dois jogos que são “perigosos” dependendo da forma como entrarem no jogo: Famalicão (arredado da luta pela subida, mas já com a manutenção assegurada) e Varzim (a equipa de Nuno Capucho já causou problemas e derrotas ao Penafiel por duas vezes, Arouca e Santa Clara) ambos à Académica na condição de visitante.

ACADÉMICO DE VISEU

Nível de exigência: Média;
Principal ameaça: Santa Clara e Penafiel
Últimos 5 jogos: E-D-V-V-D
Última derrota: Famalicão (casa) a 25 de Março

A 6 pontos do 1º lugar (ou de qualquer um dos lugares da subida), o Académico de Viseu de Manuel Cajuda ainda tem uma vã esperança em lá chegar. Como? Bem só têm dois jogos com concorrentes directos, de seu nome CD Santa Clara que está reservado para a última jornada da Liga Pro e Penafiel (fora, na penúltima).

De resto, recebem os aflitos do Gil Vicente, Real SC, União da Madeira e SC Braga “B”, para além do sempre difícil de ultrapassar Varzim e Covilhã. Se conquistarem pontos contra os seus adversários directos pela subida e ganharem 70% dos outros jogos pode ser que ainda haja Viseu na Liga NOS em 2018/2019.

Seria o regresso de Peçanha aos grandes palcos nacionais (já conta com 38 anos!) e um prémio digno para jogadores como Bura (centralão do Viseu tem sido uma “torre” quase inultrapassável dos viseenses), Pica, Joel Pereira, Avto e Barry, atletas que têm feito uma temporada acima da média.

Mas este Viseu é capaz do melhor e o pior, tanto tem um futebol bem trabalhado na profundidade, com lançamento de bolas compridas, em que os seus laterais metem na cancha de modo a que haja um desvio para as redes, como conseguem estar perdidos no meio-campo abrindo espaços na defesa bem problemáticos de defender (veja-se o jogo com o Penafiel em casa, em que perderam por 4-1).

Será que Manuel Cajuda vai conseguir subir mais uma equipa ou o Viseu torna a “morrer na praia” como na temporada passada?


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