Mercado na Ledman Liga Pro: as transferências que mudam tudo
O Fair Play fez uma leitura das transferências que decorreram neste Mercado na Ledman Liga Pro durante o período “invernal” e destacámos algumas das trocas mais sonantes ou que vão mexer invariavelmente com as dinâmicas de uma dada equipa. Desde a chegada de um dos jogadores mais experientes da Primeira Liga (apesar de ainda não ter chegado aos 30!), a perda do “matador” principal ou a saída de um dos mágicos, muito aconteceu neste Janeiro!
VARELA PASSA DE PORTO PARA PORTIMÃO…
O FC Porto “B” lidera a Ledman Liga Pro, assumindo-se como a melhor equipa tanto em termos classificativos assim como de futebol. Porém, Janeiro pode ter sido um mês semi-mortal para a formação secundária dos azuis-e-brancos. Porquê? Saídas do ponta-de-lança Galeno (que chegou a alinhar pela equipa principal durante os primeiros meses desta temporada) e do “mágico” de serviço, Fede Varela.
A saída de dois jogadores influentes para o Portimonense foi resultado do negócio Paulinho, já que o médio brasileiro ingressou no plantel de Sérgio Conceição mas, irremediavelmente, tirou profundidade e armas ao de António Folha. Para estas saídas estava “encaixado” Rui Costa, avançado que despontou na Liga Pro pelo Famalicão, com 11 golos.
Todavia, um detalhe burocrático (já tinha sido inscrito por 3 clubes nesta temporada) arrancou-o da lista de opções e acabou devolvido ao clube de Portimão, o detentor do passe.
Ao todo Galeno e Varela contribuíram com 13 golos e 11 assistências, deixando o FC Porto “B” algo descoberto na frente de ataque… desconhecem-se, para já, regressos à equipa ou novos reforços e isso pode significar o fim do domínio da equipa de Folha na Liga Pro.
FAMALICÃO E ALTERAÇÃO DE ROTA
A equipa do Famalicão entrou numa roda de maus resultados e o primeiro a sofrer as consequências foi o treinador Dito, que até vinha a fazer um bom trabalho ao comando da formação.
Mas as cinco derrotas consecutivas foram o argumento utilizado pela direcção do clube famalicenses, uma vez que agora ocupam o 10º lugar, quando já ocuparam o 2º. A saída de Dito, para a entrada de Vasco Seabra, abre o pressuposto que ainda há uma aposta na subida de divisão.
Para além desta mudança de mercado, houve outra significativa… Rui Costa, o striker que vinha a dar criatividade e golos ao ataque do FC Famalicão.
O jovem avançado português vinha a ser um dos melhores desta formação, com um excelente trabalho entre o meio-campo ofensivo e a pequena área, onde tanto podia surgir como último homem ou a conduzir a bola na procura de algum colega que viesse lançado.
Perante esta saída a formação de Famalicão foi buscar dois bons reforços à Liga NOS: Fabinho, do CD Feirense, e Vasco Costa, emprestado pelo Setúbal. O primeiro tem 23 anos, mas uma experiência enorme na Ledman Liga Pro, tendo sido um dos MVP’s na altura da subida do clube de Santa Maria da Feira, sendo um bom médio criativo com capacidade de abrir linhas de passe e inventar boas saídas para o ataque.
Vasco Costa, por sua vez, tem estado sempre nos últimos plantéis da formação do Sado, sendo pouco utilizado por José Couceiro nas duas últimas temporadas. Não deixa de ser um jogador trabalhador, com bons picos de intensidade e trabalho na zona interior.
Não deixa de ser uma incógnita atenção, já que a saída de Rui Costa é problemática para as aspirações do Famalicão… mas uma equipa candidata à subida não vive dependente de um jogador, vive sim à base de um colectivo.
BATATINHA DÁ À COSTA DE SÃO MIGUEL
O Santa Clara tem baixado de forma, mas ainda está na contenda pela subida, uma vez que está a 5 pontos do 2º lugar da Ledman Liga Pro. As lesões têm sido um problema que Carlos Pinto tem tentado fintar a todo o custo, mas a certa altura deparou-se com cinco médios lesionados.
A questão de jogadores de fora por razões físicas forçou a direcção do Santa Clara a tomar uma decisão: recuperar Batatinha.
O extremo (que pode cair para o meio, se existir essa necessidade) estava no Gil Vicente mas a experiência não estava a ser de toda proveitosa e depois de jogos pouco conseguidos, voltou a ser chamado para o plantel de Carlos Pinto. Não é um super-reforço, mas é um reforço.
Batatinha em 2016/2017 foi dos melhores jogadores do Santa Clara, e isso foi de tal forma evidente que o GD Chaves, da Liga NOS, contratou o avançado, fazendo parte do plantel de Ricardo Soares até ao final da época transacta.
Mas a vida nos flavienses não foi “doce” com a chegada de Luís Castro e o brasileiro acabou mesmo na porta de saída em direcção a Barcelos. Janeiro chegou e o Chaves decidiu rescindir com Batatinha, abrindo caminho para voltar a São Miguel. Já jogou 20 minutos, não tendo conseguido alterar o rumo da sua equipa frente ao Covilhã.
Agora é suficiente só este reforço para o Santa Clara? Se o desejo é voltar a lutar pelos lugares cimeiros, talvez é necessário algo mais, mas o mercado já está prestes a fechar e o tempo escasseia.
¡CANALERO! Alfredo Stephens, entró al 74' en la victoria de su equipo, @SantaClaraWorld 1-0 ante Cova Piedade @alfredostephens #JMDeportes pic.twitter.com/MTDJai8Zgn
— JM Deportes (@JMDeporte) January 14, 2018
DUPLA CARTADA PARA CAPUCHO
Nuno Capucho enfrenta uma situação muito delicada no Varzim e para tal foi necessário ir ao mercado, de forma a dar algo mais a uma equipa que está, a todo o custo, evitar a descida de divisão. Quem foram os grandes reforços? Buba e Stanley do Portimonense.
Estas foram as duas principais “cartadas” do plantel poveiro, sendo que tanto um como o outro vieram precisamente para dar outro vigor no centro do ataque.
Stanley, um ponta-de-lança nigeriano, já teve impacto nos últimos jogos do Varzim com o golo marcado frente ao Leixões a resultar num empate precioso para os poveiros. Buba, por sua vez, poderá não apanhar o “comboio” já que apresenta vários problemas em termos de forma física.
Tem um remate potente e colocado, sabe arrastar os defesas mas faltam algumas valências para ganhar preponderância tanto na Liga NOS como Liga Pro.
O grande reforço foi, talvez, Luís Alberto, trinco que passou pelo SC Braga há uns anos atrás entrou directamente para o onze de Capucho e aquele vigor físico e capacidade de recuperação de bola ainda existem no brasileiro.
Aos 34 anos já não tem capacidade física de outros tempos, mas ainda é capaz de fazer a diferença no “miolo” do terreno. A experiência é, acima de tudo, um ponto extremamente positivo e a favor da sua utilização.
DEPOIS DA DESUNIÃO, O UNIÃO VOLTA EM FORÇA
O União da Madeira foi a equipa que mais mexeu na Liga Pro, registando-se 18 trocas num espaço de tempo muito curto. E porque é que aconteceu isto? O plantel madeirense está a enfrentar uma situação económica muito frágil, com vários jogadores a accionarem a rescisão unilateral após o clube falhar no pagamento salarial dos seus atletas.
Casos como de Marakis, Gonçalo Abreu, Petar Orlandic, Sidy Sagna, Geoffrey Malfleury ou Tony Batista abriram um fosso nos unionistas e Ricardo Chéu ficou com o plantel “oco”.
Contudo, o treinador que agarrou em Dezembro o plantel dos madeirenses não virou a cara à luta e fez dos “restos” uma equipa, conseguindo alguns resultados com duas vitórias, um empate e uma derrota para a Liga Pro.
O cenário mudou e agora há, talvez, uma esperança para o União ter um resto de segunda volta mais sossegado. Para tal foi necessário a SAD insular reforçar-se bastante bem, em termos de nomes. Quem? Vejamos cada um deles.
Tiago Almeida (CSM Poli da Roménia), André Carvalhas, Nuno Lopes (ex-Estoril), Rudy (ex-Doxa Katokopias, jogou no Deportivo, CF “Os Belenenses” entre outros) e Bruno de Morais (Araguaína-TO). O reforço mais “sonante” foi Tiago Almeida uma vez que tem experiência internacional, tendo jogado na Roménia, Belenenses, Chaves, entre outros clubes de calibre superior.
Rudy é uma super incógnita não se sabendo se aguentará a exigência física da temporada, assim como André Carvalhas, um jogador que deu o bilhete de subida o Tondela em 2014/2015 com aquele espectacular livre no último jogo da temporada. Bruno de Morais entrou bem no plantel e tem revelado alguns traços curiosos que podem dar outro “gosto” na frente de ataque, como apoio aos avançados.
O União teve essa necessidade de dar uma reformulação autêntica no seu plantel e a chegada dos vários reforços foram uma necessidade perante as saídas de jogadores fundamentais como Marakis ou Gonçalo Abreu. Mas há salvação possível?
MINISTRO RECEBE “MÓVEL” DE PAÇOS DE FERREIRA
O Nacional está a ter um reinício do ano em grande, com o 2º lugar em disputa directa com a Académica de Coimbra e com a chegada de reforços de bom calibre como Diogo Medeiros (emprestado pelo FC Paços de Ferreira), Marakis (ex-capitão do União da Madeira) e Nii Plange (jogador que rescindiu com a Académica em Agosto), acrescentando uma maior profunidade ao plantel.
Medeiros jogou com frequência nos primeiros 10 jogos do Paços de Ferreira, saindo das opções, quase por completo, com a chegada de Petit, uma vez que o treinador português não apreciava as qualidades do extremo brasileiro.
Medeiros tem bom toque de bola, um arranque desconcertante e possibilidade de combinar bem com os laterais, algo que faz sentido na forma como Costinha gosta de pôr as suas equipas a jogar.
Mas o grande reforço é, sem dúvida, Marakis. O trinco (que pode subir um pouco mais no terreno, assumindo o papel de 8) tem qualidade no “saque” de bola, relançamento de jogo, gestão de controlo do meio-campo e liderança em momentos cruciais. É um excelente reforço que tem muito tempo de jogo nas pernas, sendo que pode dar outras condições ao meio-campo alvinegro a curto-prazo.
Por fim, Nii Plange foi um jogador bastante utilizado durante a sua passagem por Coimbra, que em 2015 na Liga NOS. Fez parte dos eleitos de Costinha na temporada passada, só que o mesmo já não se registou com Ivo Vieira, uma vez que o lateral-direito rescindiu contrato com a Briosa no final da temporada passada.
A falta de forma pode ser um entrave à sua utilização de forma consistente, mas a ver vamos, uma vez que a sua capacidade de explosão, luta e fisicalidade podem fazer diferença neste plantel do Nacional.
UM(A) ROSA EM ALMADA
É o reforço mais sonante da Liga Pro, sem dúvida alguma… Miguel Rosa um dos meninos-queridos do Restelo, acabou por sair da “turma” de Domingos Paciência (entretanto substituído por Silas, que até à época passada foi jogador da equipa de Almada) e ingressar no Cova da Piedade para a segunda-volta da segunda liga.
O português que tanto sabe actuar na ala esquerda ou direita, assim como operar bem no centro-avançado do terreno, estava prestes a chegar ao jogo nº200 pelo CF “Os Belenenses”, sendo um dos jogadores com mais minutos na Liga NOS no século XXI.
Dotado de um excelente pé direito (mas não é tímido com o esquerdo), o português sabe cavalgar com a redonda colada ao pé, trazendo todo um mundo de criatividade e explosão ao ataque das suas equipas.
E o melhor? Estreou-se a marcar pelo Cova da Piedade logo no jogo de estreia! Vai trazer toda outra dimensão à equipa de Almada que quer fugir da descida de divisão, conquistando o seu lugar na formação treinada por Bruno Ribeiro.
Vai deixar saudades no Estádio do Restelo, já que era um jogador altamente apaixonado pelo clube e que se dedicou anos a fio pelo clube da Cruz de Cristo.
Que transferências não cobrimos? Que jogadores faltaram ser mencionados na nossa lista? E que outras equipas sofreram mudanças tanto na saída como entrada?