Joel Pereira e José Gomes… laterais de “encher” o Olho da Liga Pro
O Fair Play já foi em busca dos melhores centrais, médios, avançados, faltando os laterais e guarda-redes. Contudo, este artigo visa só analisar dois nomes dos vários laterais que existem desta Liga.
Falamos hoje de José Gomes e Joel Pereira. Porquê a escolha destes dois nomes? Ambos são portugueses, são jovens (21 anos de idade) e têm feito um campeonato equilibrado, coerente e com vários rasgos que podem “apaixonar” equipas da Liga NOS.
Verdade, há muitos mais como Nuno Campos (CD Nacional), Jorge Miguel (FC Famalicão), Nelson Pedroso (AA Coimbra), Pedro Amaral (SL Benfica “B”), Evaldo (Cova da Piedade), Ricardo Tavares (UD Oliveirense) ou Alemão (UD Oliveirense).
Todos eles merecem uma análise mais detalhada no futuro, a começar pelos “veteranos” Nélson Pedroso e Evaldo, onde a experiência tem sido um bem precioso para as suas equipas.
Especialmente, Pedroso que tem apresentando não só registos de elevado interesse (dois golos e quatro assistências), mas a experiência e qualidade que confere à defesa e assistência ao ataque é primorosa.
É um daqueles casos que merecia outra oportunidade na Liga NOS e que tem uma história interessante que no futuro poderemos contar e dissecar.
Mas há que voltar ao tema inicial: Joel Pereira e José Gomes. Há algo de especial nestes dois laterais?
JOSÉ GOMES… SUPERAR PARA DESLUMBRAR
São atletas diferentes na forma como abordam o jogo, até pelas qualidades de cada um. Joel Pereira é um jogador mais directo, incisivo e que gosta de apostar na eficiência rápida. José Gomes tem outro primor com a bola nos pés, esboçando lances mais corridos e trabalhados, arriscando em “entradas” para o interior da grande área.
Todavia, ambos têm uma predilecção em apoiar o ataque, arriscando q.b., com boa astúcia e manha. É desta forma que resumimos muito sucintamente o trabalho ofensivo de ambos. Divaguemos um pouco mais em como os dois abordam as situações ofensivas.
Se querem perceber a qualidade de José Gomes, a assistência para o terceiro golo de Fábio Abreu frente ao Sporting CP “B”. Domínio de bola perfeito, abertura de espaço, aposta no risco e passe bem medido.
O lateral formado pelo Sporting de Braga, consegue ser “diabólico” com a bola nos pés, apostando em corridas desenfreadas, mas bem orquestradas que metem a defesa em sobressalto.
E a nível defensivo? Nesta temporada, José Gomes já teve alguns sobressaltos com o penalti nesse jogo do Sporting CP “B” ou o vermelho directo contra o Real Massamá SC (derrota por 3-1).
José Gomes tem algumas dificuldades em recuperar a posição quando a bola é atirada para trás das suas costas, o que o força a fazer algumas faltas (fica ao seu critério se são necessárias ou desnecessárias, mas por vezes deixar a jogada correr pode ser que não dê golo).
Todavia, isto são sintomas de “crescimento”, uma vez que o lateral tem vivido um pesadelo de lesões nos últimos quatro anos, superando esses problemas para conseguir definitivamente afirmar-se no contexto das principais divisões nacionais.
Mas José Gomes é de confiança, um bom trabalhador na defesa que tenta dar e criar linha de passe, arriscando um passe bem pedido ou uma saída “corajosa”. Acima de tudo tem aquele toque de bola que muitos treinadores modernos almejam como um patamar ideal para os seus laterais.
Falta-lhe só mais tempo de jogo, mais “músculo” e de ganhar confiança no seu físico para garantir acesso a outros patamares… tudo ao alcance de um lateral com tamanha virtude como José Gomes tem.
JOEL PEREIRA… CLASSE E EFICÁCIA
Já Joel Pereira é um jogador bem mais directo, como já dissemos… o lateral do Académico de Viseu gosta de abrir espaço na ala, receber a bola no pé e atirar um centro tenso e bem medido para que um dos seus colegas da frente consiga desviar para dentro da baliza.
Não são assistências ao calhas, longe disso, já que Joel Pereira, num espaço de segundos, recebe a bola, levanta a cabeça, lê a disposição ofensiva e atira o passe certo no momento correcto.
Numa Liga como a Liga Pro, dá muito jeito ter um lateral que saiba fazer este tipo de trabalho ofensivo, que não “invente” em demasia, mas que sabe estar na frente do ataque, sendo um apoio bem trabalhado e inteligente na hora de meter a bola dentro da área.
Em vários momentos da temporada do Académico de Viseu, Joel Pereira tem sido importante para a execução deste tipo de lances, uma vez que já assistiu por três vezes, ou forçou a conquista de vários cantos ou situações de perigo a favor dos viseenses.
Bombear a bola não é para todos e Joel Pereira é dos melhores, actualmente, a fazer isso na segunda divisão portuguesa de futebol.
Um exemplo de como Joel Pereira consegue meter a bola no melhor espaço possível
Para além disso, é outro ponto que o lateral é bastante forte… pressão no meio-campo ofensivo. Joel Pereira é um jogador determinado que está fisicamente no topo, assumindo-se com uma “carraça”, preenchendo bem os espaços vazios.
O que isto significa? Que tira espaço ao extremo adversário que incida sobre a sua área. Mais, o lateral esquerdo da oposição perde vontade de arriscar numa saída com bola, uma vez que Joel Pereira tem qualidade para recuperá-la e dar bom uso à mesma.
A nível defensivo é um jogador sólido e que executa bem os básicos… opta por pôr a bola fora sem entrar naquele ritmo de desespero quando é lhe imposto uma pressão total pela outra formação.
Veja-se a situação contra o FC Porto “B”: no primeiro golo do Académico, é Joel Pereira que vai dar início à jogada com uma boa recepção de bola após um mau passe de Rui Pires da equipa “B” dos azuis-e-bancos. O lateral do Viseu logo após a recepção realizou um passe curto e directo que rapidamente é transformado em golo.
Mas há sempre um “mas”…e com Joel Pereira prende-se com os momentos em que se distrai e perde o foco por momentos, abrindo possibilidades para os seus opositores ganhem espaço e arrisquem num remate ou numa jogada de perigo.
Isto aconteceu com o FC Porto “B”, em que o lateral deixa Rui Moreira sozinho na área após um livre directo que vai dar o golo ao central portista. Frente ao Penafiel, teve quatro subidas que deixaram o seu corredor exposto, três delas bem aproveitadas pela equipa de Armando Evangelista.
Culpa directa ou vítima da estratégia de jogo? Como José Gomes, podem existir leituras diferentes, mas para o excesso de repetição das mesmas jogadas esboçadas pelo Penafiel, percebe-se que o gosto do Viseu é subir Joel Pereira o máximo possível. O pior é depois recuperar perante um ataque mais rápida e dinâmico.
Isto aconteceu tanto contra o Penafiel como o CD Nacional da Madeira. Um factor que pode ser problemático para os viseenses.
Todavia, não é por estes maus momentos que Joel Pereira deverá ficar “contaminado”. São situações que acontecem numa equipa que gosta de subir partes do seu bloco defensivo e que deixa algo a nu o seu meio-campo defensivo.
Nem sempre Pica, Fábio Santos ou Bura (este último esteve lesionado nos últimos quatro jogos) podem ter o melhor desempenho em termos de subida nestes momentos de maior perigo.
Situação de má abordagem defensiva pelo Viseu, com Joel Pereira a juntar-se aos centrais, deixando ao descoberto a sua faixa defensiva
O FUTURO DA LIGA PRO?
Visto bem, José Gomes e Joel Pereira apresentam fortes argumentos para serem alvos de um olhar atento nos próximos tempos. 21 anos, com uma panóplia de “ferramentas” que podem ser bastante úteis dependendo que tipo de futebol um treinador procura.
São ambos dotados de uma boa velocidade, trabalhadores e versáteis no jogo ofensivo, apresentando uma boa qualidade de passe tanto pelo chão como pelo ar.
Este calejamento na Liga Pro só vai ajudar à evolução de ambos os laterais, com José Gomes a ter aquela finta e drible que mexe com as bancadas (é incrível o que o lateral-esquerdo por vezes descortina) ou o futebol simples mas eficiente e dominador de Joel Pereira (não há nada melhor que um lateral que saiba meter a bola na cabeça do avançado).