Três prendas no Sapatinho do SL Benfica versão 2021

Pedro AfonsoDezembro 22, 20207min0

Três prendas no Sapatinho do SL Benfica versão 2021

Pedro AfonsoDezembro 22, 20207min0
Aqui no Fairplay.pt gostamos de manter as tradições . Assim, mais um ano, mais três sugestões de reforços para o SL Benfica.

A época natalícia avança em plena força num ano verdadeiramente atípico e difícil para todos e nós, aqui no Fairplay.pt, gostamos de manter as tradições que nos trouxeram até aqui. Assim, mais um ano, mais três sugestões de reforços (com twist) para o SL Benfica, numa época, no mínimo estranha.

E o twist surge porque existem narrativas que o autor deste texto pretende combater, nomeadamente as que se referem à falta de qualidade do plantel encarnado, bem como à suposta ampla capacidade do timoneiro Jorge Jesus. Um disclaimer que, apesar de tudo, é necessário numa época tão politicamente correta.

1º Reforço – Noção (valor de mercado: largas horas de auto-reflexão)

O Sport Lisboa e Benfica investiu 98,5M de euros no ano mais difícil da história da Economia Desportiva, em plena crise pandémica e com os maiores clubes europeus a preverem quedas de faturação significativas e impactantes no seu funcionamento.

O clube da Luz foi o 8º maior investidor do mercado de Verão de 2020, suplantando clubes como Arsenal, Manchester United, Atlético de Madrid, Liverpool, entre muitos outros. O seu saldo de contratações foi, também, negativo em cerca de 22M de euros, valendo para este saldo a venda de Rúben Dias, um imprevisto segundo Jorge Jesus e a Direcção.

Onde entra a Noção? Bem, este reforço entra para se compreender que o investimento que Jorge Jesus espera e clama não pode ser recebido de abraços abertos por uma Direcção sob um escrutínio apertado após umas eleições, no mínimo, controversas. O suposto melhor treinador português, um dos top mundiais, deve conseguir fazer a sua equipa com um plantel avaliado em quase 300M de euros, com investimentos avultados e jogadores de valia confirmada, sem ter de mendigar reforços para ultrapassar um Sporting CP que praticamente não investiu. Não podemos alinhar na narrativa de que Vlachodimos, Grimaldo, Vertonghen, Otamendi, Weigl, Pizzi, Rafa, Everton, Darwín, entre muitos outros, são jogadores banais. Mesmo sendo arriscado, é possível dizer que qualquer um deles teria lugar em qualquer equipa da Liga NOS.

Entenda-se que o SL Benfica perdeu a oportunidade de entrar na Liga dos Campeões por culpa própria, ficou aquém na Liga Europa e tem granjeado resultados positivos para o nível de futebol apresentado. Nem é aceitável que um dos capitães (Pizzi) afirme que o SL Benfica tem conseguido obter resultados interessantes na Europa, após anos de humilhação constante. Não é a altura de exigir à Direcção, nem esperar compreensão dos adeptos: é a altura de tanto treinador como plantel perceberem o seu valor e abandonar os lamúrios.

2º Reforço – Empenho (valor de mercado: suor e lágrimas)

A introspeção terá, também, de passar pelos jogadores. Se fica claro que a Noção se destina ao treinador, o Empenho destina-se (quase na sua totalidade) a um plantel desprovido de referências e, cada vez mais, de líderes. O SL Benfica de hoje é, mais que nunca, uma equipa amorfa, lenta, desprovida de “raça” e de “querer”, bamboleando por entre os elogios dos intelectuais futebolísticos, com um projeto de modelo de jogo que teima em ser chamado à discussão apesar de nenhum indício o transparecer, desde o início da época.

Os jogadores podem e devem ser responsabilizados pelas paupérrimas exibições, pela incapacidade de luta, pela incapacidade de ganhar duelos e pelos erros sucessivos que custam jogos. E aqui não pode deixar de se falar de Otamendi (não teve uma única exibição positiva ao serviço do Benfica), de Everton (que continua sem confiança e sem aparente vontade), de Gabriel (um atentado à vontade de jogar futebol como se pode ver no primeiro golo do Rangers no vídeo abaixo) e de Pizzi que, apesar dos bons números e até do bom momento, continua a demonstrar displicência no momento defensivo, que contagia os colegas.

Não existe neste Benfica nenhum resquício de uma equipa que lute para suplantar os seus obstáculos. Existe sim um conjunto de individualidades soberbas que, por entre um projeto de modelo de jogo exigente, conseguem “sacar” golos e vitórias, sem que se tenha, efetivamente, corrido ou trabalhado mais que os adversários para as conquistar. E isto não é de agora, Rui Vitória e Bruno Lage sofreram deste martírio com a mesma base de plantel. Ao final de três treinadores, talvez se comece a perceber que os problemas de atitude, de empenho, de trabalho, de velocidade e de vontade no jogo se devam mais ao balneário do que ao timoneiro.

3º Reforço – Respeito (valor de mercado: incalculável)

O principal reforço e o mais ausente, em todos os níveis hierárquicos, a começar, obviamente, pela Direcção. O momento eleitoral benfiquista ficará marcado pela enorme adesão, mas também pelo seu carácter profundamente anti-democrático, sem debates, sem cobertura isenta, sem programas coesos e com ataques mesquinhos e vis por assalariados do clube (Jorge Jesus entre outros “cartilheiros”) aos adeptos encarnados (com Bernardo Silva à cabeça). O clube da Luz sempre foi, ao contrário do que os adeptos rivais gostam de proclamar, um clube profundamente democrático, inclusive em tempos de ditadura. Como tal, é de lamentar este retrocesso num processo eleitoral que afeta uma massa adepta tão extensa.

E poderemos continuar a relembrar esta senda de ataque ao Benfiquismo e aos próprios adeptos evocando o próprio regresso de Jorge Jesus, que se auto-proclama como o “Salvador” e motivo de união dos adeptos, mas que sente a necessidade de afirmar em todas as conferências de imprensa que tem pretendentes e que as suas conquistas passadas são mais relevantes do que o seu presente; relembrando a ascensão a capitão de Otamendi, um ex-capitão portista que largas vezes demonstrou a sua preferência clubística e que, como tal, não poderia figurar junto a nomes como Simão, Luisão, Coluna, entre muitos outros, tendo sido defendido pelo treinador através de críticas, novamente, aos adeptos; ignorando os constantes ataques de Jorge Jesus ao conhecimento futebolístico dos adeptos (e jornalistas), relegando-os para um segundo plano (mais baixo, claro) de intelectualidade e ignorando as suas críticas; e elevando a um estatuto de vedetas jogadores que, nos últimos três anos, foram responsáveis pela saída de dois treinadores.

A história do SL Benfica é muito maior do que qualquer um dos intervenientes da atualidade e almejar a uma conquista europeia quando se perde 3-0 em casa com um Boavista paupérrimo é “demasiada areia” na cara dos Benfiquistas. Os adeptos merecem um treinador, um presidente e jogadores que representem os valores do clube, que respeitem os adeptos, os adversários e que sejam sinceros e honestos com os momentos e as possibilidades do clube encarnado.

E que este artigo sirva de memento para todos os adeptos benfiquistas que é preciso exigir, reclamar, devolver o benfiquismo a este clube amorfo que habita agora o extinto Inferno da Luz.

Sem comentários. (Fonte: Rádio Renascença)

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