WEURO 2022 – E depois do adeus de Portugal ? – parte 1

Margarida BartolomeuJulho 21, 20224min0

WEURO 2022 – E depois do adeus de Portugal ? – parte 1

Margarida BartolomeuJulho 21, 20224min0
Margarida Bartolomeu olha para a selecção feminina de futebol Portugal neste artigo de duas partes, para explicar o que se passou e o que se segue

No passado dia 17 de Julho de 2022, a Seleção Nacional de Portugal realizou o seu último jogo no Campeonato da Europa de Futebol Feminino 2022. Uma pesada derrota, por uns expressivos 5-0, contra uma das eternas candidatas ao título – a Suécia.

Inserida num grupo muito complicado, a tarefa das jogadoras nacionais avizinhava-se difícil. No entanto, permanecia a esperança de superar o que tinha sido feito em 2017. Muito embora tenha entrado muito mal no primeiro jogo, aquele que, em teoria, seria o jogo mais acessível para as comandadas de Francisco Neto, frente a uma Suíça forte, mas equiparada em termos de qualidade, a equipa portuguesa fez-se valer de toda a sua garra e entrega, conseguindo inverter uma desvantagem de 2 golos, acabando por empatar a partida, não vencendo apenas por falta de acerto no momento da finalização.

No segundo jogo do grupo, contra a seleção campeã em título – Países Baixos, a equipa das quinas entrou mais forte no jogo, mas após uma fase menos positiva, voltou a encontrar-se em desvantagem, por 2 golos. No entanto, mais uma vez, encheu-se de coragem, determinação e intensidade, equilibrou o jogo, e conseguiu chegar ao empate a 2 bolas, contra uma das favoritas ao título. Por vários momentos, a seleção neerlandesa esteve “encostada” à sua grande área, e a seleção de Portugal poderia ter-se colocado em vantagem. No final do encontro, a qualidade e experiência das adversárias prevaleceu, e estas acabaram por vencer por 3-2.

À partida para o terceiro e último jogo da fase de grupos, o apuramento para os quartos de final encontrava-se, teoricamente, ao alcance de qualquer uma das quatro seleções. As jogadoras portuguesas sabiam bem que a sua missão era bastante difícil, visto que, pela frente, tinham a sempre poderosa seleção da Suécia.

E foi neste jogo que sobressaíram as diferenças entre as realidades de cada país. Portugal voltou a falhar redondamente na abordagem aos esquemas táticos defensivos (a estatura física só serve de desculpa até certo ponto), e demonstrou uma grande incapacidade para reagir à desvantagem no marcador, pese embora nunca tenha deixado de lutar e diminuído a sua entrega ao jogo. A experiência, qualidade e disponibilidade física das jogadoras suecas prevaleceu, sendo, no entanto, importante ressalvar que as condições que lhes são proporcionadas, desde tenra idade, para a prática da modalidade, em nada se equiparam com as condições dadas às jogadoras portuguesas, mesmo em plena Liga BPI.

3 jogos – 1 empate, 2 derrotas, 4 golos marcados, 10 golos sofridos. Um grande sentimento de orgulho, não pelos resultados, mas pela qualidade demonstrada, pela capacidade de encarar qualquer equipa olhos nos olhos, sem medos, de tentar impor o nosso jogo, de ter bola, atacar a baliza adversária e lutar, lutar e lutar, até ao apito final!

Se é verdade que o resultado obtido neste Campeonato da Europa acabou por ficar aquém do resultado obtido em 2017, a verdade é que ficou claro para todos os adeptos de futebol (nacional e internacionalmente) que a jogadora portuguesa tem uma qualidade tremenda, uma entrega e capacidade de lutar contra as adversidades acima da média. São a ilustração de “fazer muito com pouco”.

Sim, também é verdade que esta equipa não se qualificou para o Europeu, tendo sido repescada após a exclusão da seleção Russa. Mas se há algo que ficou comprovado durante toda a competição, mesmo no último (e menos conseguido) jogo contra a Suécia, é que o lugar da Seleção Nacional de Portugal e das suas jogadoras é no seio da elite europeia e, brevemente, no seio da elite mundial!

A qualidade de jogo apresentado, a qualidade individual e coletiva das jogadoras, a sua solidariedade e coesão grupal, bem como a intensidade com que disputaram todos os lances, do primeiro ao último minuto de jogo, fosse qual fosse o resultado, encantaram meia Europa, e deixam-nos a todos com uma responsabilidade acrescida para com o Futebol Feminino Nacional.

Se elas são capazes de fazer algo assim, com condições ainda tão inferiores às que existem nos restantes países em competição, já imaginaram como será, se realmente os clubes apostarem na profissionalização das suas equipas, em lhes proporcionar as condições adequadas, quer estrutural, quer infraestruturalmente, e em desenvolver atletas femininas, e prepará-las convenientemente para as competições internacionais?

“Vamos Todos! Vamos com Tudo!” – É este o momento!


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS