Campeonato da Europa feminino 2022 – candidatos e outsiders

Margarida BartolomeuJulho 5, 20226min0

Campeonato da Europa feminino 2022 – candidatos e outsiders

Margarida BartolomeuJulho 5, 20226min0
Portugal está quase a entrar em campo para o Campeonato da Europa feminino, e Margarida Bartolomeu lança os dados da competição

02/05/2022 – o dia em que Portugal recebeu a notícia da exclusão da Rússia do Campeonato da Europa Feminino de Futebol, o que significava a entrada da equipa das Quinas na tão cobiçada competição. Sentimentos mistos, sentidos por todos os envolvidos, face às circunstâncias que levaram a este apuramento. Mas, e agora? O que esperar deste Campeonato da Europa, para o qual não nos preparámos atempadamente?

Inserida num grupo extremamente complicado, a seleção das Quinas procura melhorar o resultado obtido no Campeonato da Europa

de 2017, onde conseguiu deixar uma excelente imagem, alcançando uma vitória contra a seleção nacional da Escócia, e tendo a sua maior derrota sido por “apenas” 2 golos, contra a seleção espanhola. Muito embora tenha ficado na última posição do seu grupo, a seleção portuguesa mostrou estar viva e ser capaz de causar dificuldades a qualquer outra seleção.

Em 2022, no entanto, a responsabilidade é outra. Embora permaneça como outsider, a equipa portuguesa vem demonstrando mais experiência e qualidade nos confrontos com seleções de top mundial. Além disso, o crescimento tão publicitado pela Federação Portuguesa de Futebol, no que ao Futebol Feminino Nacional respeita, acresce pressão e responsabilidade às jogadoras, que terão que demonstrar, em campo, todo esse crescimento. Atenção, para todos nós que acompanhamos o Futebol Feminino Português, o crescimento é realmente notório. No entanto, há que ter em consideração que ainda temos uma seleção relativamente inexperiente neste tipo de competição, constituída por jogadoras jovens, e que a pressão de “carregar” a evolução do futebol feminino às costas poderá refletir-se em campo.

Portugal encontra-se no Grupo C, juntamente com as seleções dos Países Baixos (campeã europeia em título), a Suécia (antiga campeã, e uma das seleções mais fortes a nível europeu, há largos anos), e a Suíça, que se encontrará a um nível semelhante ao da seleção portuguesa. Ora, portanto, o primeiro lugar do grupo será, muito provavelmente, disputado entre a seleção dos Países Baixos e a seleção da Suécia. Resta, a Portugal, colocar em campo toda a sua raça, perseverança, entrega e qualidade, de forma a lutar pela vitória em todos os jogos e, quiçá, surpreender tudo e todos.

Para tal, vai necessitar que as suas jogadoras se encontrem com os níveis de concentração no nível máximo, pois qualquer erro poderá ser “fatal” para as aspirações da equipa Lusa. Todos estamos ansiosos para ver as nossas jogadoras brilhar neste grande palco. No entanto, devido a lesão, a seleção nacional acabou por perder uma das jovens mais promissoras, e de maior qualidade – Andreia Jacinto. A jovem média vê-se assim impedida de participar no Campeonato da Europa, e de espalhar magia pelo meio campo das Quinas (que recupere rápido, tanto a Andreia Jacinto, como a Mariana Azevedo, também ela lesionada).

Destaco algumas das jogadoras que, na minha opinião, serão essenciais para o sucesso da nossa seleção – Inês Pereira, Carole Costa, Ana Borges, Tatiana Pinto, Andreia Norton e Diana Silva, sendo que manteria debaixo de olho a Catarina Amado e a Francisca Nazareth, ambas jovens com muitíssima qualidade e segurança (poderia destacar muitas mais, mas fico-me por aqui).

A seleção portuguesa terá, assim, um grande desafio pela frente, sendo que terá que enfrentar jogadoras como Magdalena Eriksson, Stina Blackstenius, Kosovare Asllani e Fridolina Rolfö (Suécia), Daniëlle van de Donk, Vivianne Miedema, Lieke Marten e Sherida Spitse (Países Baixos).

Nos restantes Grupos:

Grupo A: constituído pela Inglaterra, anfitriã e uma das favoritas à conquista do Europeu, Noruega, Áustria e Irlanda do Norte. Espera-se uma luta a duas, pelo primeiro lugar do grupo, entre as anfitriãs e as nórdicas, onde se destacam diversas jogadoras de classe mundial, como Lucy Bronze, Leah Williamson, Millie Bright, Fran Kirby e Beth Mead, do lado de Inglaterra, e Maren Mjelde, Ingrid Engen, Caroline Graham-Hansen e a incontornável Ada Hegerberg, do lado da Noruega. Será, em dúvida, um duelo aceso, fortemente disputado, pautado por um futebol ofensivo, rápido, intenso e muito físico. Veremos como poderão a Áustria e a Irlanda do Norte tentar intrometer-se nesta esperada luta a duas.

Grupo B: Dinamarca, Finlândia, Alemanha e Espanha. Será este o “grupo da morte”? A verdade é que, neste grupo, se encontram 3 fortes candidatas à passagem aos quartos de final, e uma delas ficará pelo caminho. A Dinamarca, muito embora continue a ser uma seleção fortíssima, parece partir um pouco atrás da Alemanha, que vai para este europeu sem a sua principal figura – Dzsenifer Marozsán, que se encontra lesionada, e da Espanha, nesta luta que se prevê muito interessante e apelativa. Teremos o prazer de observar jogadoras como Pernille Harder e Nadia Nadim (Dinamarca), Lena Oberdorf, muito jovem, mas dotada de uma qualidade tremenda, Ann-Katrn Berger, Sara Däbritz, Lina Magull, Lea Shüller e Alexandra Popp (Alemanha), e a base do Barcelona, a defender as cores espanholas, de onde destaco Sandra Paños, Mapi León, Irene Paredes, Patri Guijarro, Aitana Bonmatí, Alexia Putellas (a atual melhor jogadora do mundo) e Cláudia Pina, a mais jovem de toda a seleção espanhola. Veremos se a história se repete, e a seleção espanhola consegue vencer o campeonato da Europa, recorrendo à espinha dorsal da equipa do Barcelona, tal como aconteceu em 2012, com a sua equipa masculina.

Grupo C: por fim, o último dos grupos, do qual fazem parte a seleção da França, nome incontornável no futebol europeu e mundial, a Itália, a Islândia e a Bélgica. Um grupo no qual poucas surpresas se esperam, sendo expectável o domínio da seleção gaulesa, que conta com nomes como Wendie Renard, talvez a melhor defesa central da história, Selma Bacha, Delphine Cascarino, Marie Katoto e Melvine Malard (poderia ter referido tantas outras…). Por outro lado, a seleção italiana encontra-se em claro crescimento e afirmação, e poderá criar bastantes dificuldades à seleção francesa. Jogadoras como Sara Gama, Martina Piemonte e Barbara Bonansea, serão essenciais para o sucesso das italianas. No entanto, não poderemos descartar a seleção islandesa, que certamente terá uma palavra a dizer no que às contas do segundo lugar diz respeito, e que irá causar muitas dificuldades às “favoritas”.

Em suma, este será, na minha opinião, um dos Campeonatos da Europa mais renhidos da história, dada o nível de qualidade das várias seleções participantes. Prevejo que a equipa vencedora seja uma das seguintes – Espanha, Inglaterra, França ou Alemanha, sendo que a Noruega também poderá ter uma palavra a dizer sobre o desfecho da competição. Uma coisa é certa, o nível competitivo está cada vez mais elevado, e a qualidade destes jogos vai ser, certamente, impressionante!

Que comece o Europeu Feminino 2022!


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