Fim das equipas B na Ledman? O Fair Play esclarece!

Daniel CarvalhoMarço 18, 20185min0

Fim das equipas B na Ledman? O Fair Play esclarece!

Daniel CarvalhoMarço 18, 20185min0
A Liga sub-23 vai entrar mesmo em acção e o Fair Play esclarece como pode funcionar. Mas há futuro para esta competição ou será uma utopia para o futebol nacional?

Recentemente, o Sporting B anunciou, em carta enviada a Pedro Proença, a sua retirada da II Liga do futebol português, no final da temporada. O “pânico” instalou-se na Federação Portuguesa de Futebol e rapidamente a notícia se alastrou às restantes equipas secundárias dos principais emblemas portuguesas que, ao que parece, vêem com bons olhos o abandono da competição.

Que repercussões terá esta notícia na Ledman Liga Pro e, principalmente, nas equipas B? O FairPlay esclarece!

De modo a que este campeonato seja uma realidade, a Federação terá de aprovar todos os moldes da competição até ao final do mês de abril.

A ideia passa por criar uma competição na linha daquilo que é o estilo inglês, com as equipas a permitirem o teto máximo de 23 anos. O modelo competitivo em discussão aponta à formação de dois campeonatos, com a designação de I Liga sub-23 e II Liga sub-23, cada uma com 12 equipas com subidas e descidas entre eles.

Para além destas duas divisões, fala-se ainda da criação de uma taça para as equipas pertencentes.

Mas como é isto tudo aconteceu? Estas novidades competitivas surgiram num pacote a aplicar pela direcção da Federação Portuguesa de Futebol com apoio da Liga e de vários clubes da 2ª divisão portuguesa, que já tinham exigido alterações à presença das equipas B na Ledman Liga Pro. Na altura o Fair Play explicou todo o processo: são as equipas B úteis? 

O Everton foi o vencedor da Premier League ‘sub-23’ na temporada passada

Lançado o mote da competição, que implicações haverá para os clubes, no futuro?

A bomba foi lançada pelo Sporting CP, mas logo se percebeu que esta era uma notícia que, facilmente, poderia ser do agrado dos restantes clubes com equipas B nos seus quadros. No caso de Sporting CP e SC Braga, não haverá melhor altura para o fazer, tendo em conta a atual classificação (lugares de despromoção). Caso se confirmasse a relegação para o CNS (Campeonato Nacional de Seniores) seria, sem dúvida, um retrocesso enorme em termos de competitividade para as duas equipas. A competição por região caraterística do CNS, escavaria um fosso enorme entre equipa principal e equipa B, deixando de haver grandes possibilidades para jovens promessas poderem aspirar à Liga NOS. Assim sendo, este campeonato sub-23 assenta que nem luva nestas duas equipas que têm aqui uma ótima solução para a, quase certa, descida de divisão.

Para as restantes três equipas ‘B’ o cenário é completamente diferente. Atualmente, ocupam a primeira metade da tabela classificativa e a competição contra emblemas bem mais experientes não parece ser grande problema.

Falamos de um SL Benfica ‘B’ que já lançou inúmeros jovens que hoje são craques do futebol mundial, tal como Bernardo Silva ou até mesmo Nélson Semedo. Falamos também de um FC Porto ‘B’ que se sente em casa nesta Ledman, atingindo grandes resultados desportivos época após época e, exemplo disso, é o título de campeão conquistado na época de 2015/2016. Apesar da diferença de panorama, será uma má aposta destas equipas a mudança para um campeonato sub-23?

Provavelmente, não. O caso inglês é o melhor exemplo possível para comprovar a validade de uma competição deste tipo. Apostar numa divisão sub-23 é apostar numa geração que ano após ano sente dificuldade em fazer a transição Juniores-Seniores. Atualmente, apenas uma minoria tem capacidade de transitar dos juniores para o futebol sénior, existindo assim um buraco enorme entre aqueles que conseguem facilmente conseguem adaptar-se através da sua qualidade e os restantes que facilmente são esquecidos entre tantos outros, em clubes da região.

Desta forma, cria-se um ‘habitat’ próprio para jovens jogadores que passaram os últimos 10 anos da sua vida a assimilar processos de futebol de formação. A transição é feita de uma forma mais moderada e, tendo em conta o tipo de formação em causa (clubes como Sporting, Benfica e Porto), a qualidade do futebol praticado será de nível altíssimo.

Elimina-se ainda a diferença abismal entre perfis de jogadores, deixando de existir a possibilidade de confronto entre uma “raposa velha” com inúmeros anos de primeira liga e um jovem jogador de 18 anos acabado de cursar do futebol júnior. A disparidade de objetivos pessoais entre um perfil e outro é um entrave enorme à promoção do futebol, e o campeonato sub-23 poderá ser uma das iniciativas positivas do futebol português nesse sentido.

Vivendo, atualmente, num clima que tanto se fala de guerra e de conflito de interesses extra quatro linhas, esta é uma notícia que deverá deixar os amantes do futebol português satisfeitos. Uma iniciativa 100% futebol e que beneficiará a todos os níveis os nossos jovens atletas.

Mas foram as equipas B um sucesso para o futebol português? O caso do Sporting CP “B” foi avaliado pelo Fair Play e tirámos as seguintes ilações: Sporting CP o fim de um projecto de sucesso.

Lado a lado: duas gerações distintas do futebol português

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