Campeonato do Mundo Feminino de Futebol – 2023: Prognósticos

Fair PlayJulho 19, 202311min0

Campeonato do Mundo Feminino de Futebol – 2023: Prognósticos

Fair PlayJulho 19, 202311min0
Margarida Bartolomeu e três convidados dão os seus prognósticos para o Campeonato do Mundo Feminino de Futebol 2023

E chegou 20/07/2023, o dia mais esperado por todos nós, adeptos/as da vertente feminina do futebol. E porquê? Porque hoje, pelas 08:00h da manhã (hora portuguesa) teve início o Campeonato do Mundo Feminino 2023, o campeonato do mundo mais importante da história do futebol português, visto ser a primeira vez que a seleção feminina portuguesa se encontra a disputar uma fase final desta competição.

Trabalho, sacrifício, dedicação, paixão, entrega, amizade e solidariedade, são algumas das palavras que podem descrever o extraordinário percurso das nossas atletas, até este momento. E quando escrevo “das nossas atletas”, não me restrinjo ao grupo de jogadoras que participou na fase de qualificação, ou ao grupo que seguiu para a Nova Zelândia. Refiro-me sim, a gerações e gerações de meninas e mulheres, que representaram a nossa seleção nacional, sempre com o sonho de um dia poder colocar Portugal na fase final de uma grande competição!

No entanto, e no dia em que se deu O pontapé de saída do campeonato do mundo, juntei-me a dois experts na matéria, a Inês Braga Sampaio, jornalista de desporto na Rádio Renascença, e o Joe Murphy, adepto e conhecedor de futebol feminino num contexto mundial, e vou partilhar convosco os nossos “prognósticos” (se é que podemos descrever a nossa opinião com esta palavra), relativamente à seleção que cada um de nós acredita que será a Campeã Mundial, a seleção que será a Vice-Campeã Mundial, a seleção que poderá desiludir, e aquela que cada um de nós acredita que poderá vir a ser considerada a Melhor Jogadora da competição.

INÊS BRAGA SAMPAIO

Seleção campeã: Estados Unidos da América

Falta, aparentemente, química às bicampeãs do mundo, no entanto, continuam a ter o melhor plantel do mundo e creio que, a partir do apito inicial do primeiro jogo, será “game on” e as peças cairão no sítio. O Mundial é o recreio dos Estados Unidos.

Além disso, o grupo E, de Portugal, está no lado teoricamente mais fácil do quadro. Passando aos oitavos de final, os EUA evitam os vencedores e segundos classificados dos grupos dos candidatos Austrália, Canadá, Inglaterra, Dinamarca, França, Brasil e Alemanha.


Vice-campeã
: Austrália.

As anfitriãs estão em grande forma, terão o público a torcer por elas – jogarão sempre na Austrália – e quem tem Sam Kerr tem tudo. Estão do lado do quadro mais complicado, no entanto, os jogos de preparação (vitórias sobre Espanha, Inglaterra e França) mostraram que esta seleção australiana está ao nível das melhores. Na final, frente aos EUA – se a minha previsão se cumprir -, será ela por ela. Apesar de apostar numa vitória das norte-americanas, não me surpreenderia que o oposto acontecesse.


Seleção desilusão
: Espanha

Desconfio que a Espanha colapsará sob o peso do conflito interno, contudo, escolho ser corajosa e lançar os Países Baixos como desilusão do Mundial. Num excelente dia, Portugal pode bater o pé a umas neerlandesas desfalcadas (a falta que fará Vivianne Miedema…) e em dia mau, e deixá-las sem “oitavos”. Manifestemos a surpresa.


Melhor jogadora
: Sophia Smith

Sophia Smith. A avançada norte-americana é uma jogadora extraordinária e quererá mostrar aos céticos todo o seu talento. É ela a minha aposta para melhor jogadora do Mundial: quando brilha, não há quem a pare.

JOE MURPHY

Seleção campeã: Alemanha

Elas podem ter tido alguns resultados menos positivos nos últimos jogos de preparação com uma derrota frente à Zâmbia e apenas vencendo o Vietname, mas a Alemanha já esteve nessa posição anteriormente. Parecem ter desempenhos menos positivos nos jogos amigáveis, e depois “ligam-se” nos jogos grandes. Penso que neste Campeonato do Mundo não será diferente, com elas a vencer. Podem estar do lado mais complicado da fase do “mata-mata”, caso terminem no 1º lugar do grupo, mas com as suas jogadoras, isto não será um problema. Não só têm um 11 inicial muito forte, como também têm jogadoras igualmente fortes no banco de suplentes. E esta será a chave para vencerem a competição, pois vão ter de recorrer várias vezes a essas jogadoras “suplentes” ao longo dos vários jogos a eliminar. Por outro lado, querem esquecer a derrota na final do Campeonato da Europa, com uma vitória no Campeonato do Mundo.


Vice-campeã:
Estado Unidos da América

Poderia, facilmente, ter escolhido a seleção dos EUA como a seleção vencedora, mas penso que irão falhar a conquista do seu 3º Campeonato do Mundo consecutivo. A equipa não está tão forte como nos últimos anos, e existem outros países que têm conseguido atingir o seu nível, independentemente da grande vantagem que têm pelo facto de a base da equipa ser constituída por jogadoras que já ganharam grandes competições. Além disso, contam com jogadoras que são superestrelas, que não se deixarão afetar minimamente pela pressão de jogar um Campeonato do Mundo. Se tudo correr como penso, vejo a Alemanha a superar os Estados Unidos, enquanto estão todos focados nos Estados Unidos, e na sua possível conquista do 3º Campeonato do Mundo consecutivo.


Seleção desilusão:
Inglaterra

Pelo que tenho lido um pouco por toda a internet, existem 3 países que todos indicam como possíveis vencedores do Campeonato do Mundo. Dois deles são os que mencionei anteriormente, e o terceiro é a Inglaterra. A seleção inglesa pode ter conquistado o Campeonato da Europa do ano passado, mas o fator “casa” teve uma enorme influência nessa conquista. Nos jogos dos quartos de final, contra a Espanha, e na final, contra a Alemanha, os adeptos da casa suportaram a equipa, e ajudaram as jogadoras a encontrar aqueles extra 10% que as levou a vencer esses jogos. A Inglaterra terá também um bom banco de suplentes, mas não ao nível do que tinham no ano passado. Caso a Inglaterra e a Alemanha vençam os seus grupos, encontrar-se-ão nos quartos de final, e esse será o jogo que a Inglaterra irá perder. Se perder com a Alemanha não te torna uma desilusão, perder nos quartos de final quando apenas te falta vencer 3 equipas para conquistar a competição, fá-lo parecer uma desilusão.


Melhor jogadora:
Lea Schüller

Tendencialmente, os prémios de melhor jogadora são entregues a quem marca mais golos, e eu penso que a avançada alemã vai marcar ser a melhor marcadora. Nos últimos 12 meses, a Alemanha encontrou uma forma de colocar, no 11 inicial, a Lea Schüller, fazendo com que a Alexandra Popp jogue numa posição mais recuada. Visto que a Alemanha está inserida num grupo “simples”, consigo ver a Schüller a iniciar muito bem a competição. Os jogos tornar-se-ão mais complicados à medida que a competição avança, mas isto não será entrave para quem já conseguiu ultrapassar e marcar a algumas das melhores defesas da Europa na temporada transata.

MARGARIDA BARTOLOMEU

Seleção campeã: Estados Unidos da América.

Tal como a Inês referiu, muito embora a seleção norte-americana não esteja no seu auge, em termos de entrosamento e química entre as jogadoras, a verdade é que têm um “on switch” que faz toda a diferença, e por isso, considero que será a seleção vencedora, conseguindo conquistar o terceiro campeonato do mundo sucessivo.


Vice-campeã:
Inglaterra.

Muito embora se apresente desfalcada, sem 3 das suas jogadoras mais influentes, que se encontram de fora da convocatória, devido a lesão, a seleção inglesa apresenta um lote de atletas muito forte e competitivo. Tem-lhe faltado, no entanto, alguma capacidade goleadora nestes últimos jogos de preparação, algo que acredito que possa mudar com o iniciar da competição. O fator “casa” foi algo que fez a diferença no último campeonato da europa, e que encaminhou a equipa para a vitória. No entanto, mesmo a jogar do outro lado do mundo, é esperado um grande apoio àquela que, atualmente, será a segunda seleção mais mediática do mundo, a seguir à seleção norte-americana. A sua maior arma, na minha opinião, continua a ser Sarina Weigman, não só pela inteligência e competência como treinadora, mas pela forma como une o balneário e tem a total confiança das suas atletas.


Seleção desilusão:
Espanha.

Infelizmente, e mesmo com o regresso de algumas das suas principais figuras, acredito que a seleção espanhola acabará por voltar a falhar, dada a pressão a que as atletas se encontram sujeitas, e aos conflitos internos que são do conhecimento de todos nós. Talento, competitividade, capacidade de trabalho – tudo isto existe – , contudo, não sei se será suficiente para ultrapassar as cicatrizes criadas por um conflito interno, que ainda parece longe da sua completa resolução.


Melhor jogadora:
Alex Morgan.

Perdoem-me por esta escolha “óbvia”, mas a forma em que se encontra Alex Morgan leva-me a acreditar que será uma jogadora com um impacto tremendo neste campeonato do mundo. Golos, assistências, liderança, competitividade, e muita maturidade. É uma jogadora com muito “andamento” em competições desta natureza, e que nunca se esconde nos grandes duelos. Encontra-se numa fase extraordinária da sua carreira, tendo conseguido recuperar a forma física e competitiva que há algum tempo lhe fugia, devido a uma crescente incidência de lesões.

Aqui ficam três opiniões, convergentes em vários pontos, e divergentes noutros. Aguardemos pelo desenrolar do Campeonato do Mundo, sendo que há uma certeza – será um campeonato extremamente competitivo, pautado por um futebol de elevada qualidade, capaz de cativar qualquer adepto! Assistam aos jogos, não se irão, certamente, arrepender!


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