O Panorama dos grandes no Paulistão 2018
O Campeonato Paulista, um dos estaduais mais fortes do Brasil, dá o pontapé inicial em 2018 e mostra aos poucos o que os grandes de São Paulo terão de mostrar ao longo desta nova época. Depois de uma pré-temporada reduzida devido a Copa do Mundo na Rússia, e as movimentações de mercado, que ainda não cessaram, o Fair Play analisa o panorama de Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos na competição estadual.
O Paulistão 2018
Assim como diversos campeonatos regionais brasileiros, o Campeonato Paulista teve seu início em 17 de janeiro, terá sua final disputada em 8 de Abril, e mantém o formato do regulamento utilizado nos últimos anos. São 16 clubes divididos entre 4 grupos (A, B, C e D), e a tabela ordena que os clubes joguem 12 vezes contra todos que não estão em seu grupo. Os dois primeiros do referido grupo se enfrentam em Quartas-de-final, depois Semis e Final, em jogos de ida e volta com mando do clube de melhor campanha. São rebaixados os 2 clubes com pior campanha, independente do grupo, assim como 2 com melhor campanha na Série A2 sobem para a divisão principal.
Palmeiras
É o candidato ao título. Depois de montar um excelente elenco em 2017, porém não conquistar nenhuma taça, o alviverde se movimentou ainda mais no mercado para reforçar o time titular e praticamente botar um ponto final nas discussões sobre o melhor elenco nacional em 2018. Com o início de trabalho sendo executado pelo novo técnico Roger Machado, espera-se que o treinador tenha tempo de montar uma formação ofensiva a ponto de se encaixar ainda no estadual, pois parece que este será um dos únicos entraves do time. Os pontos a serem trabalhados serão o miolo de zaga e a referência no ataque. Mina já se apresentou ao Barcelona, e não parece haver um zagueiro a altura para substituí-lo. Já no ataque, Borja permanece muito questionado, suas atuações nas primeiras rodadas não empolgaram, enquanto Deyverson está fora de ação, mas também não empolga.
Weverton, goleiro ex-Atlético Paranaense, Diogo Barbosa, lateral esquerdo ex-Cruzeiro e Marcos Rocha, lateral direito ex-Atlético Mineiro, foram as principais contratações defensivas. Uma enorme melhoria para os lados de campo, que não gozavam de tanto prestígio ano passado com a dupla Mayke/Egídio. Mas os reforços de peso mesmo vieram para o meio campo. Lucas Lima, cogitado em times europeus mesmo em baixa no Santos, decidiu se transferir para o rival para reencontrar seu futebol. Em longa novela e disputado com Corinthians e São Paulo, Gustavo Scarpa entrou na justiça contra o Fluminense, conseguiu sua rescisão e rapidamente foi trazido pela diretoria palmeirense.
Corinthians
Atual campeão Paulista, o Corinthians tentou manter a base vitoriosa do ano passado que, mesmo sem um elenco recheado, conquistou o Paulista e dominou com folga o 1º turno do nacional. Manteve o técnico surpresa Carille, que teve um excelente desempenho em 2017, e se mexeu estratégicamente no mercado, de acordo com o que podia financeiramente. As três principais perdas representam uma queda na qualidade do time, com Pablo retornando a zaga do Bordeaux, Guilherme Arana se despedindo da lateral esquerda rumo ao Sevilla, e o artilheiro Jô saindo do ataque rumo ao Japão. É sempre desafiante ao título, mas hoje é menos provável repetir o bom começo de ano já que o time terá de passar por uma adaptação de novas peças.
Para a defesa, acertou com Henrique, que se desvinculou do Fluminense. Na lateral, contratou Juninho Capixaba, uma aposta que teve destaque no Bahia. São ainda muito aquém dos jogadores que perdeu, mas a aposta é no estilo de jogo muito bem definido do time. Peças mudam, porém o padrão de jogo permanece. Para o meio, Renê Jr. ex-Bahia chega, e no ataque o retorno do emprestado Lucca e do experiente Emerson Sheik (ambos da Ponte Preta), contestados pelo que realmente podem agregar ao time atual.
São Paulo
Depois de mais um ano turbulento, 14 rodadas na zona de rebaixamento do campeonato nacional, e tentando se remontar depois das perdas de Hernanes (retornando a China) e Lucas Pratto (negociado com o River Plate), o São Paulo tentou agir de forma eficaz no mercado (embora tenha gastado mais que o esperado) e utilizar sua base. Como acerto, a manutenção do técnico Dorival Jr. dá ao menos a sensação da continuidade que não deveria ser perdida. Espera-se que o clube crie um time ao menos competitivo, mas não acredita-se que o clube brigará por títulos esta época, mesmo que já esteja na fila por títulos expressivos por 6 anos.
Para o gol, Jean (Bahia) foi contratado a peso de ouro (2,5 milhões de euros por 75% do passe) como esperança de resolver o problema debaixo das traves. A zaga tem Anderson Martins (ex-Vasco) como novidade, mas as laterais não foram completamente solucionadas. Na direita, nenhuma contratação, e Éder Militão continuará improvisado (ele é volante de origem). Na esquerda, o retorno de Reinaldo, muito bem no empréstimo a Chapecoense, mas que está longe de ser a solução do time. Nomes de peso aparecem do meio pra frente, como o experiente Nenê, que rescindiu com o Vasco para ir ao Tricolor Paulista, Trellez (ex-Vitória) com uma das melhores médias de gols em 2017, e Diego Souza, que luta por uma vaga na Copa do Mundo e começa a temporada jogando como 9. Apesar disso, Dorival Jr. tem problemas nos lados do ataque, já que o meio campo mostra-se lento, e terá que contar com uma grata surpresa da base de jogadores que está subindo ao profissional.
Santos
O time com mais perdas e menos reposições terá que se reinventar durante a temporada. A saída do presidente Modesto Roma Jr. e a eleição de José Carlos Peres escancarou a péssima situação administrativa e financeira do clube. Para remediar a situação fora de campo, as novidades ficaram por conta do novo técnico Jair Ventura, que fez grande campanha pelo Botafogo em 2017, e por Gustavo Vieira (sobrinho de Raí) como executivo de futebol. A campanha no Paulista passará muito pela adaptação do técnico Jair as peças que possui, mas o caminho terá muitos obstáculos.
A saída de Lucas Lima cria uma lacuna criativa no meio de campo do time, assim como a saída de Ricardo Oliveira (foi ao Atlético Mineiro) no ataque cria outra, a de falta de gols. A segurança no gol continua a passar por Vanderlei, com excelente desempenho em 2017, mas a defesa pode ter problemas após a rescisão na justiça do lateral Zeca, e ainda mais se o zagueiro Lucas Veríssimo for negociado. O otimismo passa por duas vias: a manutenção de jogadores como Vitor Bueno, Copete e principalmente Bruno Henrique (alvo recente do Cruzeiro), e a recente chegada de Eduardo Sasha (ex-Internacional) e do retorno de Gabriel Barbosa, o Gabigol. A grande questão é se em algum momento ele recuperará o futebol que parecia ter em tempos promissores.