A final que fez Kaká se apresentar para o futebol
Muitos portais futebolísticos, seja por meio impresso ou online, já relataram a história de um dos melhores jogadores da era recente do Brasil, Ricardo Izecson dos Santos Leite. O nome, talvez não conhecido para a maioria, é de Kaká, o último brasileiro a ganhar o título de Bola de Ouro até o momento. Superestimado por uns, subestimado por outros, Kaká teve uma carreira futebolística completa, de altos e baixos, mas que rendeu capítulos interessantes a serem contados. Um deles, é da fatídica final do torneio “Rio-São Paulo” de 2001, em jogo para o qual Kaká saltou os olhos de muitos para o futuro que viria, e que o Fair Play conta logo abaixo.
O bom moço de Cotia
Nascido no Gama, região administrativa do Distrito Federal brasileiro, mas criado em São Paulo, o menino Ricardo fugia um pouco do estereótipo de jogador que conhecemos por aqui, tinha uma infância privilegiada pela boa situação financeira de seus pais. Nascido em 22 de Abril de 1982, iniciou sua trajetória futebolística no São Paulo Futebol Clube em 94, com 12 anos. Até os anos 2000 fazia parte do grupo das categorias de base, situada na cidade de Cotia, próxima a capital do estado, onde sua fama de bom moço perdurava.
Mas um incidente aos 18 anos quase fez com que Cacá, como ainda era chamada na época, não pudesse mais jogar bola. Uma fratura na espinha dorsal após uma queda na piscina adiou seus passos na equipa profissional do tricolor. Essa estreia aconteceu em 1 de Fevereiro de 2001, aos 19, curiosamente (entenderão mais tarde) contra o Botafogo, em empate por 1-1 na 3ª jornada do torneio Rio-São Paulo. O primeiro golo foi logo na partida seguinte, em clássico contra o Santos, numa vitória do tricolor paulista por 4-2 (o golo aconteceu na virada de 2-1, após entrar no segundo tempo).
A final histórica
Depois de estrear pela equipa profissional, Cacá não sabia que, dentre nomes estrelados como Rogério Ceni, Beletti, Júlio Baptista e Luís Fabiano, seria o seu a ficar marcado na competição e na sequência de sua carreira. O São Paulo passou pelo Fluminense na semifinal, com Cacá entrando apenas na primeira mão, e com exibição magistral de Ceni nos pênaltis na segunda mão, enquanto do outro lado o Botafogo eliminou o Santos. Mas a final marcaria o jovem promissor.
A primeira mão da final, no Maracanã, serviu para ambientar o garoto de 19 anos. Com um bom resultado para os paulistas, 4-1 ao fim dos 90 minutos (golos de Luís Fabiano 2x, Carlos Miguel e França), sem Rogério Ceni, convocado para a Seleção Brasileira nas datas, Cacá entrou no segundo tempo no lugar do próprio Carlos Miguel. A segunda mão é que apresentou o futuro Kaká (com a letra K, como sugerido por ele próprio) para o Brasil e consequentemente para o mundo. O jogo estava equilibrado, com o São Paulo administrando o placar e o Botafogo arriscando mais (nas bolas perigosas de Donizete, o Pantera). O avançado do Botafogo fez o primeiro golo dessa partida, aos 39 minutos, dando mais emoção à continuidade da partida.
No segundo tempo, a pressão botafoguense sofreria um baque. Vadão, então treinador do São Paulo, tirou o médio Fabiano e colocou Cacá. A mudança teve efeito quando, aos 79 minutos, o camisola 30 faria o golo de empate. E não contente com o empate, o menino ao mudar a dinâmica do meio campo tricolor faria o segundo dele, aos 81, virando o jogo e garantindo de vez o título do torneio interestadual para a equipa paulista, além de escrever a primeira de muitas histórias vitoriosas de sua carreira.
Títulos individuais e coletivos
O torneio Rio-São Paulo de 2001 e o Supercampeonato Paulista de 2002 foram os únicos títulos do Kaká pelo São Paulo. O próprio jogador citou que “não ganhou nada com a camisa tricolor”, pois queria ter conquistado outras taças pela equipa que o revelou. Até tentou em 2014, durante seu retorno ao Brasil, por empréstimo do Orlando City, completando 155 jogos pelo SPFC. Mas mesmo sendo importante no plantel, não conquistou títulos. Nada que apagasse a excelente trajetória que fez na Europa, entre 2003 e 2017.
Foram 307 jogos pelo Milan, 120 pelo Real Madrid e 78 pelo Orlando City. A participação na Copa do Mundo de 2002, levando o título mundial por seleções, faz parte da lista de outros títulos relevantes, como a Champions League 06/07 na qual foi artilheiro da competição pela equipa rossonera e posteriormente o mundial de clubes em 2007. Pelo Real, a La Liga11/12, já depois de ter conquistado o maior prêmio individual existente, sendo eleito o melhor jogador do mundo no prêmio FIFA Balon D’or de 2007.
Ao final de 2017, sem renovar seu contrato com o Orlando City, muito se comentou de uma possível volta ao São Paulo para uma última época. Kaká, porém, decidiu encerrar sua carreira, em uma bela reportagem feita dentro do estádio do Morumbi para a emissora Globo, no programa Esporte Espetacular. Não chegou a ter uma festa de despedida como ocorreu como seu parceiro Rogério Ceni, mas também tem muita importância na história da equipa e também do país, principalmente por ter sido o único prata da casa a se tornar o melhor jogador do mundo. Kaká está fazendo cursos e diz que pretende se tornar dirigente esportivo em breve, seja no São Paulo ou mesmo em outra equipa em que fez história, mas o que fica até o momento são as excelentes arrancadas, passes e golos de quando era jogador.