Brasileirão Feminino empolga e desperta interesse da TV e patrocinadores

Marcial CortezNovembro 9, 20204min0

Brasileirão Feminino empolga e desperta interesse da TV e patrocinadores

Marcial CortezNovembro 9, 20204min0
O futebol feminino conquistou um espaço inimaginável. Pela primeira vez na História, suas partidas são disputadas em templos do futebol brasileiro, como Allianz Parque e Arena Neoquímica. Os jogos das meias finais do Brasileirão Feminino foram transmitidos em directo em TV aberta para todo o país.

O dia 8 de novembro de 2020 merece ser comemorado pelos adeptos do futebol feminino do Brasil. Aquele marasmo televisivo das noites de domingo foi substituído por um eletrizante jogo entre Palmeiras e Corinthians, o maior clássico do Brasil, jogo de primeira mão válido pelas meias finais do Brasileirão Feminino. A partida foi transmitida em directo por TV aberta na terceira maior emissora do país (Band), a disputar a audiência absoluta da revista televisiva “Fantástico”, no ar há mais de 45 anos.

O fato da Band transmitir o Brasileirão Feminino já não é novidade. Grande parte dos jogos foi transmitida pela emissora. O que é novo é a partida ocorrer no Allianz Parque (normalmente as partidas do Feminino são disputadas em estádios mais distantes e de menor porte) e em horário nobre. Sem dúvida uma vitória do Desporto Feminino no país dominado pelo Masculino há mais de cem anos.

Outro detalhe que chama muito a atenção é o fato de toda a equipa de jornalismo que faz a cobertura do Brasilierão Feminino ser formada por garotas. Das narradoras às repórteres de campo, a Band optou por contratar apenas mulheres.

Equipa de jornalistas da Band que faz a cobertura do Brasileirão Feminino. Foto: Captação de tela de TV – Adalberto Antunes

O Brasileirão Feminino 2020 contou com 16 equipas, que jogaram em mão única. As oito primeiras classificadas disputaram em eliminatórias de duas mãos até a disputa final que valerá o título. A classificação após a primeira fase ficou assim:

 

Fonte: CBF – www.cbf.com.br

A equipa do Corinthians é uma das maiores forças do futebol feminino do país, ao lado da Ferroviária. No entanto, a Ferroviária ficou pelo caminho, ao ser eliminada pelo Palmeiras nas quartas de final, ao perder a primeira mão por 2-1 e empatar a segunda em 1-1. Já o Corinthians eliminou o Grêmio, vencendo as duas mãos, uma por 3-0 e outra por 2-1.

Na outra chave, o São Paulo eliminou o Santos após um empate em 0-0 na primeira mão e uma vitória por 2-0 na segunda. E o Kindermann de Santa Catarina eliminou o Internacional após vencer a primeira mão por 3-1 e empatar a segunda em 1-1.  E assim chegamos à noite histórica da meia final ao vivo em directo para todo o país no horário nobre. Na primeira partida, o São Paulo perdeu para o Kindermann por 3-1, dificultando a situação para o jogo da segunda mão. No maior clássico do país, um empate em 0-0 levou a decisão para o jogo da volta, que será realizado na Neoquímica Arena no próximo dia 16/11.

Terra de contrastes

No entanto, como diz a famosa canção, nem tudo são flores no mundo das mulheres futebolistas. Se por um lado o Brasileirão está cada vez mais forte e organizado, com divisões distintas e sob o comando da CBF, os demais campeonatos ainda beiram o amadorismo.

Em recente partida válida pelo Campeonato Paulista, a equipa do São Paulo venceu o Taboão da Serra pelo surreal placar de 29 a 0. Não, você não leu errado, foi vinte e nove a zero a favor do Tricolor Paulista. A capitã Nini desabafou ao final da partida, ao dizer que as atletas não tem equipamentos nem tempo para treinar.

O desabafo deu resultado. A empresa do setor de bebidas que patrocina a seleção masculina e é o patrocinador oficial do Brasileirão Feminino, solidarizou-se com a situação e criou uma campanha na qual vai expor em suas latas de refrigerante as marcas que apoiarem o futebol feminino no Brasil. A empresa é líder absoluta em vendas de refrigerante de guaraná, conhecidíssima do Oiapoque ao Chuí. Uma propaganda ¨gratuita¨ desse porte não é de se jogar fora.

Como vimos, o caminho é árduo e as batalhas são diárias. O lado bom é que o legado da jogadora Marta, a maior atleta do Brasil na categoria, começa a dar frutos e estes frutos parecem ter força suficiente para se manterem. Em outras palavras, o espaço ocupado pelo futebol feminino é um caminho sem volta. Eu fico a me perguntar como estaria o Allianz Parque nesta noite se não fosse a pandemia. Com certeza, eu estaria por lá. Eu e mais alguns milhares de adeptos que torcem para o clube e também pelo reconhecimento do futebol feminino no país.


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