As mudanças nos bancos na Liga NOS para 2018/2019 pt.1

Francisco IsaacJulho 4, 20189min0

As mudanças nos bancos na Liga NOS para 2018/2019 pt.1

Francisco IsaacJulho 4, 20189min0
José Peseiro é a 9ª troca no banco de suplentes da época passada para a que vem. Mas quais são as mudanças nos bancos das várias equipas da Liga NOS?

A Liga NOS já está na antecâmara com alguns clubes a terem regressado para a pré-época. Mas quem é que sofreu mudanças profundas no plantel? E, principalmente, no banco de suplentes? 

Que novos timoneiros tomaram o controlo de equipas como o GD Chaves, CS Marítimo, Vitória SC, Vitória FC, CD Santa Clara, entre outros?

Fica a saber aqui quem são os novos técnicos, que novidades podem trazer aos clubes e os pontos positivos e negativos de cada um. Nota: 9 dos 18 emblemas que competem na Primeira Liga fizeram mudanças no banco de suplentes, um dos anos com mais mexidas.

TAKE 2 EM ALVALADE PARA JOSÉ PESEIRO

Experiência na Primeira Liga: CD Nacional, Sporting CP, SC Braga, FC Porto e Vitória SC
Principal Troféu conquistado: Taça da Liga em 2012/2013
Idade: 58

13 anos depois de ter abandona os leões, José Peseiro regressa ao local do crime, ou seja, ao clube que podia ter alterado a sua rota enquanto treinador. Num par de semanas em 2005, o treinador perdeu a possibilidade de ser levantar a Taça UEFA (perdeu para o CSKA de Moscovo, numa final em casa…) e de ser campeão da Primeira Liga (derrota na Luz, com uma falha de Ricardo na abordagem do lance do golo).

Foi sempre um treinador elogiado pela sua predisposição de jogar ao ataque, com linhas “agressivas” na saída com bola, velocidade alta de jogo e aposta em boas combinações junto à área dando importância ao homem-golo.

Contudo, a forma de jogar de José Peseiro é também um pesadelo para a defesa, expondo em demasia a baliza. O bloco defensivo costuma jogar mais recuado, o que na ausência de um trinco e/ou pivots pode ser uma autêntica ameaça. Sempre teve problemas na construção de um bom eixo defensivo, no aguentar de pressão e na coesão nas bolas paradas.

Agora, depois de 13 anos a treinar equipas por todo o lado (incluindo o FC Porto e SC Braga), José Peseiro regressa a Alvalade, não como primeira escolha, mas como alguém para fazer uma transição de uma temporada para outra. Olhando para o plantel actual do Sporting CP, José Peseiro deverá dar importância a alguns nomes que andaram entre empréstimos e dispensas nos últimos anos.

Vai ter um papel de apaziguador, tentando reedificar um plantel que está desconjunto e desconfiado do ambiente ao seu redor. Muitas dúvidas em quem fica, quem sai e quem entra. Será sobretudo fundamental segurar os centrais, garantir um pivot que aguente bem o esforço físico e outro bomber (caso Bas Dost abandone o clube mesmo).

DANIEL RAMOS, O NOVO MESTRE DAS CHAVES DOS FLAVIENSES

Experiência na Primeira Liga: CS Marítimo
Principal Troféu conquistado: Nada a apontar
Idade: 47

A saída de Luís Castro para Guimarães criou um certo vazio em Chaves, pois o treinador fez um excelente trabalho entre 2017/2018, época que a equipa fechou em 6º lugar. A direcção flaviense perante este cenário foi à procura de alguém que tivesse créditos firmados na liga portuguesa, recaindo a aposta em Daniel Ramos. O técnico esteve dois anos no CS Marítimo, depois de ter treinado o CD Santa Clara, atingindo boas metas nos Leões da Madeira.

Mas é uma boa combinação Daniel Ramos com Chaves? Há que perceber primeiro a forma como o técnico gosta de montar as suas equipas, mais viradas sempre para um futebol de contra-ataque, pressão nos corredores intensa, “agressividade” no miolo e entrega da primazia de jogo aos seus adversários. Durante meses a fio (quase 1 ano) o CS Marítimo não perdeu qualquer jogo em casa, apresentando uma defesa de “betão” que não deixava passar nada. FC Porto, Sporting CP, SL Benfica, SC Braga foram alguns dos emblemas que caíram ou empataram nos Barreiros.

O futebol não era bonito, mas era inteligente e eficiente, apostando mais numa lógica de menos “risco” e mais contenção. Resultava bem até apanhar adversários que fossem similares ou que apresentassem extremos que fizessem uso da velocidade para quebrar com a harmonia defensiva (o Portimonense fez uso de Nakajima e Fabrício para implodir com a muralha dos Barreiros), consentindo algumas derrotas complicadas na época transacta.

O GD Chaves com Luís Castro era uma equipa de posse de bola, que gostava de montar boas triangulações e de sentir algum domínio no encontro, sem o ser completamente assumido. Bloco mais subido, em comparação com o que Daniel Ramos gosta, com a defesa a participar activamente na saída com bola. Ou seja, perante estes dois Mundos diferentes, será curioso ver como Daniel Ramos encaixa no GD Chaves, um clube que tem tido um processo evolutivo bastante bom na Liga NOS.

Será que o futebol de posse vai ser substituído por uma lógica mais defensiva? Ou Daniel Ramos vai tentar coisas novas?

Foto: Lusa

CONHECIMENTO HOLANDÊS NOS VERDE-RUBROS

Experiência na Primeira Liga: Não tem (só como treinador-adjunto)
Principal Troféu conquistado: Subida à Eredivisie em 2017/2018
Idade: 43

Surpresa nos Barreiros, com Carlos Pereira a trazer um técnico (quase) desconhecido para o futebol português: Cláudio Braga. Um técnico que foi adjunto de Carlos Azenha no Vitória FC há várias épocas atrás, para depois apostar num regresso à Holanda onde foi técnico de formação durante algum tempo. A meio da temporada passada assumiu o lugar de técnico principal no Fortuna Sittard, conseguindo a promoção à Eredivisie.

Na Eerste Divisie ficou a um ponto de levantar o título, apresentando um futebol dinâmico e energético, em que o ataque detinha um bom poder de encaixe no fundo das redes com dois portugueses em grande voga: Lisandro Semedo (15 golos e 15 assistências) e André Vidigal (10 golos na sua primeira época pelo clube). Uma formação que jogava um futebol alegre, com vontade de ir para cima do adversário, acompanhado de um meio-campo fisicamente elástico.

Foi a melhor defesa da liga, com apenas 41 golos sofridos, ficando a ideia de uma estratégia sábia de saída com a bola, reforço do meio-campo para ajudar os laterais na hora de subida, presença de um trinco que gosta de ter a bola no pé e uma solidez imensa nas bolas paradas. É portanto um treinador que “testou” os seus modelos nos escalões de formação, adaptou-os aos seniores e agora tem a sua primeira grande possibilidade e responsabilidade de treinar um clube com alguma dimensão.

O Marítimo atravessa uma fase de renovação, com a reformatação do plantel com as saídas de Bessa, Erdem Sen, Gevorg Ghazaryan, Fábio Pacheco e Luís Martins e as chegadas dos desconhecidos Josip Vukovic, Leandro Barrera, Marcão e Ibrahim Alhassan, sendo que não se sabe do futuro de Ricardo Valente, Joel Tagueu ou Pablo Santos.

Posto isto, Cláudio Braga terá que reedificar o Marítimo de forma rápida, encontrar um caminho boa para uma defesa sólida e dar outra expressão ao ataque dos verde-rubros de forma que consigam o apuramento para a Liga Europa no final da temporada que se avizinha.

A GENIALIDADE DE CASTRO AGORA NO BERÇO DE PORTUGAL

Experiência na Primeira Liga: FC Porto, Rio Ave e GD Chaves
Principal Troféu conquistado: Ledman Liga Pro 2015/2016
Idade: 56

O Vitória SC está num processo de mudança e a saída de Pedro Martins a meio da temporada (com uma troca de acusações do porquê da queda do 4º lugar para um 10º, entre o treinador e a direcção do clube vimaranense) permitiu iniciar os planos para a época seguinte mais cedo. José Peseiro foi um plano de contigência que não resultou na sua plenitude, mas garantiu alguma estabilidade ao plantel que estava pronto a desabar.

E qual o melhor remédio para repor o Vitória SC na luta pelos lugares cimeiros da tabela? Ir buscar um treinador que tem não só visão, mas que também consegue montar um projecto de médio-longo prazo: Luís Castro.

Foi responsável pelas camadas de formação do FC Porto, tendo apadrinhado atletas como Ruben Neves, André Silva, André Pereira, Diogo Queirós, Diogo Dalot, Diogo Leite, entre tantos outros. Foi precisamente pelos Dragões que conquistou o seu único título, a Ledman Liga Pro com a equipa secundária dos actuais campeões nacionais.

Depois de anos de ligação com os azuis-e-brancos foi convidado para a sua segunda experiência como técnico principal na Liga NOS, no Rio Ave. Aí lançou as bases para o sucesso que Miguel Cardoso ajudou também a edificar. Foi um dos treinadores-chave para o sucesso dos últimos dois anos do elenco de Vila do Conde, que tem sido destaque pelas boas exibições, futebol de ataque e inteligência no controlo do esférico.

Não renovou com os vilacondenses apostando num convite provindo do GD Chaves, levando o clube à sua melhor classificação nos últimos 40 anos na Primeira Liga. Mais uma vez, o treinador português implementou um futebol de combinações simples mas dinâmicas, de ideias ofensivas mas que cobriam bem o espaço e de presença no ataque com olhar para a recuperação de segundas bolas caso as percam na transição.

Ao contrário do que se pensava, Luís Castro não renovou com o Chaves e voltou a deixar boas bases num clube para recomeçar do zero noutro. O Vitória SC é assim a nova “academia” do treinador formado em física e será fundamental que volte a devolver o futebol de pressão, domínio e irritação que o Estádio D. Afonso Henrique se habituou a ter.

Com o treinador vieram alguns reforços de peso como Davidson (foi jogador de Luís Castro no GD Chaves), Yordan Osorio, Florent, Georgios Spanoudakis e Pêpê mas mais estarão para chegar, até para colmatar as baixas como Raphinha, Moreno, Miranda, entre outros.


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