A nova Liga dos Campeões

Rute RibeiroNovembro 24, 20245min0

A nova Liga dos Campeões

Rute RibeiroNovembro 24, 20245min0
Há vantagens neste novo formato da Liga dos Campeões? Bem, Rute Ribeiro apresenta uma defesa sólida neste artigo da cronista do Fair Play

Vamos a meio da nova fase de grupos da Liga dos Campeões, e apesar deste formato já ter conquistado muitos, há aqueles que continuam a preferir um regresso ao passado.

Do meu lado já encontrei algumas vantagens nesta nova versão:

– No formato de fase de grupos anterior, à quarta jornada, já estaríamos a “repetir” jogos e equipas como o Real Madrid teriam “batido” duas vezes numa equipa mais fraca e eram regra geral logo 6 pontos garantidos. Por esta altura, à quarta jornada, já teriam os seus 12 pontos e o apuramento na mão. Neste novo formato, nesta fase continua tudo em aberto, o que torna a competição mais interessante. Acho que perdeu alguma da sua previsibilidade!

– Adeptos do Barcelona (e não só) lembram-se que após aquele resultado pesado (sim, o trauma do 2-8 não desaparece de um dia para o outro) ainda apanhamos o Bayern em duas fases de grupos e já sabíamos que provavelmente a derrota viria em todos os jogos. 0 pontos ganhos, a continuação do trauma e o divertimento máximo de Thomas Müller. Mas este ano, para o bem ou para o mal, pelo menos só teríamos que lidar com eles uma vez.

A vitória foi nossa. Obrigada, Hansi Flick! O Müller perdeu o sorriso e eles não puderam reagir com “na segunda mão vai haver vingança”.

– E por último, o facto de termos as equipas do pote 1 a jogarem entre elas neste novo formato, torna a coisa mais entusiasmante e também menos previsível. O formato anterior com uma equipa de cada pote por grupo, regra geral levava a grupos em que tínhamos os “tubarões” do pote 1, uma equipa ainda interessante do pote 2, mas as do pote 3 e 4 habitualmente, iam ali para tentar a sua sorte, mas acabavam devoradas pelos grandes.

Mas também tenho uma pequena desvantagem (esta como adepta que sempre que “po$$ível” gosta de ir ao estádio ver estes jogos):

– No ano passado o Barcelona ficou com o Porto na fase de grupos e isso deu-me a possibilidade de ver a equipa Blaugrana em Portugal, porque tinham que vir cá obrigatoriamente. Neste novo formato, já depende se o sorteio declara o jogo como sendo cá ou lá.

Apresentados alguns prós e contras que juntei até agora ao ver o novo formato, e porque já se jogaram 4 jornadas, vou então partilhar os meus 4 “destaques” do momento:

– O lugar que o Real Madrid ocupa neste momento na tabela é sem sombra de dúvidas uma surpresa para mim (mas continua tudo em aberto). Os senhores desta competição, por esta altura, no formato antigo já estariam provavelmente com o apuramento no bolso (como referi anteriormente), mas desta vez, somam apenas 6 pontos em 4 jogos. Claro que ninguém se esquece da forma como recuperaram o resultado contra o Dortmund, mas acho que está bem presente na memória de todos, que após a cerimónia do Ballon D’Or se falava que o Real Madrid tinha intenções de “marcar a sua posição” e “fazer uma declaração ao mundo” já no jogo seguinte que seria contra o AC Milan no Bernabéu. A “declaração” acabou por não correr como esperado, perderam 1-3 e a lei do ex funcionou mais uma vez com Morata.

Facto engraçado sobre o Morata e a sua relação como ex do Real Madrid: nesse jogo conseguiu marcar pelo 3.º clube contra o Real Madrid no Bernabéu e os merengues são também a sua vítima preferida – 7 golos em 13 jogos.

Viktor Gyökeres estar no grupo de melhores marcadores não é o facto que destaco. Quem tem acompanhado o avançado sueco do Sporting já está bem familiarizado com as capacidades dele, mas o facto de estar nesse grupo devido a um hat-trick contra a equipa comandada por Pep Guardiola já é motivo de surpresa e também de rasgados elogios. Parabéns ao Sporting que teve a visão e capacidade de o ir buscar, e sortuda a equipa que vencer a corrida para o comprar no final da época (o jogador já deu garantias de que não irá sair no mercado de inverno, mas é impossível que o clube leonino o consiga manter no mercado seguinte).

– O Aston Villa reencontrou o Bayern München 42 anos depois da primeira (e até este ano única) vez que se defrontaram. Muitos de nós ainda nem andávamos por cá, mas foi assim que o Villa ganhou a sua Champions League, com uma vitória por 1-0 conquistada com um golo de Withe aos 67’. Este ano, numa noite em que Emiliano Martínez foi essencial para manter a baliza do Villa a zeros, o resultado repetiu-se, numa jogada que iniciou no guarda-redes, que colocou a bola no Torres e o mesmo tratou de assistir Durán que veio do banco para dar os 3 pontos à sua equipa.

– Por último as equipas francesas – mais propriamente o Brest e o Paris Saint-Germain. Se por um lado surpreende que o atual líder do campeonato francês se encontre na zona de eliminação da UCL com apenas 4 pontos conquistados em 12 possíveis, por outro, o Brest estar em 4.º lugar com 10 pontos e a apenas 2 do primeiro classificado quando a sua prestação na Ligue 1 não está tão famosa (ocupa o 12.º lugar com 13 pontos e a 19 do 1.º classificado) é ainda alvo de maior surpresa. Sem dúvida que é uma equipa a acompanhar até ao final da fase de grupos, nem que seja pela curiosidade de ver se conseguirá manter-se por aqueles lugares até ao fecho da mesma.

Muitos mais dados ou momentos poderia ter destacado, mas decidi falar destes. Agora resta-nos desfrutar da restante fase de grupos e ver que outras surpresas ela nos trará até à última jornada.


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