A luta pela descida em Portugal 2022/2023 pt.3

Ricardo LopesMarço 15, 20235min0

A luta pela descida em Portugal 2022/2023 pt.3

Ricardo LopesMarço 15, 20235min0
A luta pela descida em Portugal está quente e olhamos para o que se pode passar nos dois próximos meses na Bwin Liga.

Na segunda parte deste artigo da luta pela descida em Portugal, abordámos a análise do plantel de Paços de Ferreira e a qualidade dos treinadores que estão/estiveram ao serviço dos clubes que lutam pela manutenção.

Calendário

Ao faltarem ainda onze jornadas para o término do campeonato, é complexo afirmar com certa exatidão quem tem os oponentes mais difíceis. Ainda assim, existe uma equipa que se destaca das demais: o Santa Clara. A equipa dos Açores é a única que tem de enfrentar os quatro primeiros classificados, sendo que todos eles são fora de casa, o que dificulta ainda mais a tarefa. O Estoril aparenta ter a missão mais simples, não por causa dos adversários, que são imponentes, mas devido à vantagem pontual que existe perante o décimo sexto classificado, que permite que a equipa da Linha possa “escorregar” uma ou duas vezes. Ainda assim, a tendência é melhorar, mesmo com jogos frente ao FC Porto, SC Braga e Benfica.

Projeto desportivo

Uma equipa terá de ter obrigatoriamente um projeto desportivo, com objetivos a curto, médio e longo prazo. No caso das equipas portugueses, é complexo em certos casos conseguirmos ver o longo prazo, já que as equipas não são financeiramente tão estáveis, podendo perder peças valiosas de época para época.

Destas quatro instituições, o Estoril e o Paços apresentavam projetos de estabilização e crescimento, tendo formado boas equipas e possuindo belas condições. Era complicado imaginar que as duas estariam na luta pela manutenção. Uma época tranquila no meio de tabela seria o objetivo, fazendo crescer o coletivo e certos nomes individualmente que possibilitassem a manutenção financeira de ambas as instituições. Os profissionais que integram as estruturas do clube levam-nos a este pensamento, além de não vermos as coisas a serem feitas “em cima do joelho”, ou de maneira precipitada.

Já no Marítimo e no Santa Clara vemos um panorama diferente. O Santa Clara não soube suprimir as saídas que ocorreram o ano passado. Diogo Boa Alma era um dos nomes mais importantes do clube (em termos de estrutura) e acabou por sair, deixando a direção desportiva do Santa Clara perdida. Bruno Vincintin assumiu o comando da SAD e a política do clube tem sido completamente distinta. Klauss Camâra chegou do Alverca, mas não conseguiu replicar o que o seu antecessor realizou. Apostou no mercado brasileiro, conseguindo alguns frutos como Bobsin, mas imenso tiros ao lado, sem capacidade sequer para estarem no banco de uma equipa da Primeira Liga.

As mudanças na direção do Marítimo também tiveram as suas consequências, porém é um clube sem um projeto definido há alguns anos. Mesmo no final da era Carlos Pereira, a equipa mantinha-se na Primeira Liga, muito por demérito dos outros. O Marítimo é um histórico do futebol nacional, com infraestruturas de excelência e uma ótima rede de observação. A contratação de Tiago Lenho foi um bom passo para criar um projeto, no entanto praticamente tudo o resto não está a ser bem feito ou a passar por um processo de mudança, que está a tardar mais que o habitual.

Ainda assim, é das quatro equipas aquela que na teoria tem mais capacidade de ter um projeto a longo prazo, como já o fez em temporadas passadas. Neste momento, tenta-se sobreviver época a época, o que poderá correr mal alguma vez. Cada vez mais pessoas dizem que “equipas como o Marítimo deveriam descer”. O que traz estes comentários é a falta de projeto e a existência unicamente do instinto de sobrevivência, acompanhada de um futebol desagradável.

Podemos afirmar, com uma certa segurança, que Estoril e Paços de Ferreira, em caso de descida, irão conseguir regressar com pouca dificuldade, pois os clubes são estáveis. Além disso, já estiveram na mesma situação num passado recente e souberam reinventar-se para participar na Segunda Liga. Já Marítimo e Santa Clara são incógnitas. Da última vez que o Santa Clara desceu, tardou imenso tempo a subir, enquanto que o Marítimo já um clássico de Primeira Liga, sendo que muitos adeptos nunca viram o Marítimo fora da mesma posição.

Ainda assim, não é possível explorar a fundo os projetos desportivos destas equipas num pequeno capítulo, mas fazendo uma análise de plantel e treinador fica mais fácil de entender quais são os objetivos de cada um.

Uma Luta a três

Na minha opinião, parece-me óbvio que a luta será a três. O Estoril Praia com um treinador de qualidade e uma equipa bem constituída está nesta posição porque o antigo técnico não soube remediar a má situação vivida. Com a margem pontual que possui, é praticamente obrigação de Ricardo Soares fazer com que o décimo sexto posto deixe de fazer parte da equação da equipa do Estoril.

Prevê-se uma luta a três pelo décimo sexto lugar, com a consciência de que mesmo alcançando essa posição, a tarefa de ultrapassar o play-off será bastante árdua.


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