3 treinadores que poderão substituir Fernando Santos

Francisco IsaacDezembro 30, 20218min0

3 treinadores que poderão substituir Fernando Santos

Francisco IsaacDezembro 30, 20218min0
Mourinho, Leonardo Jardim ou Vítor Pereira, poderão ser eles a substituir Fernando Santos? A argumentação a favor (e contra) para este trio

Fernando Santos estará na porta de saída da Selecção Nacional, seja agora em 2021, ou após uma possível eliminação no playoff de apuramento, sendo que mesmo a ida ao Mundial não valerá renovação de contrato, abrindo espaço para a chegada de um novo comandante das Quinas. Mas quem poderá ser esse novo elemento? Propomos três nomes nacionais que acrescentariam algo mais na selecção masculina sénior de futebol de Portugal.

LEONARDO JARDIM (AL-HILAL)

Pontos a favor: possível disponibilidade para assumir no momento imediato (seja agora, Maio ou Novembro de 2022); capacidade táctica; conhecimento profundo de alguns jogadores; método de trabalho; lógica organizacional
Pontos contra: futebol mais de contenção do que assumir de protagonismo;

A vitória na Liga dos Campeões da Ásia voltou a trazer o nome de Leonardo Jardim para a ribalta do grande público, que não devia se ter esquecido do excelente trabalho realizado tanto ao serviço do Sporting CP como do AS Monaco (a par do Lille, foram os únicos a meter um pequeno “travão” na hegemonia actual do Paris Saint-Germain na 2ª década do século XXI), tendo agora somado um troféu especial, e que garante pelo menos uma vitória com selo luso nas principais competições internacionais de clubes em cada Continente – falta a da Oceânia. Posto isto, o treinador de 47 anos tem a dimensão táctica, técnica e mental para liderar as Quinas?

Comecemos pela componente psicológica, uma das principais valências de Leonardo Jardim, que conseguiu injectar a confiança e a consciência num plantel extremamente jovem do AS Monaco que resultou não só no tal título de campeão da Ligue 1, como foram capazes de chegar até às meias-finais da Liga dos Campeões em 2017. Por outro lado, quando a situação financeira dos monegascos piorou profundamente, o treinador foi incapaz de dar a volta à situação e acabou por sair do clube, num momento em que estavam numa posição crítica na classificação, ficando aqui a dúvida se o problema teria sido só do treinador, ou de todos os aspectos administrativos do clube do principado do sul de França.

Ultrapassando esse pormenor negativo, a verdade é que Leonardo Jardim consegue construir uma ideia de jogo compacta e perene, que não sendo a mais espectacular em termos visuais ou técnicos, garante resultados, permite ter as suas equipas a lutar por objectivos de patamar alto e tem o condão de trabalhar bem com plantéis jovens, ou com atletas que precisam de um empurrão para atingirem outro nível. O esquema táctico mais apetecível do agora treinador do Al-Hilal assenta no 433, podendo se alterar mais para um 4231 em situações de ataque em profundidade ou de maior domínio nos jogos, enquanto o clássico 442 pode surgir dependendo se opta por ter dois avançados de área – um mais posicional, outra de velocidade – como aconteceu no AS Monaco de 2016/2017. Seria uma escolha interessante, fiável e que garantia, pelo menos, uma transição coerente e lógica, conhecendo já alguns dos jogadores que poderá se cruzar com na selecção nacional.

VÍTOR PEREIRA (FENERBAHÇE SK)

Pontos a favor: desenvolvimento de aspectos psicológicos fundamentais, seja confiança, perseverança emocional e capacidade de acreditar; desenvolvimento de blocos defensivos lógicos e de boa expressão na saída para o ataque;
Pontos contra: capacidade ofensiva desfasada da qualidade defensiva; falta de experiência junto dos maiores palcos ou jogadores mundiais;

Um nome escolhido por nós, que vai criar debate, pois Vítor Pereira reúne ao mesmo tempo consenso e críticas, algo coerente com a carreira vivida pelo treinador que foi bicampeão pelo FC Porto, somando depois títulos nacionais pelo Olympiakos e o Shanghai SIPG, sem nunca ter atingido um patamar supra-elevado no futebol europeu. Porquê Vítor Pereira? Capacidade de montar excelentes blocos defensivos, agressividade mental que aguenta os momentos de maior tensão, conseguindo escalar autênticas “muralhas” de obstáculos para atingir as metas mais ambiciosas, algo que ficou provado na passagem pelo FC Porto, por exemplo.

Porém, sem um plantel minimamente razoável e com elementos mais experientes, o trabalho do agora treinador dos “gigantes” do Fernbahçe torna-se mais difícil, notando-se algumas falhas na execução ofensiva, um dos prismas menos emocionantes, apesar de ter registos de golos quase ao nível de André Villas-Boas, isto quando comparamos a passagem de ambos pelo FC Porto.

Não sendo um futebol extraordinariamente efusivo, de alta cilindrada nos corredores ou de grande domínio junto ou dentro da área, a verdade é que traz “paz” ao bloco defensivo e de transição, com saídas de bola lógicas e interessantes, conseguindo dar outra expansão à equipa dentro de campo, sobretudo em momentos de suposta inferioridade. A capacidade mental é a grande valência aqui, com Vítor Pereira a conseguir dar norte aos seus plantéis, sendo que a maior dúvida e/ou crítica subsiste na capacidade em conseguir ter outra presença junto de equipas de maior dimensão ou expressão técnica, acabando, também, por sofrer alguns problemas face a adversários mais apaixonados por ir tentar um futebol de constante contra-ataque (veja-se o que aconteceu com o APOEL em 2011/2012 ou Málaga em 2012/2013, isto na Liga dos Campeões).

Podendo estar longe dos tempos áureos enquanto treinador, Vítor Pereira detém um registo interessante de vitórias pela maioria dos clubes por onde passou, tendo princípios bem fundamentados e estabelecidos, que neste momento fazem falta às Quinas.

JOSÉ MOURINHO (AS ROMA)

Pontos a favor: trabalho mental rigoroso e que consegue passar a “mensagem”; filosofia de jogo, que podendo não ser emocionante é, seguramente, lógica e coerente; comunicação inteligível e de procura de evolução nos jogadores;
Pontos contra: conflitos com alguns jogadores que não alinhem na ideia estratégica; confrontação excessiva em momentos delicados; futebol que pode ser mais conservador e debilitador para equipas com potencial para assumir o risco;

De longe o nome nesta lista mais “desejado” por uma boa falange dos adeptos nacionais, já que o palmarés rico, inteligência no trabalho com os atletas e capacidade para lutar pelo grupo de forma proactiva possibilitam dar outra outro nível a uma dada equipa ou clube. Podendo não ser o José Mourinho dos tempos do Chelsea, FC Porto ou Real Madrid, a verdade é que foi o último técnico a ter um mínimo sucesso pelo Manchester United (três troféus em duas épocas e meia, tendo melhor rácio de vitórias/derrotas em comparação com Ole Gunnar Solskjaer), e, por incrível que pareça, conseguiu transfigurar o seu futebol mais monótono do Tottenham para algo diferente na AS Roma, aplicando uma estratégia ofensiva de maior risco, velocidade, que consegue saltar do assalto via corredores para construção de fio-de-jogo atacante pelo “meio”, apesar de deixar a defesa algo exposta, algo que já criou uns quantos dissabores inesperados na época actual.

Comunicação é outro aspecto importante que José Mourinho traz consigo, conseguindo proteger bem os seus plantéis – por vezes a excessiva honestidade e críticas públicas trouxeram problemas internos com jogadores mais jovens ou menos propensos a serem expostos publicamente – e identificar uma meta ou alvo que a curto-prazo resulta num crescer auspicioso das suas equipas fora e, especialmente, dentro das quatro-linhas, sendo aqui fundamental ter três ou quatro jogadores-líderes que se entreguem à “causa” e alinhem no pensamento do técnico português.

A maior questão é o conservadorismo táctico, a falta de cultura de risco ofensivo ou de querer ser a equipa dominante nas dinâmicas ofensivas, que poderá significar um mau uso, a longo-prazo, das gerações actuais da Selecção Nacional, sendo que em sua defesa houve uma alteração interessante na AS Roma, emigrando para um futebol ritmado, intenso e de querer ir em busca dos golos, mesmo não tendo um plantel bem enraizado ou experiente. Ou seja, houve evolução estratégia no treinador duas vezes campeão da Liga dos Campeões, e isso poderia beneficiar as Quinas, pois compreenderia bem as valências individuais que existem tanto na geração de Bernardo Silva ou Bruno Fernandes, ou nas futuras lideradas pelas novas coqueluches do futebol português.

A grande questão é se estaria disponível para abandonar a AS Roma precocemente, quando anunciou que o seu objectivo é ficar um ciclo de três anos (mínimo) pelo emblema da capital de Itália.


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