2020, o ano de maior influência estrangeira no futebol brasileiro

Fair PlayJaneiro 9, 20204min0

2020, o ano de maior influência estrangeira no futebol brasileiro

Fair PlayJaneiro 9, 20204min0
Jorge Jesus e Jorge Sampaoli abriram a "porta" a vários novos treinadores internacionais como Jesualdo Ferreira. O que poderá esta marca estrangeira trazer ao futebol canarinho?

Artigo de Renato Salgado

Quatro dos 12 maiores clubes da Série A do Brasileirão terão no comando treinadores de outros países. Portugueses Jorge Jesus (Flamengo) e Jesualdo Ferreira (Santos), terão companha do venezuelano Rafael Dudamel (Atlético-MG) e do argentino Eduardo Coudet (Internacional-RS). Relembrar rapidamente que Jesualdo Ferreira foi dos treinadores mais titulados em Portugal no século XXI, com vários troféus levantados ao serviço do FC Porto. A “chegada” deste quarteto faz da temporada 2020 ser a de maior presença de técnicos estrangeiros no futebol tupiniquim.

Há ainda mais dois treinadores portugueses no mercado. Para a disputa do Campeonato Brasileiro da Série B, o Avaí contratou Augusto Inácio, que estará pela primeira vez em terras brasileiras, depois de dirigir equipas como Rio Ave, Sporting  (campeão nacional em 1999/2000) e Belenenses. Além disso o Cascavel Futebol Clube contratou Luiz Miguel para a disputa do Campeonato Paranaense, este que já faz longa carreira pelo Brasil, dirigindo equipas do interior maranhense e do Amazonas.

E a lista de técnicos estrangeiros pode até aumentar. O Red Bull Bragantino, time do interior de São Paulo e que disputará a Série A do Brasileirão (um projecto ao nível do seus familiares da Alemanha, EUA e Aústria), procura um novo treinador e os favoritos são os portugueses José Peseiro, ex-auxiliar do Real Madrid, e Carlos Carvalhal, treinador do Rio Ave e que já passou pela Premier League em temporadas passadas. Esses são os mais cotados para assumir o clube de Bragança Paulista. Lembrando ainda que outro time da Série A do Brasileirão, o Atlético-GO, também está a procura de um treinador.

A grande presença de treinadores estrangeiros no Brasil, acompanha o grande sucesso de 2 nomes que brilharam no futebol brasileiro em 2019. O argentino Jorge Sampaoli foi vice-campeão nacional e o português Jorge Jesus, foi campeão do Brasileirão e da Copa Libertadores pelo Flamengo conseguindo esse feito inédito para um técnico estrangeiro na América do Sul.

Já no final do Campeonato Brasileiro, Jorge Jesus reclamou da falta de receptividade ao seu trabalho de alguns treinadores no Brasil e citou uma possível perseguição,

“Não sou melhor nem pior que ninguém. Não vim tirar lugar de ninguém. Não vim ensinar a ninguém, o Brasil tem grandes treinadores. Quero que meus colegas cresçam, não sabem o que é globalização.”

Nos últimos 10 anos, apenas 13 estrangeiros trabalharam na Série A do Campeonato Brasileiro com o aumento do fluxo migratório a partir de 2016, quando oito profissionais chegaram a vários emblemas das Séries A e B do Brasileirão. Contudo, a maioria da presença internacional conviveu com alguns fracassos.

O português Paulo Bento ficou apenas três meses no Cruzeiro de Belo Horizonte em 2016 e conquistou só 41% dos pontos disputados. O atual treinador da Seleção do Peru, o argentino Ricardo Gareca durou somente 13 partidas em 2014 pelo Palmeiras, sendo despedido após resultados muito ruins. No mesmo ano, o espanhol Miguel Ángel Portugal teve trabalho breve no Athletico-PR.

Houve ainda os casos de quem teve o trabalho abreviado por receber um convite para dirigir seleções. O São Paulo perdeu o colombiano Juan Carlos Osório para o México em 2015 e no ano seguinte viu o argentino Edgardo Bauza partir para comandar a seleção de seu país. Além do colombiano Reinaldo Rueda chegou ao Flamengo em 2017, foi vice-campeão da Copa Sul-Americana e logo saiu para assumir o Chile.

2020 abre-se assim como uma época de grande influência internacional nos staffs técnicos de vários clubes do Brasil, ficando a expectativa do que Jesualdo Ferreira, por exemplo, conseguirá oferecer ao vice-campeão Santos. O sucesso conquistado por Jorge Jesus parece ter influenciado algumas destas contratações, mas até que ponto serão todas positivas para o crescimento do futebol brasileiro?


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