Uma ida e volta à Terra dos Sonhos para Guilherme Custódio

Francisco IsaacMarço 15, 20185min1

Uma ida e volta à Terra dos Sonhos para Guilherme Custódio

Francisco IsaacMarço 15, 20185min1
Conhecer os ídolos para encher de inspiração e voltar em força... foi desta forma que Guilherme Custódio viajou até Inglaterra para conhecer Mathew Gilbert

Guilherme Custódio, atleta de formação da secção de rugby do Sporting Clube de Portugal cumpriu um sonho: conhecer Mathew Gilbert. Para o adepto desconhecedor da modalidade ou do nome, Guilherme Custódio e Matthew Gilbert partilham mais do que a surdez, pois ambos são apaixonados pelo rugby.

Este artigo conta a viagem de Guilherme e Carlos Custódio (o pai) na viagem a Inglaterra em especial às instalações do Gloucester Rugby.


Começando por onde se tem que começar.

Pelo princípio.

O meu filho Guilherme é um menino com 14 anos, joga rugby no Sporting Clube de Portugal, e está na formação do clube desde os sub-10.

Ele é surdo bilateral, e apesar de todo o apoio de técnicos e colegas no Sporting, sempre quis conhecer outros jogadores surdos, como ele.

Travámos conhecimento com um jogador de rugby, surdo bilateral como o Gui, internacional pela Inglaterra.

Houve a possibilidade, com o apoio de toda a família oval, do Sporting e até de anónimos, do Guilherme fazer uma viagem de modo a poder treinar e ver treinar/jogar um jogador que para ele se tornou um modelo.

Fizemos um crowdfunding, e conseguimos amealhar o necessário às despesas com a viagem e alojamentos.

É esta também uma forma de agradecer a todas as pessoas que directa ou indirectamente ajudaram a que esta viagem se realizasse.

Família de Sangue, Oval, e Sportinguista. Blogues que desde a primeira hora nos apoiaram.

Todos de uma generosidade e altruísmo máximo.

O nosso enorme obrigado.

DA VIAGEM

Começámos a viagem sem saber o que esperar, após tantos atrasos, por lesões, falta de agenda, etc, confesso que o Gui só acreditou mesmo quando se fizeram as malas e viu algumas notas de libras…

Dia 1 de Março, bem cedo. Voámos sem sobressaltos, e aterrámos nos braços gélidos de Emma Storm (por aqui coloquialmente chamada de Beast from the East).

Temperatura baixa e neve, muita neve a aguardar-nos em Inglaterra. Antes de entrármos na autoestrada, um campo gelado de rugby, e outros se seguiram… Estávamos realmente num país diferente.

Chegámos cedo, mas a viagem de autocarro às voltas, a fintar a neve, fez com que nesse dia, fosse chegar ao hotel, jantar e dormir.

DIA 2 – O CONHECER DO ÍDOLO

Manhã cedo, a caminho do Hartpury College, onde treina o Hartpury RFC e também o Gloucester Rugby. Sem transportes públicos, uma outra aventura para lá chegar.

Ao chegarmos, informaram-nos que os treinos estavam cancelados, pois os campos tinham vários centímetros de neve, o que impossibilitava de todo o treino. Fomos então ter com o Performance Chef do Gloucester Rugby, Guilherme Carvalho.

Recebeu-nos e fez-nos uma visita às instalações do Clube. No corredor de acesso, o Gui ia chamando à atenção para este ou outro pormenor. A história centenária deste Clube é digna e extensa. Um privilégio.

Entretanto chegou o jogador que queríamos ver a treinar, Mathew Gilbert, jogador inglês, internacional pela England Deaf Rugby, um dos poucos surdos a atingir o profissionalismo e a jogar no Aviva Champioship.

Falámos com ele, e ajudou-nos em algumas questões práticas do jogo. Trocaram de ideias, ele e o Gui acerca do jogo e da postura a ter e no fim ficou a promessa de nos ajudar no que fosse preciso.

Foto: Carlos Custódio

WELCOME TO THE KINGSHOLM “CASTLE”!

Convidados pelo Guilherme Carvalho, a assistir ao jogo Gloucester Rugby vs Newcastle Falcons, lá nos dirigimos a Gloucester, e após o almoço, fomos questionando a multidão vestida de Cherry and White onde era o Kingsholm Stadium. Juntamente com as indicações, surgia o inevitável convite para pints, que a ter acedido a tomar teriam feito estragos.

Chegados ao Kingsholm Stadium, tempo para as fotos da praxe, espreitar a equipa a aquecer, e confraternizar com uns adeptos entusiastas dos Falcons que estavam próximos de nós.

Os gritos de incentivo ao Gloucester são arrepiantes, ainda mais num estádio quase cheio de vibrantes adeptos. Um dos pontos altos, sem dúvida, seguido de um convívio com jogadores e equipas técnicas numa terceira parte que vai deixar saudades.

Os nossos obrigados ao Guilherme Carvalho, cuja simpatia e atenção deram, ao Guilherme e a mim, uma das melhores recordações ovais das nossas vidas.

O FINAL E O ADEUS A GLOUCESTER!

Dia de passear e ver finalmente a Catedral de Gloucester, onde visitamos as partes dos Claustros da Catedral que serviram de fundo à saga Harry Potter. O Mundo mágico de Hogwarts tomou-nos de assalto, e ao Guilherme em especial.

Saímos de lá com o coração cheio. De volta ao hotel, onde deu para brincarmos um pouco com uma oval em frente ao estacionamento, o Guilherme já não aguentava as saudades.

E finalmente o regresso. Antes de sairmos do hotel, visitámos o Gloucester Deaf Centre, pertinho de onde estávamos alojados.

Adoraram falar com o Guilherme, e adoraram saber que ele joga rugby. Mostraram muito interesse, tal como o Guilherme, na Língua Gestual que cada um deles “falava”.

Ficámos com a certeza de um dia lá voltar e visitá-los.

Foto: Carlos Custódio

One comment

  • Carlos Carta

    Abril 3, 2018 at 7:12 am

    Obrigado ao Fair Play.
    E a todos os que nos ajudaram a fazer o Gui sonhar um pouco mais.

    Reply

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