Paulo Meneses e a estreia oficial pelo Cehegín Deportivo pt.2
Depois de um início promissor mas ainda com algumas dúvidas, Paulo Meneses conta-nos um momento importante no arranque da época, em que foi necessário a sua intervenção para “acordar” os seus jogadores no sentido certo, que podes ficar a saber nesta 3ª página do Diário do Treinador nesta ventura em Espanha pelo Chegín Deportivo.
O EMBATE E A INTERVENÇÃO DECISIVA
Na preparação para o quinto jogo, logo no primeiro treino, onde fazemos uma análise e uma reflexão do que foi o jogo anterior, e onde faço uma perspectiva daquilo que pode ser essa semana de trabalho e o próximo jogo, expliquei-lhes que, o objectivo que tínhamos na semana anterior, foi cumprido (soltarem-se no jogo em casa, não sentir tanta pressão, sermos nós próprios, etc)…mas que faltou ser mais eficaz na finalização, para pelo menos ganhar 1 ponto.
Também lhes disse que iriamos defrontar a melhor equipa do nosso campeonato, e embora fosse um jogo no campo deles…iriamos preparar-nos muito bem durante a semana (à imagem das restantes semanas), para ir discutir o jogo e tentar ganhar os 3 pontos.
Realmente, foi uma das melhores semanas em todos os niveis, mesmo com tanta baixa do plantel sénior, os 6 juniores que subiram connosco e um juvenil, para ajudar a preparar o jogo, conseguiram ser competentes na preparação de um jogo tão difícil.
O jogo foi às 12h do meio dia, a viagem de manhã correu de uma forma normal, assim como o aquecimento para o jogo, via-se que estavam confiantes para defrontar o “Golias” da liga.
Termina o aquecimento, e eu por norma pergunto aos adjuntos, quais foram as sensações que eles tiveram dos jogadores durante o aquecimento. No entanto, quando eu entro no balneário, onde encontro os jogadores a terminarem de se preparar para a chamada do árbitro… e me deparo com um silêncio super denso.
Nesse momento… eu como treinador, tenho 2 opções, não digo nada, pensando que estão super concentrados, ou decido ter uma postura mais activa para que esse silêncio denso não seja prejudicial antes do jogo, tendo uma influência depois durante o jogo.
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— Fair Play (@FairPlaypt) September 22, 2021
Decidi intervir, porque já tinha vivido um episódio parecido no segundo jogo (primeiro jogo em casa), onde defrontamos 1 das 2 melhores equipas, e como estávamos para defrontar o “Golias” da nossa liga, não queria que acontecesse o mesmo cenário.
Foi então, que lhes disse:
“Esto es solamente un partido de fútbol, cabrones!!! Que es para sair al campo y desfrutar, competir. Es que hay ahora mismo un silencio en el vestuario…que más parece un funeral. Que elos no son mejores que nosotros si queremos. Habeis realizado una semana más de puta madre !!! Estais mas que preparados para salir al campo y competir para ganar el partido.”
Abri a porta do balneário que dava acesso ao corredor onde os árbitros e jogadores adversários pudessem estar e acrescentei:
“Hay que salir a este pasillo, antes de subir las escaleras… y mirar cada jugador adversário a los o ojos !!! La batalla comienza aqui en el pasillo !!! ”
Começamos o jogo muito bem, super organizados sem bola, com personalidade quando recuperávamos a bola e a fizemos circular. Anotei o primeiro contacto com a bola do meu Guarda Redes, aos 19 minutos. Houve um centro lateral, onde Cristian agarrou a bola nas alturas (arrancava assim para uma exibição excelente).
Para esse jogo, e face à ausência de tantos jogadores importantes, alteramos o sistema para 3 centrais (2 Carrileros), 3 Medios Centro e 2 Avançados – 1-3-5-2 a atacar e 1-5-3-2 a defender.
E apesar de algumas adaptações, com um defesa lateral a jogar de Ccntral (perdemos o nosso central mais alto no jogo anterior – Kulum), e com um extremo a jogar de Carrillero (temos 3 laterais lesionados), Mesmo assim, conseguimos fazer um 11 titular competitivo e equilibrado. Tínhamos o jogo controlado, até ao minuto 42. Penalty, muito forçado. 1-0 para o adversário. No intervalo, depois de muita contestação da nossa parte, o árbitro pediu desculpa e assumiu que quizás se havia equivocado.
Tocava levantar os ânimos e a confiança, uma vez mais no intervalo. De facto, tinha sido uma primeira parte quase perfeita da nossa parte. Não tinha quase nada que corrigir. Quando entrei no balneário, vi os jogadores muito fora de si, porque se sentiam muito injustiçados e prejudicados pelo árbitro. Pedi-lhes para não perderem essa raiva, mas para a usarem da melhor forma: trabalhando ainda mais duro em prol da equipa, para usarem essa raiva como motivação extra e superação…e para se focarem somente no que tinham que fazer (ignorarem o árbitro)… Que isso nos iria trazer coisas boas na segunda parte.
Minuto 2 da segunda parte, pontapé de canto para nós: golo de cabeça do Javi Garcia (Defesa Central ainda com a idade de júnior). Estava estabelecido o 1-1.
O adversário apertou um pouco mais, como lhes correspondia, e face à grande capacidade ofensiva que tem, mas nós conseguimos defender-nos com as nossas armas. Ao minuto 70, livre lateral para o adversário, e não conseguimos mais uma vez defender uma bola parada, perante o poder atlético de vários jogadores adversário, contra os meus jovens jogadores.
Foi o momento de alterar o sistema e colocar a equipa o mais ofensiva possível. Regressamos ao nosso 1-4-3-3.
Retiramos o Defesa Lateral que estava a jogar como Defesa Central, passamos à linha de 4 Defesas. Recuei o Medio Centro para Central (para dar mais capacidade de ter bola na Organização Ofensiva), colocamos o Extremo Esquerdo – Enrique, por trás do Avançado, onde começou a ter mais importância com bola na nossa equipa face à sua capacidade técnica superior aliada a uma capacidade de decisão assinalável – iria dar-nos, como deu, outra dimensão atacante.
Também metemos um outro extremo-esquerdo para refrescar o ataque, como o Carrillero direito, pediu para sair por lesão, metemos 1 Extremo Direito (júnior ainda) e trocamos 1 Medio Centro por outro jovem (júnior também).
E fomos à procura do empate, que surgiu ao minuto 87, onde os 3 jogadores que saltaram do banco, a participarem na jogada, com Victor Watson e com os 2 jovens jogadores (os 2 juniores) a terminarem a jogada com um excelente remate fora de área de Josema, que ainda tocou em Alfonso antes de entrar na baliza. De referir, que acabamos em cima do adversário, à procura de remontar o resultado para 2-3, com o nosso capitão Javi Cardozo (homem encargado de bater as bolas paradas, com grande precisão e eficiência), a bater uma última falta para a área.
De destacar o trabalho, o espirito guerreiro desta equipa, que foi aplaudida pelos adeptos da casa, pelo excelente trabalho realizado, mostrando assim um assinalável Fair Play, onde um dos dirigentes do club da casa, veio-me cumprimentar dando -me os parabéns a mim, e a toda a equipa, pedindo para entrar no nosso balneário para fazer uma foto com a nossa equipa:
Ou seja, num inicio que já se adivinhava muito difícil para a nossa equipa, porque
as 7 primeiras jornadas são contras as melhores equipas da liga, também estão a coincidir uma vaga de lesões com (demasiados) jogadores muito importantes. No entanto, temos competido olhos nos olhos praticamente em todos os jogos, o que nos permitiu em 6 jogos, roubar pontos a 4 candidatos. Um inicio muito muito positivo.
Un empate muy valioso contra un rival muy complicado. El equipo muestra su raza, su carácter y su compromiso.
??❤️¡EQUIPO!??❤️ pic.twitter.com/EZfqmXGR0C— Club Cehegín Deportivo (@CeheginDptvo) October 18, 2021