Os 5 jogadores mais sobrevalorizados da atualidade

Pedro AfonsoAbril 22, 20189min0

Os 5 jogadores mais sobrevalorizados da atualidade

Pedro AfonsoAbril 22, 20189min0
Muitos jogadores parecem ser bafejados pela sorte no que toca ao "amor" dos adeptos e das redes sociais. O Fair Play faz um balanço dos 5 jogadores mais sobrevalorizados da atualidade.

De quando em vez, a Comunicação Social afeta ao Futebol entra em “êxtase” com um jogador, mesmo que este não tenha feito tudo aquilo que seria expectável para merecer tanto apreço público. O conceito de “flop” está cada vez mais presente num Futebol brutalmente inflacionado e a sobrevalorização anda de mão dada com ele. Sejam motivos económicos, desportivos ou apenas e só de carisma, inúmeros jogadores são alvo de uma devoção desmedida.

O Fair Play traz uma pequena lista de jogadores que pisam os relvados da atualidade com demasiados elogios e esperanças face àquilo que já demonstraram. Obviamente que o conceito de sobrevalorização é passível de diferentes interpretações, contudo, a lista foi desenhada tendo em conta as diferentes facetas do futebol atual: salário, presença na comunicação social, valores de transferência, momentos de forma… Todos estes fatores impactam a forma como olhamos determinados jogadores e, por isso, será importante distinguir aquilo que será uma construção, daquilo que é a realidade.

Marquinhos (Paris SG)

O defesa central brasileiro foi uma das primeiras contratações bombásticas de Nasser Al-Khelaïfi após a sua chegada a Paris. Numa tentativa de remodelação e reconstrução do clube (morosa, mas que começa a dar frutos), a contratação do jovem brasileiro à AS Roma pretendia conferir ao centro da defesa parisiense estabilidade e perspetivas de futuro.

(Fonte: Press Association)

Contudo, os 32M€ investidos no central (apesar de serem uma ninharia para o clube) parecem ter sido desmedidos. A utilização de Marquinhos tem rondado os 40 jogos por época, sem nunca se afirmar como uma opção de primeira ordem para os treinadores do clube da Cidade das Luzes, surgindo sendo como segunda ou terceira opção para a posição. Se, por um lado, se compreende que Thiago Silva seja um enorme central e tape o lugar a Marquinhos, e também é compreensível que a passagem de David Luiz pelo clube tenha limitado o seu espaço, será lírico pensar que Alex, Mamadou Sakho ou Kimpembe possam ser opções verdadeiramente válidas para retirar tempo de jogo ao brasileiro.

Não é negada a enorme qualidade de Marquinhos e a sua tenra idade (apenas 23 anos), nem a sua capacidade de se manter competitivo num plantel de estrelas. No entanto, para um jogador avaliado em 55M€, a sua incapacidade de se afirmar como o patrão da defesa, perante um Thiago Silva em declínio, do Paris SG e de se estabilizar como o central da “Canarinha”, atrás de Miranda, entre outros, parece dar a entender que Marquinhos poderá ser alvo de um “endeusamento” que ainda não justificou.

Ter Stegen (FC Barcelona)

O clube catalão nunca foi conhecido pelos seus guarda-redes de craveira mundial, “salvando-se” Andoni Zubizarreta. Naquela que é considerada, por muitos, a melhor equipa de todos os tempos, Valdés assumia-se como o guardião das redes, dizendo muito acerca do perfil de “portero” que os catalães procuram. E a verdade é que a sua filosofia futebolística não requer guarda-redes que joguem em cima da linha de golo, mas sim como 5º defesa.

(Fonte: Bleacher Report)

Entende-se, assim, que a prioridade dos responsáveis do clube seja encontrar um perfil de guarda-redes que, até há cerca de 3 ou 4 anos, era bastante incomum: um guarda-redes com bom jogo de pés, sem medo de arriscar, com boa visão de jogo, competente entre os postes.

O alemão parece cumprir bem os três primeiros parâmetros e falhar, demasiadas vezes, no último e mais importante: a defesa de remates. Não é como se ter Stegen fosse um mau guarda-redes, mas a quantidade de golos que os blaugrana sofrem fruto de avaliações incorretas de trajetórias, excesso de confiança e, inclusive, o ocasional “frango” tornam o alemão num guarda-redes que parece estar num clube que está vários furos acima da sua capacidade. A sua juventude permitirá colmatar essas falhas e o seu talento com a bola não se ensina, no entanto, é exigido a um guarda-redes do campeão nacional (não há muitas dúvidas de que o Barcelona conquistará a La Liga) um nível superior e uma segurança que não foi capaz de trazer, até hoje, à baliza dos catalães.

Pogba (Manchester United)

Paul Pogba “grita” sobrevalorização de todos os poros do seu corpo: desde a maneira como corre, até à sua presença nas redes sociais, até à forma como festeja os seus golos, o jovem francês parece acreditar, genuinamente, que se trata de um dos 5 melhores jogadores do Mundo. E, nesta fase, Pogba não poderia estar mais enganado.

(Fonte: Premier League)

A verdade é que o centro-campista demonstrou, ao serviço da Juventus, o potencial para se transformar no médio centro de referência dos próximos 10 anos, combinando as características físicas que se pretendem para um médio moderno, com um remate portentoso de meia distância e uma técnica e visão de jogo apuradíssimas! Os 100 milhões de euros empregues pelo Man Utd na sua contratação não espantaram os adeptos de futebol mais atentos: as parecenças com Vieira eram por demais evidentes.

No entanto, o percurso do francês em Manchester tem sido tudo menos brilhante ou, pelo menos, tem lhe faltado a consistência para manter os níveis exibicionais próximos do que se exige a um jogador da sua craveira. Não é por acaso que têm aumentado as notícias de “arrufos” entre o médio centro e Mourinho: Paul Pogba parece sempre alheado do jogo, mais preocupado em dar mais um ou dois toques bonitos do que jogar com eficácia e eficiência.

Pogba foi vítima de um mercado de transferências inflacionado e um treinador que ainda não conseguiu compreendê-lo como Conte. O talento está lá, mas parece estar, mais que nunca, debaixo de camadas de show-off, arrogância e do deslumbre de ser ídolo de tantos jovens. Para bem do futebol, Pogba tem de mostrar que vale os 100M€ e mostrar que consegue ser o elemento mais do United, como foi nos últimos dois jogos.

Dele Alli (Tottenham)

Qualquer jovem jogador inglês dos últimos 20 anos poderia, facilmente, entrar para esta lista. Lennon, Walcott, Joe Cole, Welbeck, Wilshere, Sturridge… Todos jogadores que, a dada altura, foram tidos pela Comunicação Social britânica, desejosa de novas estrelas para reerguer a sua, há muito, caída seleção, como os próximos Shearers, Beckhams, Gerrards, Owens, Scholes, entre outros. E todos eles, com maior ou menos estrondo, fracassaram nessa mesma tarefa.

(Fonte: Sky Sports)

Quando Pochettino iniciou a sua demanda pela ascensão do clube londrino ao topo da Premier League, ficou claro que não teria receio em apostar em jovens talentosos e com pouco nome, face aos seus companheiros de equipa, para atingir os seus objetivos. E a verdade é que casos como Kane, Dier, Danny Rose, Harry Winks e Dele Alli provam essa aposta segura em jovens talentos.

E, a par com Kane, foi Dele Alli que se assumiu como a nova coqueluche dos Spurs. Possuidor de um enorme remate de meia distância e uma avidez inata pelo golo, o médio ofensivo é capaz de assistir e marcar golos com grande facilidade. No entanto, olhando para a equipa do Tottenham, começa a parecer cada vez mais claro que, ao contrário do que os media gostam de transparecer, Bambidele é dos jogadores com menos preponderância no ataque. Eriksen, Dembelé, Kane e Son parecem ter uma importância redobrada face às tarefas de Alli. Os 45 golos nas últimas 3 épocas demonstram a sua veia goleadora, mas as suas performances contra adversários mais complicados, na Seleção Inglesa e até a sua postura extra-futebol, parecem demonstrar que Alli atingiu um patamar muito graças aos seus colegas de equipa, não obstante a sua enorme qualidade individual.

Brahimi (FC Porto)

Antes que comece o “enxurral” de críticas, será importante deixar este ponto prévio: o argelino foi, esta época, a par com Jonas e Bruno Fernandes, o melhor jogador da Liga. Os seus dribles, jogo entrelinhas e remates em jeito foram o grande motor do futebol portista, mais do que as arrancadas em força e em esforço de Moussa Marega.

(Fonte: Observador)

No entanto, será importante mencionar que Brahimi não é, ao contrário que muitos querem fazer parecer, jogador para voos maiores do que o FC Porto (como o Fair Play já havia escrito aqui). Aos 28 anos, e após 4 anos no FC Porto, só agora é que o argelino conseguiu mostrar, de forma mais ou menos consistente, a qualidade que os peritos do futebol lhe revêem.

Ver um jogo de Brahimi é um misto de emoções: desde a euforia nos dribles onde parte rins a todos os defesas, até ao desespero e frustração brutal pela incapacidade de decidir bem de uma forma consistente ou, até, de simplesmente largar a bola em vez de ir atrás de mais uma finta. Caso o FC Porto se sagre campeão (o cenário mais provável), Brahimi será tido como o grande motor da conquista. No entanto, desengane-se quem crê que Yacine conseguirá singrar noutro contexto: a sua falta de comprometimento, espírito conflituoso e individualismo limitam os voos de um dos maiores virtuosos técnicos dos últimos anos na Liga NOS.


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