Onde é que anda o Flop: Shoya Nakajima, génio sem chama para o Dragão

Francisco IsaacMaio 26, 20244min0

Onde é que anda o Flop: Shoya Nakajima, génio sem chama para o Dragão

Francisco IsaacMaio 26, 20244min0
De um decisor pelo Portimonense a erros constantes no FC Porto, Shoya Nakajima foi um flop no FC Porto e explicamos o porquê

Pequenos “génios” com uma mobilidade e agilidade de ponta, e que podem virar um jogo do avesso de um momento para o outro, quem é que não gosta? Shoya Nakajima era um dos baixinhos em voga na Primeira Liga portuguesa, incendiando os campos da Liga Portugal ao serviço do Portimonense entre 2017 e 2019, impondo uma leveza de movimentos estonteante e uma arte para desbobinar defesas como poucos, marcando uma era ao serviço da formação algarvia.

Vindo do Japão, Nakajima marcou 10 golos e 11 assistências na sua primeira temporada em Portugal, levantando uma coorte de interessados e intensificando uma possível saída para uma equipa que lutasse por títulos. Com uma transferência fantasma para o Al-Duhail SC pelo meio (foi contratado por 35M€ numa contratação ainda envolta em suspeição), Nakajima acabou por ser contratado pelo FC Porto no Verão de 2019, assinando em Julho a troco de 12M€, um valor algo alto perante a situação dos Dragões nas últimas cinco temporadas, sendo, até ao dia de hoje, a 3ª transferência mais cara desse período temporal – só ultrapassado por David Carmo, Pepê e em igualdade com Otávio.

Nakajima chegava ao clube rodeado de uma aura positiva, graças ao seu estilo de jogo efervescente e dinâmico, algo que podia encaixar com as ideias de futebol de alta intensidade de Sérgio Conceição, isto para mais quando Hector Herrera, Yacine Brahimi e Óliver Torres tinham acabado de sair do clube, abrindo-se boas possibilidades para a afirmação do internacional japonês. A expectativa era alta, a concorrência “mínima” e… Shoya Nakajima acabou por ser um valente soco no estômago de todos aqueles que esperavam por algo especial. Infelizmente, como a larga maioria dos “baixinhos” dos últimos dez anos que vestiram as cores azuis-e-brancas, o criativo nunca pegou de estaca e teve problemas complicados com o treinador, especialmente quando a pandemia do COVID surgiu, com Nakajima a recusar treinar – legítimo, perante o perigo de contagiar a família – e entrar num braço-de-ferro com toda a estrutura do FC Porto.

Mas antes de avançarmos para o fim, é importante perceber que os problemas de “Naka” começaram logo em Agosto de 2019, quando foi atirado para uma situação de suplente ou até reserva, conquistando só uns poucos minutos, sendo apenas titular quatro de trinta-e-quatro jornadas, somando prestações frágeis ou que não mostravam metade do seu potencial. Seja por culpa da estratégia optada por Conceição, pelo meio-campo esculpido pelo treinador, pelo excesso de exposição ou os pequenos problemas físicos, o ex-Portimonense teve uma primeira temporada fraca, com apenas um golo e uma assistência. Com a tal situação do COVID e do não desejo de treinar, Nakajima entrou para 2020/2021 com o pé esquerdo e… acabou por ser emprestado ao Al-Ain FC dos Emirados Árabes Unidos, após ter sido convocado para somente oito jogos, dois como titular.

A seguir ao Al-Ain, seguiu-se um regresso morno ao Portimonense, saindo, finalmente, a custo-zero no Verão de 2022 a custo-zero para os turcos do Antalyaspor, onde também não foi capaz de surpreender. 12M€ custou Shoya Nakajima ao clube, 12M€ que o clube nunca recuperou – uma história repetida nos últimos dez anos no clube da Invicta – e uma temporada e meia perdida, com Sérgio Conceição a não dar mínima importância ao que o médio-ofensivo/extremo podia ter sido para o clube. Porém, é importante também alocar responsabilidades ao japonês, que foi criticado pela postura pouco profissional e displicência no treino, tentando constantemente responsabilizar tudo e todos por via do seu agente, sem perceber que parte do problema estava em si. Verdade que Sérgio Conceição nunca foi fácil com a larga maioria dos reforços que recebeu desde 2017, colocando vários obstáculos à frente destes, de modo a perceber quem tinha qualidade para ficar no plantel.

A verdade é que impossível fugir à conclusão que Nakajima foi um flop massivo no FC Porto e que até agora mal conseguiu recuperar aquela genialidade decisiva demonstrada ao serviço do Portimonense, estando longe desse patamar, e mesmo na J1 League tem atravessado um período agridoce pelos Urawa Reds.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS