Onde é que anda o Flop: Renzo Saravia, um lateral sem história no Dragão

Francisco IsaacAgosto 22, 20236min0

Onde é que anda o Flop: Renzo Saravia, um lateral sem história no Dragão

Francisco IsaacAgosto 22, 20236min0
Terá sido Renzo Saravia um flop, ou foi apenas um atleta mal utilizado e que merecia mais tempo e sorte nos Dragões?

Desde a saída de Ricardo Pereira e Maxi Pereira que o FC Porto tem vivido de adaptações de extremos à posição de lateral-direito, com Jesús Corona, Pepê e João Mário (extremo na maior parte da sua carreira de formação) a serem alguns exemplos dessa readaptação. Porém, por vezes, não foi tanto por necessidade, mas por opção de Sérgio Conceição, já que existiu um caso de um lateral-direito minimamente decente que acabou por sair pela porta pequena, e esse caso foi o de Renzo Saravia.

O argentino chegou à Invicta com 26 anos e 8 internacionalizações pela Argentina, tendo sido considerado na liga argentina como um dos melhores na sua posição, marcando uma era no Racing Club de Avellaneda, tendo ajudado o histórico emblema argentino a conquistar um campeonato em 2019. Com 49 jogos em dois anos, Saravia foi captando alguma atenção da Europa, com o FC Porto a adiantar-se à concorrência no Verão de 2019, apresentando uma proposta na ordem dos 5,5M€.

Coincidência ou não, esse mercado de transferências foi um dos que mais despesa gerou e que menos dividendos futuros iria dar ao clube, contando-se outros “flops” ou atletas em sub-rendimento como Shoya Nakajima (12M€), Zé Luís (10M€) e Mamadou Loum (7,5M€). Como qualquer um dos nomes anteriormente apresentado, Renzo Saravia acabou por sofrer o mesmo destino final, caindo numa onda de empréstimos após fracassar em toda a linha entre os meses de Agosto e Dezembro de 2019.

Mas já estarmos a adiantarmo-nos à “estória” e importa responder: porque é que Renzo Saravia passou completamente ao lado, quando havia necessidade por um lateral-direito de raiz? Para quem vem acompanhando o processo de introdução de reforços de Sérgio Conceição, sabe que há estágios e obstáculos que as contratações têm de ultrapassar, a começar por aguentar a intensidade e entrega, realizar os básicos na perfeição e conseguir prescindir parte da sua qualidade individual de forma a se entregar ao colectivo a 100%.

Em que aspecto terá o argentino falhado para que fosse colocado no rodízio de empréstimos muito típico do FC Porto? Possivelmente o facto de não ser o tipo de defesa e lateral que Sérgio Conceição mais privilegia, com a componente defensiva e de reação à perda de bola a serem duas características que marcaram negativamente Saravia na primeira e única passagem pelos azuis-e-brancos.

Houve um jogo que ditou praticamente a sentença e foi logo no arranque da temporada, na qualificação para a Liga dos Campeões frente ao FK Krasnodar. A jogar em casa, e depois de ter ganho por 1-0 na Rússia, os “dragões” estavam a perder por 0-2 ao fim de 20 minutos, com o público atónito perante o que se passava no campo e um dos primeiros sacrificados acabou por ser Renzo Saravia, saindo aos 38 minutos de jogo.

Depois desse acidente de percurso, que ditou a eliminação da maior prova de clubes da Europa, Saravia só viria a jogar mais 4 encontros, sendo que nenhum deles foi para a liga: dois para a Taça de Portugal e outros dois para a Taça da Liga. Entre Agosto e Dezembro, Saravia jogou zero minutos e teve de esperar pelo último mês desse ano para voltar a entrar em campo na Taça da Liga. E isto foi praticamente a vida do argentino até consumar a sua saída do clube em Fevereiro de 2020, por empréstimo.

Efectivamente, tecnicamente o lateral tinha qualidade, conseguindo ser minimamente intenso e interessante no ataque, com o trabalho defensivo a não ser um aspecto extraordinário, mas não era de perto, nem de longe, tão fraco como foi badalado na altura.

Volvidos quase quatro anos, Renzo Saravia acabou por sair a custo-zero do FC Porto, deixando um prejuízo de 5,5M€ em caixa. Foi notório que Sérgio Conceição não o via como um lateral-direito de qualidade e que a sua contratação nunca terá tido o seu aval, uma de várias desde que assumiu o lugar de treinador do clube da Invicta, e isso ficou bem patenteado neste discurso de 2022, quando questionado se iria integrar Saravia na equipa,

“Ele acabou contrato com o Internacional de Porto Alegre e voltou. Não é um dado adquirido que vai ficar connosco, como têm dito. É para ser observado, ver como está. Não sei se a sua passagem pelo Brasil foi boa ou má para ele. Acredito que não tenha tido uma grande evolução a nível defensivo. Há todo um trabalho a ser feito para ver se é um jogador que nos serve num futuro próximo.”

Para quem duvide que isto tenha sido sistemático, basta demontrar que logo em 2020 ficou bem assente essa posição (elogiou Saravia na parte humana nesta declaração),

“Neste momento, o Saravia não está cá, na equipa do FC Porto. Falar daquilo que é o Saravia ou o que provocou em termos de situações positivas e negativas naquilo que ele foi aqui, acho que não vale a pena entrar por aí.(…) Já falei algumas vezes sobre as situações que ele podia melhorar. A maior felicidade do mundo para ele e que atinja os seus objetivos.”.

Saravia teve algum sucesso no Brasil, onde foi somando épocas satisfatórias pelo Atlético Mineiro, Botafogo e Internacional, mas nunca realmente serviu para os quadros dos dragões. Efectivamente foi um flop com um custo até alto para a situação financeira complicada que o FC Porto enfrentou entre os anos de 2018 e 2022, com aquela exibição frente ao Krasnodar a acabar por ser o momento mais negativo na carreira do argentino no futebol europeu.


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