Onde é que anda o Flop: Gelson Fernandes, o suíço azarado em Alvalade

Francisco IsaacJunho 5, 20204min0

Onde é que anda o Flop: Gelson Fernandes, o suíço azarado em Alvalade

Francisco IsaacJunho 5, 20204min0
Um médio-centro com qualidade e que chegava a Alvalade para vingar, mas que acabou por estar ligado a várias derrotas dos "leões". Foi Gelson Fernandes um flop ou não no Sporting CP?

2012-2013, temporada negra para o Sporting Clube de Portugal, recordam-se porquê? Os “leões” terminariam essa época num desolador 7º lugar na Primeira Liga, para além de eliminações precoces quer na Liga Europa, Taça de Portugal ou Taça da Liga, evidenciando claros problemas de gestão na direcção do clube e SAD dirigidos por um muito contestado Luís Godinho. Bruno de Carvalho acabaria por tomar controlo do emblema verde-e-branco em Março de 2013, prometendo uma formatação total dos objectivos e destino do Sporting CP.

Quando chegou a fase do defeso, iniciou-se o processo de despejo de vários atletas como Pedro Mendes, Stijn Schaars, Santiago Arias, Khalid Boulahrouz e Gelson Fernandes a abandonarem a troco de poucos ou nenhuns euros enquanto que Tiago Ilori, Ricky van Wolfswinkel e Bruma saíram a troco de vários milhões de euros. Foi uma revolução total que apanhou alguns jogadores completamente desprevenidos, como o caso do suíço de Gelson Fernandes, um médio que poderia e deveria ter tido outro tipo de oportunidades de leão ao peito, mas quer por azar de estar associado a alguns reveses em termos de resultados ou exibições medianas selaria o seu futuro.

PREMIER LEAGUE, SERIE A E PRIMEIRA LIGA… SEM NADA CONQUISTAR

O cabo-verdiano chegou a Alvalade em Julho de 2012 a custo-zero, rubricando um contrato de quatro temporadas, tendo como referência positiva as épocas em que alinhou pelo Manchester City, Leicester City, Saint Étienne, Chievo e Udinese, visto então como um atleta recheado de experiência e bons números. Um médio trabalhador, vocacionado para a recuperação de bola e relançamento do sistema de jogo ofensivo, o internacional suíço de 26 anos prometia adicionar categoria ao meio-campo, chegando ao clube ao lado de Adrien Silva… contudo, só um dos dois teria sucesso a curto/médio/longo-prazo, como todos sabem.

Mas como foi a vida do trinco/médio-centro em Alvalade? Para começar, a estadia terminou abruptamente em Dezembro 2012, seguindo para o Sion por empréstimo até ao final da época. Recuando para o seu tempo curto em Lisboa, que se deu entre Agosto e Dezembro, o médio alinhou em 12 encontros, 10 dos quais como titular, não concretizando ou assistindo para qualquer golo. Mais curioso é o facto do Sporting Clube de Portugal só ter ganho três jogos dos 12 em que Gelson Fernandes subiu ao relvado, num pormenor que acabou por ser crítico para o desfecho final da sua carreira em Alvalade.

Nas ocasiões em que serviu os verde-e-brancos o suíço nunca foi uma solução minimamente prestável na condução de bola, ficando em evidência algumas falhas na transição e no preencher do “miolo” de jogo, mesmo que mostrasse um bom ritmo físico e até uma versatilidade interessante na ocupação das faixas defensivas.

Nunca esquecer que a falência da defesa dos “leões” ou a falta de coesão da estratégia de Vercauteren foram mortais para a maioria dos jogadores que tinham de segurar a batuta dos “leões”. Se Bruma, Illori, Wolfswinkel, deram um ar da sua graça ao serviço do Sporting CP nessa temporada, atletas que tinham algum potencial como Gelson Fernandes ou Santiago Arias foram dispensados sem nunca mais poderem voltar ao clube.

DE GRAÇA VEIO, QUASE DE GRAÇA SE FOI

O médio saiu em Dezembro para Sion e… nunca mais voltou a Alvalade. Acabou transferido para o SC Friburgo no final da época a troco de 500 mil euros, o que ainda resultou na obtenção de algum ganho económico para os cofres da SAD então liderada por Bruno de Carvalho. E do que foi a carreira de Gelson Fernandes pós-Alvalade? Uma boa época no emblema alemão resultou numa transferência para o Stade Rennais a troco de 2M€, actuando em quase 100 jogos pelo emblema francês da Ligue 1 entre 2014 e 2017. Pela selecção suíça foi chamado ao serviço por 67 ocasiões, incluindo uma aparição no Mundial de 2018, mostrando sempre um bom nível no domínio do centro do terreno dos helvéticos.

O seu último clube foi o Frankfurt, tendo sido uma das peças com maior experiência deste plantel, então treinado por ‎Adi Hütter. Não atingiu o estatuto de titular nesta sua última prestação pelo futebol, mas foi recorrentemente chamado ao terreno de jogo para desempenhar as funções de controlador das linhas de passe e no estancar das operações ofensivas do adversário.

Para os que estranham a nossa opção por ter pegado no caso de Gelson Fernandes como “flop“, tem a ver como o médio foi anunciado à época, visto como um jogador preponderante e com um currículo minimamente interessante que poderia guiar o meio-campo dos verde-e-brancos de Franky Vercauteren no sentido certo, mas que acabou por falhar redondamente… culpa do treinador, estrutura ou do antigo internacional suíço?


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS