Onde é que anda o Flop: Alan Kardec, uma (não) promessa na Luz
Por vezes, um flop não tem de representar perdas financeiras avultadas, já que há outro factor que também ajuda a criar essa sensação de fracasso, o falhar de expectativas. Na temporada 2009/2010, o SL Benfica de Jorge Jesus realizou uma série de operações no mercado de transferências contratando cerca de quinze contratações entre o Verão de 2009 e o Inverno de 2010, dando as armas suficientes ao treinador para levar o clube ao título de campeão nessa temporda.
Entre a glória de ter terminado a Liga Sagres em 1º lugar, a larga maioria desses reforços ficaram revestidos de uma cor cinzenta, com nomes como Felipe Menezes, José Shaffer, Patric, Éder Luís ou Keirrison a ficarem na galeria dos flops, assim como Alan Kardec. O avançado brasileiro era, na altura, reconhecido como um super atleta do futebol brasileiro, representando aquele futebol malandro, de procura incessante pelo golo e de criar a surpresa, munido de um pé canhão que tinha tudo para entusiasmar os adeptos do SL Benfica. Todavia, Kardec nunca foi capaz de convencer Jorge Jesus, registando alguns episódios que acabaram por levar à sua saída do clube, regressando ao Brasil, onde até acabou por ser feliz novamente.
Mas bem… Kardec chegou em Janeiro e estreou-se a 30 desse mês, entrando em campo no último minuto de jogo ante o Vitória SC. Seguiu-se Leiria (7 minutos) e Vitória FC (18′), regressando a uma situação de não utilizado durante três jornadas. Voltaria a ser convocado frente ao CD nacional, mas, como nos jogos anteriores, somou só uma mão cheia de minutos. O momento de glória de Kardec no SL Benfica viria uns dias depois, frente ao Marselha. Com o 1-1 a persistir no marcador, e com o fantasma do prolongamento a pairar, Kardec apareceu na área para dar o 2-1 às águias e a permitir que a equipa chegasse aos quartos-de-final da Liga Europa.
Este seria o único golo de Kardec nestes primeiros seis meses em Lisboa, e talvez foi o suficiente para Jorge Jesus conceder nova oportunidade na temporada seguinte. Aí, Kardec brilhou a espaços, com o avançado a marcar seis golos em 24 jogos. Infelizmente, como a época acabou em falhanço total – a única conquista foi a Taça da Liga -, Kardec acabou por ser um dos alvos de Jorge Jesus, sendo emprestado ao Santos a partir de Junho de 2011. O problema com Kardec é que chegou a Portugal catalogado como uma das maiores pérolas do futebol brasileiro, recebendo uma onda de elogios e expectativas que nunca se cumpriram. Contudo, a verdade é que Jorge Jesus nunca foi muito apreciador do que Kardec trazia à equipa, e mal houve oportunidade, empurrou-o para fora do clube. Curiosamente, o avançado brasileiro teceu rasgados elogios ao treinador anos depois, dizendo que foi decisivo para a sua carreira, apesar de todas as broncas que levou.
E Kardec teve uma boa carreira após o SL Benfica? Bem, pode não ter levantado qualquer Brasileirão, mas Kardec foi bom o suficiente para ganhar algumas menções honrosas no Brasil e China, terminando com 31 golos e 20 assistências na principal divisão de futebol do Brasil, conseguindo isso ao serviço do Santos, São Paulo, Atlético Mineiro e Palmeiras (de longe a melhor temporada da carreira, com 24 golos em 45 jogos). Levantou dois títulos da Série B, um Liga Portuguesa e dois Campeonatos de Minas Gerais.
Foi mau? Não. Mas foi ao nível dos mundos e fundos que se construíram nessa altura? Não, de forma alguma, especialmente quando se juntou ao SL Benfica.
Foto de Destaque da UEFA.com