Onde é que anda o Flop: Jeffrén, o fantasista “adormecido” em Alvalade

Antonio MendonçaAbril 5, 20187min0

Onde é que anda o Flop: Jeffrén, o fantasista “adormecido” em Alvalade

Antonio MendonçaAbril 5, 20187min0
De Espanha nem bons ventos nem bons casamentos e que o Sporting o diga. Em 2011 chegou Jeffrén que parecia um reforço fantástica, mas não foi bem assim

Jeffrén Isaac Suárez Bermúdez ou só Jeffrén Suárez, é a nossa escolha deste mês como flop do Sporting CP. As recordações que os Sportinguistas têm dele já não são muitas porém, quando chegou ao clube de Alvalade, a expectativa era grande, ou não fosse o venezuelano um produto da melhor «cantera» do futebol mundial, a do Barcelona FC, com base na Academia La Masia.

Jeffrén era um extremo que se destacava pela sua versatilidade, podendo jogar à esquerda ou à direita, que sabia jogar em espaços interiores, ora subindo até à linha e conseguindo tirar cruzamentos com muita qualidade ora rematando de longe.

Era por isso um jogador complicado de enfrentar pois muitas vezes defesas mais lentos ou «duros de rins» eram completamente humilhados pelo venezuelano. Jogador explosivo e com capacidade técnica fora do comum, tinha como principal característica ser um ambidestro que jogava com a bola «colada ao pé».

FILHO DE LA MASIA MAS RENEGADO POR GUARDIOLA

Cabe perceber quem era Jeffrén Suaréz antes da «fatídica» época que completou em Alvalade na época de 2011/2012. O internacional venezuelano nasceu em 1988 em Bolívar e cedo rumou a Espanha. Com apenas 16 anos, despertou o interesse do clube catalão, tendo-se transferido do Tenerife para o Barcelona FC.

Jeffrén realizou muitos jogos nas camadas jovens, mas aqui apenas cabe analisar com maior pormenor o seu percurso enquanto sénior. Sem nunca ter abandonado o clube catalão, nem para empréstimo, no ano de 2006/07 estreou-se pela equipa “C” do clube espanhol na idade de Sub-19, jogando 7 jogos e marcando por uma vez. Nessa mesma época, fez a primeira aparição na equipa principal.

Começou a “sangria” de ideias e fantasias de que Jeffren seria o próximo grande produto dos culés, na linha do espectacular Lionel Messi (com apenas 20 anos e já conquistava o Mundo com um poder total), Andrés Iniesta, Xavi, entre muitos outros.

Terá este foco do estrelato prejudicado o extremo venezuelano, que na altura era só um ano mais novo que Messi?

Em 2007/08 jogou a época toda na equipa “B” tendo realizado 30 jogos e marcando seis vezes. Volta a estar nos treinos da equipa principal, começando a convencer o treinador da altura, Frank Rijkaard.

A queda do holandês, que culminou numa temporada num 3º lugar de La Liga e sem qualquer título conquistado pelo 2º ano consecutivo – à parte da Supertaça de Espanha em 2006 – não ajudou o desenvolvimento de Jeffrén que iria sofrer com o trabalho exigente do novo técnico dos blaugrana, Pep Guardiola.

Mesmo assim, o extremo conseguiu convencer Pep Guardiola a aguentá-lo no Barcelona durante duas temporadas sendo que o registo foi o seguinte: em 2008/2009 fez dois jogos a titular, resumindo-se ao banco de suplentes quase sempre como não utilizado.

Na época 2009/2010 fez 17 jogos pela equipa principal, marcou duas vezes e na época seguinte fez treze jogos e apenas um golo. E contra quem foi esse golo? Real Madrid, numa das maiores vitórias do Barcelona sobre o eterno rival no século XXI.

Apesar de pouco utilizado durante estas épocas, o internacional venezuelano foi colecionando os mais importantes troféus, bastando enunciar que no seu palmarés tem três Ligas Espanholas, duas Supercopas de Espanha, uma Liga dos Campeões e uma Supertaça Europeia.

Contudo, a excessiva individualidade do venezuelano e o facto de sair do esquema de jogo que Pep Guardiola impunha no Barcelona, levaram-no a passar suplente utilizado e “pérola” de La Mansia para transferível e um jogador com o futuro em dúvida.

DE LEÃO AO PEITO COM MUITAS HORAS PARA DORMIR E RECUPERAR

Com 23 anos, Jéffren chegou ao Sporting Clube de Portugal a troco de 3,75 milhões de euros na época de 2011/2012. Nesta época, o presidente era Godinho Lopes, Carlos Freitas o Diretor Desportivo e Domingos Paciência o treinador.

O camisola 7 (terá sido culpa do número escolhido?) fez 18 jogos marcando apenas três vezes. Não sendo um reforço fantástico, Jeffrén prometia magia quando jogava, conseguindo entrar na ala com velocidade e dar outro argumento ao ataque dos Leões.

Para os mais esquecidos, Jeffrén passou metade da temporada lesionado, com problemas na coxa e virilha, retirando-lhe a possibilidade de jogar a maior parte dos jogos da Liga Europa ou de ter sequer jogado contra o SL Benfica.

O desastre de Paciência e a ascensão de Sá Pinto foi inserido na crise que o clube de Alvalade viveu desde a saída de Paulo Bento e Jeffrén, como muitos outros (Pongolle outro caso que já dissecámos) foram apanhados no meio deste desastre.

Com Sá Pinto, jogou 21 mas que se dividiram em uns escassos 968 minutos (média de 45 minutos por encontro), ficando evidente que as lesões tinham tirado brilhantismo ao venezuelano. O jogo mais físico, mais duro e menos protegido evidenciaram um Jeffrén com claras dificuldades em se impor.

Jeffrén foi mais um dos jogadores que sofreu da «maldição do nº7» no Sporting, tal como Marat Izmailov, Bojinov, Shikabala ou até mesmo Joel Campbell.  O ex-Barcelona concedeu aos sportinguistas dois momentos especialmente caricatos, ao adormecer em pleno banco de suplentes e ao contrair uma lesão grave ao bater um livre direto que acabou em golo.

Outro pormenor curioso, é que os dois golos marcados na época de 2012/2013 foram em duas derrotas do clube de Alvalade. Como se marcado pelo destino, Jeffrén não estava destinado a conquistar os adeptos do Sporting CP, acabando por sofrer com a entrada de Bruno de Carvalho para a presidência do clube.

E por onde anda o venezuelano que durante algum tempo ainda sonho com o patamar mais alto do futebol?

O Momento do 1º golo de Jeffrén que concidiu com uma lesão na coxa

JEFFRÉN PERSEGUIDO PELO AZAR OU É ELE PRÓPRIO O AZAR

Depois de Alvalade rumou a Valladolid a custo zero, somando 47 jogos e três golos em duas épocas. O regresso a La Liga não foi extremamente feliz, já que o clube de Valladolid desceu de divisão nessa sua primeira temporada, em 2014.

Aguentou mais um ano no clube do centro-norte de Espanha, mas novamente não parecia destinado à glória, já que não houve festa de subida no final da época de 2014/2015.

Em 2015/16 rumou à primeira liga da Bélgica e em 49 jogos demonstrou novamente não ter a sua veia goleadora “apurada” ao marcar apenas cinco golos. Actualmente alinha pelo Grasshoppers (primeira Liga Suíça), onde realizou vinte cinco jogos e marcou quatro golos.

Aos 30 anos, Jeffrén totaliza cerca de 200 jogos nas ligas espanhola, portuguesa, belga e suíça tendo também envergado as cores da sua Venezuela.

Com quase 12 anos de carreira a nível sénior, o venezuelano pouco ou nada conseguiu conquistar ou fazer a partir dos seus 22 anos, ficando na memória o seu fracasso em Alvalade, Valladolid, Eupen e até em Zurique, já que o Grasshoppers está a 31 pontos da liderança da Liga da Suíça.

Longe de envergonhar, a verdade é que fica a sensação de que a sua carreira do futebolista Jeffrén Suárez ficou muito longe do que prometeu. Várias revistas internacionais tentaram perceber o falhanço de Jeffren, que entra na mesma lógica do fracasso de Giovanni e Jonathan dos Santos, Oriol Romeu, Rodrigo Tello, Bojan Krkic, entre outros.

Alvalade foi só mais um passo na direcção errada da carreira do venezuelano, que não aproveitou Lisboa para relançar a sua carreira como deve ser.

A felicidade na Suíça


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