Jovens estrelas que caíram cedo demais: Yaya Sanogo

Francisco IsaacMarço 27, 20235min0

Jovens estrelas que caíram cedo demais: Yaya Sanogo

Francisco IsaacMarço 27, 20235min0
Podia ter sido campeão do Mundo em 2018, mas uma saída para o Arsenal em 2013 acabou por ser um erro na carreira... esta é a história de Yaya Sanogo

Quantas jovens estrelas atingiram o patamar mais alto do futebol mundial para depois caírem abruptamente ou, pior, devagar sem nunca encontrarem um rumo de regresso aos títulos internacionais e aos grandes palcos (como é o caso de Yaya Sanogo)?

Nesta rubrica não procuramos descobrir quem tem culpa, mas sim as razões desse desaparecimento, perceber onde foram parar e se há alguma hipótese de redenção. E atenção, não dissemos desaparecemos porque ainda jogam seja numa primeira, segunda ou terceira divisão.

Se conheces mais casos deixa nos comentários para investigarmos e falarmos desses nomes.

YAYA SANOGO, UM GOLEADOR “CURTO” DEMAIS

Em 2013, a selecção francesa de sub-20 subiu ao trono de campeã do Mundo com uma vitória nos penalties, sendo aqui o início de uma carreira ilustre para vários jogadores, a começar em Paul Pogba, Jordan Veretout, Samuel Umtiti, Kurt Zouma, Lucas Digne, Florian Thauvin e, como percebido, Yaya Sanogo. Pierre Mankowski, o seleccionador vencedor desse Campeonato do Mundo, tinha ao seu dispor uma garações mais talentosas do futebol gaulês, que apesar de ter escorregado na fase-de-grupos frente à Espanha, viria a se impor nas eliminatórias, com Sanogo a marcar quatro golos nesta edição, dois deles nos oitavos e quartos-de-final.

O jovem avançado que tinha começado a despontar no Auxerre, formava uma dupla de avançados temível com Thauvin, com ambos a serem importantes para o título mundial em 2013… contudo, apenas um destes é que estaria também presente na conquista do Campeonato do Mundo 2018, e esse foi Thauvin. Onde estava Sanogo em 2018? A jogar ao serviço do Toulouse, e completamente longe da lista de escolhas de Didier Deschamps, isto depois de 35 jogos em cinco temporadas diferentes, caindo no esquecimento quando se lhe tinha vaticinado uma carreira de gabarito e ao mais alto nível. Mas recuemos até 2013, ano em que Sanogo conquista o Mundial e assina pelo Arsenal, sendo uma daquelas contratações para o futuro por parte de Arsène Wenger, apostando no mercado francês para continuar a tentar dar a volta à situação dos Gunners.

O jovem internacional sub-20 francês chegou à capital inglesa com o rótulo de super promessa, não só por conta da capacidade para marcar golos e jogar de costas para a baliza, como pela velocidade de movimentos e uma agilidade letal na aproximação ao último terço do terreno, enriquecendo toda a manobra ofensiva da sua equipa. Para quem dúvida disto, o facto de Yaya Sanogo ter somado 10 golos em 13 jogos na Ligue 2 ao serviço de um Auxerre “doente” e sem a capacidade para lutar por títulos é uma amostra suficientemente boa para perceber a influência que tinha já aos 19 anos, fazendo excelente uso do seu 1,91 metros para se fazer sentir tanto junto como dentro da grande-área.

O Arsenal vê o talento do jovem, e avança para a sua contratação a troco de…0€. Exacto, Wenger e os Gunners viram uma oportunidade ouro no possante ponta-de-lança, que optou por deixar o seu contrato com o Auxerre terminar e assim ficar um jogar livro, podendo assinar por qualquer clube. Este foi talvez o grande erro de Sanogo, que podia ter permanecido no “seu” Auxerre mais um par de anos, adquirindo uma maior experiência enquanto jogador sénior, invés de arriscar numa saída para um clube que não lhe garantisse minutos, porque efectivamente era aquilo que o jovem prodígio francês necessitava nesse momento. É fácil criticar depois de tudo ter acontecido, verdade, porém, o facto da carreira de Sanogo ter estagnado quase por completo entre 2014 e 2017, só recuperando nos primeiros dois dos três anos em que esteve no Toulouse, ajuda a explicar o porquê de nunca ter atingido o nível de Thauvin, por exemplo.

O Arsenal estava naquele período intermitente, longe dos títulos e submerso em dúvidas, com Arsène Wenger a prometer o retorno aos melhores tempos, o que tornava tudo mais difícil para os jovens chegarem à equipa principal e conquistarem um lugar a titular, algo que se passou com Sanogo. Uma lesão nas costas também não ajudou, e o facto de ter mal jogado durante duas temporadas acabaram por prejudicá-lo gravemente, perdendo algumas daquelas qualidades que lhe eram reconhecidas durante a sua passagem nos sub-20 da França. O ambiente ligeiramente caótico do Arsenal, e a necessidade de se manterem competitivos na Premier League, acabariam por forçar Yaya Sanogo para uma sequência dos empréstimos, sem nunca realmente ganhar protagonismo, fracassando nas passagens pelo Charlton, Crystal Palace e Ajax (chegou mesmo a jogar na equipa “B” do histórico emblema holandês).

Em 2017 o contrato de Sanogo com o Arsenal terminou, e o avançado regressou a “casa”, sendo contratado pelo Toulouse. Durante três épocas tentou reerguer-se, conseguindo 6 golos na primeira temporada, para depois sofrer uma queda constante até 2020, altura em que acabou por ser contratado a custo-zero pelo Huddersfield. 9 jogos, zero golos, e… um contrato de um ano. E depois? Depois, nada. Yaya Sanogo acabou por ficar quase dois anos sem jogar, acabando por ir parar à Arménia a 22 de Março de 2023, mais precisamente ao Football Club Urartu, estando à espera de regressar oficialmente à competição.

Aos 30 anos, o ponta-de-lança que deliciou adeptos no Campeonato do Mundo 2013 sub-20 pode estar à beira de se retirar muito precocemente, com aquela saída para o Arsenal a ter sido a grande razão pelo qual não atingiu outro patamar. Em quase 10 anos, Sanogo marcou 20 golos, jogou 92 jogos, e raramente mostrou aquelas qualidades que lhe valeram elogios rasgados por parte de vários treinadores e comentadores, tendo sido mais uma jovem estrela que merecia ou, melhor, podia ter sido algo mais.


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