Pedro Pereira“Cromos” com elegância brasileira: Neto e Charles Guerreiro
O futebol brasileiro está carregado e recheado de estrelas e jogadores que marcaram o Desporto-Rei com acções dentro e fora do campo, como o caso de Neto, o actual comentador desportivo, que foi até a uma das principais prisões do Brasil jogar um jogo de futebol. Fica a conhecer esta história e de Charles Guerreiro em mais uma entrada da “Caderneta dos Cromos“!
NETO E UMA VIAGEM ATÉ CARINDURO
Imaginem um amigável entre presidiários com a presença de jogadores profissionais do campeonato brasileiro nas equipas. Isso aconteceu. Esta imagem é de 1991, na Prisão de Carandiru. O cromo é o Neto. Neto tinha acabado de ser campeão do Campeonato Brasileiro pelo Corinthians e aceitou o convite de ir jogar com a seleção dos presidiários. Ele e mais uns quantos ex-jogadores. Ele afirmou recentemente que foi dos locais onde foi mais acarinhado. Sentiu um clima tenso, é verdade. Mas correu tudo bem.
Inclusivamente ele fez dois golos nesse jogo. Estavam 8 mil detentos a assistir ao jogo. Craque Neto disse no ano passado em entrevista que, na prisão depois do jogo, cortaram os dois braços ao guarda redes que sofreu os dois golos. Carandiru era uma prisão em São Paulo que abarcava na época mais de 9000 presos. Era uma das maiores da américa latina e uma das mais perigosas naquela década. A mais famosa do Brasil. Um ano depois desta partida de futebol que marcou a presença do Craque Neto, viria a acontecer o que é considerado por muito como um dos maiores atentados aos direitos humanos do Mundo dentro de uma prisão. Chamou-se “O Massacre de Carandiru”.
CHARLES GUERREIRO, UM GUERREIRO ETERNO DO MENGÃO
Um dos jogadores que marcou aquele Flamengo vs Fluminense de 1995 com Boné da Porcão. Charles que na verdade não tem Guerreiro no seu cartão de cidadão. Ganhou-o através do sangue (dos adversários), suor (dele) e lágrimas (também dos adversários). O olho do adepto não engana quando é hora de atribuir cognomes aos seus cromos. Médio centro aguerrido, fazia o papel de volante todo o terreno daquele Flamengo estrelado. Ele jogou 4 épocas no Flamengo. Demorou 4 anos e meio para fazer o primeiro golo com a camisa rubro negra. Foram precisos 235 jogos para Charles espetar uma belíssima bola nas redes de uma equipa adversária. O melhor desta história é o festejo deste golo. Falámos mais sobre ele no primeiro episódio do ‘Jogo dos Cromos’ que realizámos em 2020 na Caderneta dos Cromos! Visita-nos e terás lá tudo! A quem segue, obrigado. Já agora, conhecem algum jogador que tenha demorado tanto tempo a marcar um golo?
