“Cromos” com bandeira francesa: Jean-Pierre Pain e Thierry Henry

Pedro PereiraAgosto 10, 20224min0

“Cromos” com bandeira francesa: Jean-Pierre Pain e Thierry Henry

Pedro PereiraAgosto 10, 20224min0
Dois internacionais franceses que marcaram eras no futebol europeu e mundial, e a Caderneta dos Cromos partilha duas histórias de Henry e Papin

Dois símbolos da selecção francesa de futebol, dois jogadores que foram (e ainda são) lendas nos vários clubes por onde passaram, e dois jogadores com um coração enorme… fica a conhecer duas histórias de Thierry Henry e Jean-Pierre Papin, pela mão da Caderneta dos Cromos.

JEAN-PIERRE PAIN E “VELHOS SÃO OS TRAPOS”

Um jogador morre duas vezes: quando morre efetivamente e quando deixa de jogar futebol, já dizia Falcão. No caso de Jean-Pierre Papin, ele foi adiando a sua primeira morte. Ou ressuscitando, depende da persperctiva.
Ele deixou o futebol em 1998, representando o En Avant de Guingamp que na altura estava na segunda divisão. Mas o bichinho continuava lá e Papin voltou não uma, não duas mas três vezes a jogar futebol.

Em 1999, voltou a jogar para representar o Jeunesse, um clube da Ilha da Reunião que é um departamento francês no meio do Oceano Índico, Loucura. Descobri que neste clube já jogaram Roger Milla, Payet, Djibril Cissé. Loucura a dobrar.

Em 2001, apaixonou-se completamente pelo USFC du Cap Ferret. Um clube amador que era treinado por um ex-jogador francês, Jerome Gnako e que o acolheu de braços abertos. Papin ia só fazer um jogo em jeito de favor e celebração com o seu ex companheiro de profissão e amigo. Ficou 3 anos.

A última experiência como jogador (que as canetas já diziam stop please) foi no FC Bassin d’Arcachon. Aqui experimentou outra fragrância. Foi treinador-jogador. Jogava esporadicamente mas quando o bichinho mexia, ele calçava a chuteira. E assim terminou. Pronto. Agora é que é um ponto final. Impossível voltar. Ou será capaz? Só mais uma vez. Vá lá. Ainda aguentas.

Sim, é isso. Mais um regresso. Com 45 anos de idade, ele joga pelo AS Facture-Biganos Boiens, equipa na altura na décima divisão francesa. Mais uma vez, foi um amigo que o puxou: Thierry Castets, o treinador da equipa da Aquitânia.

Quando o amor é potente, é difícil largá-lo. Falta a bola, o relvado, o balneário. O golo. A semana fica incompleta. Papin recusou-se a aceitar. Amou o jogo até quando conseguiu. Agora ama-o de maneira diferente, com certeza. Mas aproveitou-o até à última gota.

HENRY E UMA SEGUNDA VIDA NO ARSENAL

Um jogador desta categoria faz a ala toda. Claro que um craque deste gabarito queremos sempre o mais próximo da baliza possível, mas neste caso estendo-lhe a passadeira vermelha pelo corredor inteiro.
Se não foi o melhor jogador da história do @arsenal esteve muito perto. Certo é que marcou uma era na Premier League, fazia com que dorminhocos levantassem cedo o rabo da cama para poder ver o jogo da Premier League onde ele estivesse envolvido. Uma passada galopante, fino no toque e um faro para golo digno de um ave rapina. Ao todo foram 236 golos na equipa do Norte de Londres. Mas há um que de certeza todos se lembram: o último, contra o Leeds a contar para a FA Cup. Entrou aos 67 minutos. Primeiro lance, fora de jogo.

Segundo lance, bola enfiada na área e Henry faz o golo. O jogador histórico, que quando saiu se tornou adepto e quando voltou a jogar pelo arsenal anos mais tarde viveu aquele momento como um jogador adepto. Os festejos de Henry ao longo da sua carreira eram pouco fervorosos, denotavam uma certa calma, como se ele quisesse dizer: mais um, com facilidade característica que vos habituo. Desta vez, saiu a correr, a gritar. Junto aos seus adeptos e ao seu treinador Wenger, aquele que ele diz que é dos melhores treinadores da história do futebol.

Depois do jogo, Henry falou sobre este golo:

“É meio estranho. Eu só voltei de férias do México 16 dias atrás. Eu não achei que iria jogar pelo Arsenal novamente, e muito menos marcar novamente. Eu amo o clube. Eu quero ajudar e espero que eu possa fazer mais. Espero que não seja o último golo. A sensação que tive quando eu marquei foi incrível. Eu estou a aproveitar o clube como um fã. Eu sempre me lembrarei (desta noite). Não sei porquê, mas quando se trata de Arsenal, algo acontece comigo.Eu amo este clube. Eu fico chateado quando as coisas correm mal, como se fosse um adepto. As pessoas podem pensar o que quiserem, mas é amor verdadeiro. O mais importante é o Arsenal, seja o Tony Adams que tenha jogado aqui, o Overmar,s o Bergkamp ou o Alan Smith ou qualquer outro. Quem jogou aqui ou veio depois, pouco importa. O que importa é o Arsenal.”


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