As melhores mentiras no Futebol: o falso príncipe das arábias de Eriksson

Francisco IsaacDezembro 28, 20185min0

As melhores mentiras no Futebol: o falso príncipe das arábias de Eriksson

Francisco IsaacDezembro 28, 20185min0
Um dos treinadores mais respeitados de sempre foi apanhado numa "artimanha" e acabou por ficar mal visto em Inglaterra. Conheces a história de Eriksson a dizer mal do seu patronato e jogadores?

Sabes de algumas maiores “tangas” perpetuadas no Desporto-Rei? Desde jogadores fictícios (Tó Madeira!), a selecções-fantasma a conversas paralelas enganadoras (como este caso de Eriksson), fomos em busca de 5 das melhores mentiras do futebol! 

POR FAVOR SENHOR ERIKSSON, NÃO PARE DE FALAR!

Estamos no ano de 2006 com o Mundial na Alemanha como pano-de-fundo e a Inglaterra a prometer que ia à competição ganhar, ou seja, tudo igual e como de sempre. O seleccionador da altura era Sven-Goran Eriksson, um treinador reputado que tinha conquistado diversos títulos tanto em Portugal como em Itália, e que ia para o seu 5º ano como seleccionador nacional da Inglaterra.

Os resultados não eram perfeitos, mas havia algo de especial com esta Inglaterra do sueco que outrora tinha passado pelo SL Benfica e tentava deixar uma marca forte antes de abandonar o comando. É nesse intuito que começa a história das falsidades e erros de Sven-Goran Eriksson: o sueco começa a preparar a sua saída de Inglaterra e entre os alguns pretendentes surge um no seu horizonte, bem apetecível diga-se.

Um suposto Sheik ou príncipe da Arábia Saudita estava alegadamente perto de adquirir o Aston Villa e via em Eriksson o homem certo para guiar o clube na direcção do sucesso. Aqui tudo bem e o sueco ficou de se deslocar a um certo restaurante a fim de conversarem e combinarem alguns pontos do suposto novo acordo… Eriksson chegou a um restaurante com vários galardões, sentou-se e almoçou com o seu futuro empregador.

No meio de uma partilha de umas garrafas de champagne com o custo total de 900 libras, o então seleccionador inglês acordou que sairia da Inglaterra após o Mundial de Futebol e assinaria pelos Villains a troco de 5,5M€ por época. Até aqui tudo bem, só que à medida que o festim ia se desenrrolando a língua de Eriksson também começou a ganhar maior liberdade.

E todos os males começam exactamente nessa parte, na revelação de segredos de desportivos da Inglaterra, sendo que o problema aumentou de escala quando mais tarde se veio a saber que o tal Sheik era um jornalista da News of The World, que já tinham apresentado vários bons artigos de investigação e de confidências complicadas com outras selecções, treinadores e jogadores.

Ou seja, e antes de partirmos para a parte em que Eriksson contou tudo (e literalmente, tudo) relembrar então que: almoçou com um suposto novo empregador quando ainda estava contratualmente ligado à Federação Inglesa de Futebol e no qual não podia falar com mais nenhum possível interessado nos seu trabalho antes do Mundial; o suposto Sheik era nada menos que um jornalista disfarçado, e Eriksson não se deu ao trabalho de saber com quem ia negociar.

Posto isto, vamos a algumas das mais caricatas declarações do sueco ao jornalista:

  • Sobre Wayne Rooney: “O temperamento dele não é fácil sabes… vem de famílias pobre, o pai dele foi o boxeur e ele podia ter terminado com tal também.”
  • Sobre Rio Ferdinand “O Rio é dos piores trabalhadores que temos… é um bocado preguiçoso e não se esforça com afinco nos treinos.”
  • Sobre Alex Ferguson “Depois de ter ganho tudo em 1999 devia ter dito adeus e se ido embora do Manchester United. Já não sabe o que faz.”
  • Sobre as comissões aos treinadores “Sim, é verdade que de vez em quando metemos alguma percentagem do negócio no nosso bolso.”
  • Sobre Michael Owen “Não te sei precisar quanto ganha no Newcastle United mas ganha bem mais do que quando estava em Madrid. É um absurdo…”

Estas foram só algumas das declarações bombásticas que viriam a cair na imprensa internacional no dia seguinte, isto a dois meses do Mundial na Alemanha… bomba e a Federação Inglesa viu-se em sarilhos, uma vez que David Beckham (Eriksson disse que conseguia facilmente meter o astro inglês no Aston Villa…), Rio Ferdinand, Wayne Rooney e outros poucos sentiam-se expostos e traídos pelo seu seleccionador.

Não só isso, como também antigas lendas do futebol da Sua Majestade endereçaram pedidos à federação para demitir o sueco e que acima de tudo tinha-se posto ao descoberto alguns temas e pormenores sórdidos da vida dos jogadores e restante staff.

Sven-Goran Eriksson tentou desculpar-se, fez mais de 20 telefonemas no dia seguinte para tentar resolver a situação e a Federação local emitiu um comunicado a dizer que confiava no seu seleccionador e que o manteria no trabalho até ao fim de 2006.

Contudo, a relação dos jogadores e direcção com o treinador nunca mais foi a mesma e é aceitável esse sentimento… Eriksson tinha ido até ao Dubai, almoçou e passeou durante três dias com um falso-Sheik, revelou o que queria fazer com o dinheiro do seu futuro empregador, explicou que ia fazer uso da sua influência na Selecção para arrancar alguns jogadores para o novo clube e revelou outros pormenores secretos da Inglaterra.

O que um falso-Sheik conseguiu fazer numa questão de dias e só gastou cerca de 100 mil libras em almoços, iates alugados, hotéis espectaculares para ter uma das notícias mais bombásticas e que forçou a Eriksson dizer o “adeus” à selecção no final do Mundial. Cuidado com quem almoçam/jantam… pode ser que seja um jornalista disfarçado!


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