Mundial de Clubes: Wydad Casablanca, a força marroquina volta ao topo

João NegreiraDezembro 8, 20175min0

Mundial de Clubes: Wydad Casablanca, a força marroquina volta ao topo

João NegreiraDezembro 8, 20175min0
25 anos depois de uma seca terrível na Liga dos Campeões Africanos, o Wydad volta à ribalta mundial com esta presença no Mundial de Clubes.

O Wydad Casablanca, para aqui chegar, venceu a Liga dos Campeões Africana batendo o Al-Ahly por 2-1 no conjunto das duas mãos. Esta é a primeira participação do clube marroquino na prova, sendo que não têm muito a seu favor, apesar do positivismo dos responsáveis à chegada aos Emirados Árabes Unidos.  O continente africano, fica aqui representado e o Fair Play analisa-o.

Comecemos pela massa associativa do clube que é capaz de deixar um amante deste desporto sem palavras. Basta uma simples pesquisa no youtube e conseguimos encontrar o poder e a força que os adeptos podem dar à sua equipa. Não obstante, terão de viajar mais de 6 000 quilómetros para poder acompanhar e apoiar a sua equipa, o que para um adepto do clube de Marrocos, não será assim tão fácil.

De referir que o Wydad, tricampeão marroquino, na presente temporada, situa-se no 7º lugar do Botola Pro, tendo 3 jogos a menos que o 1º classificado e estando a 7 pontos do mesmo.

Há que contextualizar o leitor e mencionar que o Wydad não teve vida fácil no início da competição que o fez chegar aqui. Na 1ª ronda, antes da fase de grupos, teve que eliminar os gaboneses do Mounana nos penaltys, sendo que seguidamente teve uma fase de grupos mais tranquila, somando 12 pontos nos 6 jogos.

Mais uma vez, nos quartos de final, teve que se submeter à marcação de grandes penalidades e nas meias finais venceu confortavelmente. A final também não foi fácil, tendo em conta que na 1ª mão obtiveram um empate a uma bola com os egípcios, tendo resolvido a grande final apenas na 2ª mão. O Wydad ganha assim a sua primeira Liga dos Campeões Africana num quarto de século.

O maior perigo virá até da surpresa que a equipa marroquina poderá causar. Até porque é assim mesmo que joga; com uma defesa muito coesa e disciplinada, a procurar o erro do adversário e a sair bem em contra-ataque. De referir que, como vimos no golo do vídeo, os cruzamentos são uma arma forte da equipa e que, sempre que tiver hipótese, vai tirar aproveitamento disso.

Porém, raramente conseguem impor o seu jogo, devido à falta de qualidade técnica, não só dos centro-campistas que não conseguem “meter a equipa a jogar”, como de toda a equipa. São uma equipa que vai sofrer muito, por isso mesmo e por serem organizados defensivamente, poderão passar a maior parte do tempo, até porque não muito superiores às outras equipas, em organização defensiva.

Noussir, Aoulad, Bencharki e Laaroubi  serão as principais armas do clube de Casablanca. O 1º é um defesa direito de grande quilate de 27 anos, sendo que dá imensa profundidade à equipa, ajudando no ataque, principalmente nos cruzamentos. O marroquino consegue aliar este poderio ofensivo com uma sólida, segura e concentrada participação na defesa, sendo esse o seu principal posto.

Aoulad, é o primeiro de 2 atacantes que vamos dar referência e dizer que o ponta de lança belga-marroquino tem estado em boa forma no campeonato, somando 4 golos em 6 jogos. O Wydad ao jogar com 2 avançados tem a hipótese de jogar com as suas 2 melhores armas, sendo os dois, grandes marcadores.

Falemos do outro avançado que joga ao lado de Aoulad, é ele Bencharki. O marroquino foi importantíssimo no percurso até à final, tendo marcado 5 golos desde a fase de grupos e a fase a eliminar. É, então mais que óbvio, que o Wydad, apesar de não ser uma equipa que crie imensas oportunidades por jogo, tem finalizadores natos e eficazes, capazes de aproveitar as oportunidades que lhes são dadas.

Bencharki, à esquerda, poderá supreender qualquer defesa, a qualquer momento. [Foto: fifa.com]

Há que falar ainda no experiente guarda-redes, Laaroubi, que dá imensa segurança na baliza, sendo uma voz de comando lá atrás. Um guarda-redes comunicativo, seguro e experiente, será tudo o que uma equipa forte defensivamente, como o Wydad, tem que ter.

Os dirigentes, responsáveis e jogadores do clube chegaram com boas expectativas e com confiança de, pelo menos, passar a 1ª eliminatória. Contudo, será algo mais difícil do que os marroquinos esperam. Do outro lado teremos os mexicanos do Pachuca, como favoritos, sendo que aspiram a muito mais do que a turma de Casablanca. Assim sendo, não é de esperar muito desta participação do clube na prova; uma surpresa contra o Pachuca será o máximo que conseguirão fazer, tendo que enfrentar na ronda seguinte, os brasileiros do Grémio.

MVP: Noussir (junta a profundidade ao ataque com a sua solidez e segurança defensivas);
Striker: Bencharki (eficaz na finalização);
Treinador: Hussein Amotta;
Porque é que entram?: Ganharam a Liga dos Campeões Africana 2016-2017;
Até onde vão?: perdem logo na 1ª ronda com o Pachuca;
Pontos fracos: problemas em assumir o jogo e falta de experiência na competição;
Pontos fortes: defesa muito coesa e difícil de superar, jogando muito no contra-ataque, sendo letais quando têm oportunidade nessas situações;
Primeiro jogo: vs Pachuca dia 9 de Dezembro às 13 (horas portuguesas)


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