5 transferências de Verão que não conseguimos explicar
Harry Maguire conseguiu fazer tremer o mercado inglês e europeu com uma transferência para o Manchester United a troco de 87M€, tornando-se o central mais caro de sempre! Uma transferência peculiar e que estoira (ou não) praticamente com o orçamento dos Red Devils para este mercado… mas não terá sido uma transferência inexplicável? Que outras transferências aconteceram neste ano e nos últimos 15 que merecem a etiqueta de “inexplicável” ou, se quiserem “WTF”?
Estas são as nossas propostas, concordas com elas?
GIANNELLI IMBULA (OL. MARSEILLE -» FC PORTO)
Estamos no ano de 2015 e, do nada, chegou ao Dragão um médio-centro pouco conhecido do público português, que tinha tido uma época satisfatória pelo Marselha e levou Jorge Nuno Pinto da Costa a desembolsar cerca de 20M€ pelo seu concurso. Bomba de mercado, valor mais alto de sempre pago por um jogador no FC Porto e muitas dúvidas em relação ao verdadeiro valor do francês, que pouco tinha provado até então.
Imbula chegou, viu e… saiu derrotado. Em 21 jogos realizados, Imbula impressionou em três (Chelsea, SL Benfica e Belenenses) mas no geral pautou-se sempre por um medianismo total ou uma mediocridade preocupante, já que estavam 20M€ “enterrados” no médio-centro que tardava a provar o seu valor. Depois de um primeiro mês e meio bom/médio, Imbula foi desaparecendo dos convocados e acabou por viver entre o banco de suplentes e a exclusão total da convocatória de Julen Lopetegui.
A Doyen Sports, a empresa que tratou de colocar Imbula na Invicta, viu-se então “forçada” a oferecer uma solução tanto para a carreira do francês como para o investimento perdido do FC Porto… Janeiro chegou e a empresa conseguiu alocar Imbula no Stoke City a troco de 25M€. É verdade, o FC Porto acabou por lucrar 5M€ num jogador que teve só seis meses no clube e que pouco ou nada mostrou.
Mais surpreendente e inexplicável o facto dos dragões terem pago 20M€ por um jogador algo “desconhecido” ou por terem conseguido lucrar?
ALVARO MORATA (REAL MADRID -» CHELSEA FC)
Nota de abertura: Álvaro Morata é dos jogadores que mais dinheiro movimentou na sua carreira, com quase 200M€ transaccionados para assegurar os serviços do móvel avançado espanhol. Como é que podemos considerar inexplicável a saída de Morata de Madrid para Londres? Vamos primeiro ver algumas curiosidades como o facto do Chelsea FC ter “dedo” para ir buscar avançados que acabam por não render a curto-médio prazo, como Nicolas Anelka, Andriy Shevchenko, Fernando Torres (50M€ e poucos golos), André Schürrle, Demba Ba, entre tantos outros.
Segunda curiosidade, Morata vinha de uma época “estranha” ao serviço do Real Madrid, em que tanto assumia um lugar no 11 titular como passava para o banco de suplentes, e o que se passou na Liga dos Campeões de 2016/2017 foi representativo do que se passou com o espanhol: em 13 jogos dos merengues (que terminou nos 4-1 na final ante a Juventus), foi titular em uma única ocasião, saiu do banco por 8 ocasiões e foi responsável por 3 golos. Ou seja, pouca utilização como opção credível na estratégia de jogo de Zinedine Zidane, sempre preterido em favor de Karim Benzema, dando-se alguns arrufos entre treinador e jogador.
Portanto, Morata estava num momento de queda, dispensado do plantel e que supostamente não deveria acarretar custos muito elevados para o seu potencial comprador. Contudo, o Chelsea tratou de “furar” esta lógica e avançou para a contratação do internacional espanhol a troco de 66M€.
A estratégia de jogo dos Blues de Conte pouco tinha a ver com a forma de jogar de Morata, sendo logo à 1ª vista um dos vários problemas, a somar à ausência das características físicas necessárias para liderar a capacidade ofensiva da equipa londrina. No final de contas, a inexplicável chegada de Morata ao Chelsea foi justificada pois ao fim de um ano e meio no emblema inglês, acabou por ser “devolvido” a Espanha, agora para jogar no Atlético Madrid.
LUCAS HERNANDEZ (ATLÉTICO MADRID -» BAYERN MUNIQUE)
Transferência do Verão de 2019 e que vai ter rótulo de inexplicável até que Hernandez consiga ganhar uma Liga dos Campeões pelo Bayern de Munique, já que Hernandez custou aos bávaros cerca de 80M€, um valor exorbitante e que bateu a escala dos campeões da Bundesliga. O internacional francês conseguiu ser mais caro que Robert Lewandowski, Arturo Vidal, Leon Goretzka, Arjen Robben, Manuel Neuer ou Franck Ribéry, sem ter provado metade do valor de qualquer um destes nomes aqui anunciados.
É um negócio claramente de sylly season com um toque tão tenebroso que só o tempo pode explicar o porquê de um emblema como o Bayern Munique ter desembolsado quase 100M€ num jogador “apaixonado” constantemente por lesões, como aconteceu na temporada passada pelo Atlético Madrid.
Hernández é um central com qualidade, inteligente na leitura defensiva e com bom toque de bola, mas não é um defesa de patamar máximo, apresentando lacunas no jogo aéreo ou no conseguir manter a mesma intensidade e ritmo de jogo. Diego Godín e Jan Oblak foram preponderantes em garantir uma defesa de qualidade a Diego Simeone, dando algum espaço a Hernández para crescer e se desenvolver, sem que o central tenha realmente impressionado nas últimas temporadas.
O inexplicável desta transferência vai em grande parte pela falta de estratégia do Bayern Munique em aplicar o seu orçamento de contratações, já que tinha De Ligt à sua mercê pelo mesmo valor, sendo claramente um valor imediato para a equipa liderada por Niko Kovac. Éder Militão, Abdou Diallo, são alguns dos nomes que o Bayern podia ter optado por contratado… felizmente, Benjamin Pavard chegou também ao Bayern de Munique e veremos como Hernández vai alinhar na equipa bávara.
JEAN SERI (PAÇOS DE FERREIRA -» FULHAM)
Fulham FC, um clube que acabou por gastar no seu regresso à Premier League em 2018 cerca de 116,5M€ confirmando-se na altura como o clube mais gastador da edição passada da liga inglesa. Entre os vários reforços, o mais caro foi um velho conhecido do futebol português: Jean Michael Seri, atleta que passou pelo Paços de Ferreira entre 2013 e 2015 (e antes disso pelo FC Porto “B”). Médio-centro de 1,70 metros de altura e sempre pulsando um ritmo vigoroso, foi uma das principais referências do super-Nice que conquistou o 3º lugar da Ligue 1 em 2016/2017, terminando a temporada com 7 golos e 10 assistências em 39 encontros.
Quando se esperava uma contínua afirmação do valor do médio em França, eis que surgiu o Fulham em grande, avançando com uns 30M€ por Seri de forma improvável e impensável. Com vários outros potenciais alvos de mercado mais interessantes e que não teriam um custo tão elevado, os então recém-promovidos à Premier League optaram por fazer aposta contra todas as expectativas possíveis… e, como quase todos esperavam, Seri foi uma autêntica desilusão em Craven Cottage, recheando várias exibições com erros infantis e questionáveis, lançando uma sombra de dúvida perante as operações de mercado encetadas durante o Verão de 2018.
O inexplicável é algo mais explicável neste caso, uma vez que são vários os clubes que quando promovidos à Premier League partem para um frenesim de mercado, comprando, comprando e comprando, numa tentativa clara de reforçarem-se ao ponto de aumentarem o nível de qualidade do plantel. Todavia, como aconteceu com o Fulham, contratar jogadores às “cegas” pode não correr bem e apesar das boas exibições que Seri ao serviço do Nice, não era o suficiente para oferecer 30M€ pelo médio… que entretanto foi cedido ao Galatasaray.
MALCOM (BORDÉUS -» FC BARCELONA -» ZENIT)
Impagável o espectáculo Malcom que começou no Verão de 2018 e estendeu-se até ao de 2019, com o avançado brasileiro a conseguir aparecer na lista do top-15 dos jogadores mais caros dessas janelas de transferências. Se em 2018 foi contratado ao Bordéus por 40M€, já em 2019 os russos do Zenit desembolsaram exactamente o mesmo valor para adquirir o brasileiro que pouco ou nada provou em terras catalãs, com apenas 4 golos marcados em 24 jogos.
A primeira pergunta é desde logo decisiva nesta questão: porque é que o Barcelona foi adquirir Malcom quando já tinha o plantel recheado de avançados como Luis Suarez, Ousmane Dembélé, Philippe Coutinho ou Lionel Messi? Não esquecer que Malcom não era um fenómeno no que toca aos números, já que em 96 pelo Bordéus só foi responsável por 23 golos e 16 assistências, apesar da tenra idade com que pisou pela 1ª vez o campeonato francês.
Até poderíamos aceitar que a contratação de Malcom foi no sentido de assegurar um futuro valor para o clube, pensando na possível saída de algum dos astros do Barcelona, só que essa argumentação seria facilmente invalidada a partir do momento em que se confirmou a sua saída para a Rússia. Pois é, Malcom acabou por embarcar em nova viagem e agora para bem longe dos holofotes dos principais campeonatos europeus, caindo desamparado no Zenit de Semak, numa tentativa de reaparecer e mostrar que pode ser uma franca opção para o futuro da canarinha.
Mas como é que se explica que o Zenit tenha desembolsado o mesmo valor de transferência que o Barcelona, quando se deu uma clara desvalorização do avançado? Malcom jogou apenas uns “pobres” 1100 minutos na temporada passada, tendo sido titular por 11 ocasiões em 60 jogos possíveis, caindo abruptamente fisica, mental e tecnicamente.
Uma demonstração da Silly Season no seu esplendor máximo, ficando ao critério do leitor qual terá sido o mais “grave”: a contratação do Barcelona em 2018 ou a do Zenit em 2019?