Ricardinho. “Tenho o sonho de conquistar os títulos mais importantes da modalidade”

André CoroadoNovembro 28, 20179min0
Ricardo Baptista joga no Sporting desde 2014 e na selecção nacional desde 2016. Um ala veloz e dotado tecnicamente, Ricardinho tem-se afirmado como um dos novos valores do futebol de praia nacional e ajudou Portugal a chegar a duas finais em 2017

Mais conhecido nos areais como Ricardinho, Ricardo Baptista é uma das novas figuras da selecção nacional de futebol de praia. Após passagens por Estoril-Praia e Dramático de Cascais, joga no Sporting desde 2014, onde já foi campeão. Em 2017 segurou o lugar na equipa das quinas, a quem tem dado garantias no presente e para o futuro. Finalizada a temporada, o Fair Play conversou com Ricardinho para conhecer o craque da linha, as suas impressões e objectivos.

Como começou a tua carreira no futebol de praia? Qual foi o teu percurso desde a entrada na modalidade até te tornares uma presença assídua na selecção nacional?

R: Na verdade começou como uma brincadeira. No final de uma época de futebol de 11, estava eu a entrar de férias da época desportiva, quando o Estoril-Praia, clube onde joguei vários anos, me disse que estavam a formar uma equipa para entrar no campeonato nacional de futebol de praia e se eu queria jogar para manter a forma durante o verão. Depois, foram 3 anos desde 2014, o meu primeiro estágio na seleção, até 2017, onde estive em quase todas as competições do ano com a selecção nacional, onde me dediquei muito tanto sozinho como com o meu clube, que me ajudou muito. 

Estreaste-te com a camisola das quinas em Abril de 2016, na Copa do Sal em Cabo Verde. Que memórias guardas dessas primeiras internacionalizações?

R: Lembro-me que andava em êxtase. Estava muito feliz porque sabia que me iria estrear e ser internacional. Queria muito desfrutar daquele momento e, ao mesmo tempo, ganhar os jogos todos e estar bem no plano individual para agarrar a oportunidade. 

Em 2017 voltaste a fazer parte dos eleitos para a Copa do Sal e desde então não falhaste uma única convocatória. Como decorreu esta tua integração e que factores contribuíram para o teu sucesso?

R: A integração foi a melhor possível. Já conhecia todos os jogadores há alguns anos e todos eles me acolheram muito bem. O que contribuiu para o meu sucesso penso que foi o sucesso colectivo. Só quando o colectivo está bem é que as individualidades aparecem. A juntar a isso, todo um trabalho e dedicação diárias quando não se está ao serviço da seleção, continuando a treinar. 

Na selecção tens tido a oportunidade de jogar ao lado de grandes nomes do futebol de praia nacional, muitos dos quais já eram teus colegas de equipa no Sporting. O que muda no contexto de selecção?

R: É um grande orgulho estar com eles. Muda a exigência. Estão presentes os melhores jogadores do país, o nível dos treinos é muito elevado e temos a grande responsabilidade de estar a representar o nosso país. 

Colectivamente, Portugal tornou a apresentar um nível de jogo muito elevado, que se reflectiu na elevada percentagem de vitórias e nas presenças em finais. No entanto, os grandes títulos acabaram por fugir. Na tua opinião, o que correu melhor e o que faltou para chegar mais longe?

R: Para o sucesso das vitórias e presenças em finais, acho se deve ao trabalho invisível. A preparação física e ideias de jogo do mister e da equipa técnica, a juntar à qualidade, dedicação, vontade de vencer e espírito de equipa por parte dos jogadores. Nas finais este ano ficou sempre um amargo na boca, parece que faltou sempre aquela pontinha de sorte. Jogámos 3 vezes com a Rússia, ganhamos duas e perdemos a final do europeu, num jogo de 50/50 e onde a Rússia foi muito eficaz. Já o Brasil apresentou este ano um nível elevadíssimo, ainda sem qualquer derrota, e isso mostra bem a nossa dificuldade; vamos ter de fazer um jogo a roçar a perfeição para vencermos este Brasil, mas penso que isso irá acontecer a curto prazo. 

Quais foram, no teu ponto de vista, os melhores momentos que vivenciaste na selecção nacional, quer colectivamente quer no plano pessoal? E os menos bons?

R: Menos bom sem dúvida as finais perdidas, e o início do ano de 2015 onde tive de dizer que não podia estar presente num estágio de preparação porque estava com uma pneumonia. Já os melhores momentos, sem dúvida a primeira chamada para estágio em 2014 e a chamada para a primeira competição em 2016, o primeiro jogo pela seleção em Cabo Verde frente à Espanha, as vitórias das etapas da liga Europeia e o mundialito em Carcavelos, por ser o local onde eu vivo e treino. 

Em Portugal, após teres sido campeão nacional pelo Sporting em 2016, desta vez foste vice-campeão em mais uma final dramática, perdida frente ao Braga nas grandes penalidades. Que balanço fazes da vossa prestação na prova e do campeonato como um todo?

R: Nunca é fácil dizer que foi um ano positivo quando se perde no último jogo, no mais importante da época. A verdade é que o Braga é uma equipa muito forte e os nossos jogos contra eles são sempre muito intensos com incerteza no vencedor até muito perto do final. A verdade é que durante o campeonato apresentámos um nível de jogo muito elevado, temos vindo ano após ano a melhorar. Já o campeonato está cada vez melhor, com equipas mais difíceis, com bons jogadores a aparecer, mas com duas equipas claramente mais fortes na busca pelo título. 

Em 2018, terás novos desafios, quer ao serviço do Sporting quer com as cores da selecção das quinas, que lutará pela presença no próximo mundial. Que objectivos traças para cada uma destas frentes de combate?

R: No clube, queremos muito voltar a ser campeões nacionais. Esse é o objetivo principal. Fora isso, em torneios internacionais vamos lutar também para vencermos as competições em que participarmos. Na seleção, o espírito vai ser o mesmo: apurarmo-nos para o campeonato do mundo e vencermos títulos, continuando a apresentar um bom futebol. 

Como te descreves enquanto jogador? E quais as características que fazem do Ricardinho um dos novos valores para o futuro do futebol de praia em Portugal?

R: Acho que sou um jogador inteligente, com boa técnica e velocidade, que penso serem as minhas melhores armas, com alguns aspetos a melhorar para me tornar num melhor jogador. Além disto, continuar a ser ser humilde, ambicioso e dedicado. 

Ao longo destes mais de 5 anos, quais foram os jogadores que mais te impressionaram quer como adversários quer como colegas? Tens algum ídolo em particular nas areias?

R: Colegas, não posso esquecer o Madjer, Alan, Torres, Zé Maria, Coimbra, Marinho entre tantos outros que me ajudam diariamente com ensinamentos, palavras de incentivo, outras vezes palavras menos boas mas que precisamos de ouvir para crescermos. Adversários, não esqueço umas palavras do Bruno Xavier, e dentro do campo também não esqueço de como é difícil marcar o Rodrigo, que para mim é o melhor jogador do mundo. Ídolo nesta modalidade, obviamente Madjer, Belchior e Alan, mas para a minha posição e para as minhas características tento ir encontrar jogadores parecidos comigo, e nesse caso os jogadores que tenho como referências para melhorar o meu jogo são o Jordan, Bê Martins e Datinha, que também estão presentes nos melhores do mundo da actualidade. 

A nível individual, e pensando a médio-longo prazo, que sonhos lutarás para concretizar na tua carreira nos areais?

R: Quero ser cada vez mais importante no clube e na seleção. Tenho o sonho de conquistar os títulos mais importantes desta modalidade, sabendo que para isso terei de trabalhar muito, com os pés na terra, orgulhoso do que já fiz, mas não deixando que isso me envaideça nem me tire o foco do futuro; porque só com muita ambição (e ainda nada ganhei) posso estar no nível dos melhores do mundo.

Ricardinho (Foto: Lea Weil)

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