Jorge Abecassis. “Para chegarmos ao Mundial temos de trabalhar no duro!”

Francisco IsaacMarço 15, 20188min0

Jorge Abecassis. “Para chegarmos ao Mundial temos de trabalhar no duro!”

Francisco IsaacMarço 15, 20188min0
Fica a conhecer melhor o internacional português e jogador do CDUL, Jorge Abecassis. Das conquistas pelos sub-20 à estreia pela equipa principal! Entrevista em Exclusivo!
Jorge… 2017 foi um daqueles anos que gostavas de repetir, não? Campeão Português (com um ensaio teu no último segundo), Europeu, Vice-campeão Mundial “B”, estreia na Challenge Cup… consegues dizer qual foi para ti o melhor momento? E porquê?

Sim, sem dúvida! Foi um ano memorável, em que tive a sorte de poder jogar em muitos jogos onde achava que nunca iria jogar. Tanto o Campeonato Nacional como o percurso na Seleção sub-20 este ano foram os melhores momentos!

Qual foi a sensação de conquistarem o título de Campeões da Europa de sub-20? Sentiste que foi uma “batalha” contra tudo e todos?

 Foi uma sensação incrível! Penso que o trabalho feito por todos (Jogadores e Equipa técnica) desde os sub 16, foi confirmado na conquista do Europeu! Este grupo já tinha vindo a provar que era capaz de coisas muito boas e que acima de tudo grandes amigos fora do campo. Não acho que tenha sido contra tudo e contra todos mas acho que foi um desafio enorme para os 40 e tal atletas envolvidos nas preparações e de todos os treinadores e pessoal que nos acompanhou.

Este último ano e meio tu jogaste tanto jogos de sub-20 como séniores a nível dos Lobos… entre Roménia, Espanha, Japão, Uruguai, Brasil, entre outras, achas que Portugal está abaixo, equiparado ou que tem as “ferramentas” necessárias para se superiorizar?

Nota-se, em todas as seleções, que há um grande salto entre os sub-20 e as seleções séniores. Este ano tive a oportunidade de jogar contra várias seleções sub-20 e já se percebia que começava a haver grandes investimentos nestas equipas e uma grande aposta. Acho que para voltarmos a estar no mesmo patamar temos que continuar a apostar nas seleções jovens e manter a ligação com a seleção XV, e pouco a pouco, construir um grande grupo de jogadores capazes de jogar a alto nível.

Evoluíste muito como jogador nestes dois anos? Que skills aprimoraste para atingir o nível actual?

Acho que acima de skills básicos, melhorei na maneira como encaro jogos com grande pressão. Nestes últimos dois anos felizmente tive a oportunidade de jogar muitos e de tentar melhorar a cada um que passa. Ainda assim, penso que melhorei no jogo ao pé que cada vez é uma arma mais importante para pôr pressão no adversário.

O CDUL é a tua “casa”? Como é jogar no Estádio Universitário naqueles dias que a bancada principal está cheia?

Sim, sempre foi! É um sonho que se tem desde pequeno e desde que se joga nas escolas. Poder ver os Séniores que sempre vimos jogar tornarem-se teus amigos é uma experiência muito boa, e que nos mostra a importância do que estamos a fazer!

Quando é que deste os primeiros “pontapés” na Oval? E houve algum jogador, na altura, dos séniores que te fez ter vontade de chegar ao nível actual?

Comecei a jogar quando tinha 8 anos, por influência do meu pai (que jogou muitos anos no Cdul) e do meu irmão, que ainda jogava na altura. Gostava de ter entrado para o rugby aos 6 anos, mas os meus pais não me deixaram. Então treinava muitas vezes passes com o meu irmão, que me ensinou muito! Depois entrei no rugby e nunca mais deixei!

Dos colegas que começaram contigo a jogar rugby, ainda há algum que se mantem ao teu lado? E houve algum que desistiu e que gostavas de o voltar a ter dentro de campo?

No Cdul, infelizmente, muitos já deixaram de jogar. O que se mantém há mais tempo é o João Bernardo, que começou a jogar nos sub 14, e fizemos todos os escalões e seleções juntos. Gostava de voltar a ver o Martim Mello e Francisco Delgado jogar pelo CDUL, onde estivemos vários anos juntos!

Como é treinar com “lendas” do CDUL como Gonçalo Foro ou Tiago Girão? Há muita pressão da parte deles ou é a exigência que tu gostas de ter nos treinos e jogos?

Não é por acaso que são dos melhores jogadores de Portugal! Acho que trazem a intensidade certa para o treino e acabam com a brincadeira quando já é demais. Mostram à malta mais nova como trabalhar, dentro e fora de campo, para conseguir chegar a um nível acima.

Foto: Luís Seara Cardoso Fotografia
Quais são os teus objectivos na modalidade? Gostavas de ir jogar para fora? E em caso positivo, para que liga/país?

Para mim, o grande objectivo é jogar a grande nível fora do país. Acho que gostaria de ter uma experiência profissional de rugby e que me arrependeria se tivesse tido oportunidade e não a agarrasse. Mas para já a prioridade é conseguir jogar e estudar ao mesmo tempo, seja onde for! O sonho é jogar Super Rugby!

Gostas mais de jogar a 15 ou 10? E quais são as características que mais gostas de aplicar em campo?

Gosto mais de jogar a 10! Ter mais intervenções durante o jogo e tomar decisões em pouco tempo. Gosto da pressão de poder pedir jogadas e ter que ler o adversário durante o jogo.  Por outro lado, também gosto de jogar a 1,5 um bocado mais relaxado e com mais tempo para tomar decisões. Também me deixa ter mais liberdade no campo e correr mais com a bola.

O sonho de ir a um Mundial está na tua lista de objectivos? O que achas do rugby português actualmente: tem ou não qualidade?

Acho que é um sonho que todos os jogadores de rugby têm. Neste momento, claro que é um objectivo do rugby português, mas que só lá chegaremos se nos concentrarmos nos desafios que temos a curto prazo, jogo a jogo. Para lá chegarmos temos que trabalhar duro e voltar a apanhar as seleções que estão a crescer muito como a Espanha, Alemanha…

É-te difícil treinar e jogar na selecção e clube, ir ao ginásio e ter de singrar nos estudos? Algum conselho para jovens jogadores que gostavam de atingir este patamar?

Gosto de pensar que há tempo para tudo! Prefiro ter uma hora para estudar antes do treino do que um dia inteiro. Mas sim às vezes é difícil e temos que pôr de parte algumas coisas. Muitas vezes ou ficam os amigos ou o sono!   

Perguntas de resposta rápida: Irlanda, Nova Zelândia ou Escócia?

Nova Zelândia.

Ter que carregar a bola e fugir ao Sebastião Villax ou ter que placar o Bruno Medeiros?

Villax, porque ainda tenho hipótese de fugir!

Beauden Barrett, George Ford ou Finn Russell?

Barrett!

Jogar no CDUL para sempre ou jogar dois anos pelos Hurricanes?

Pergunta difícil! Jogar Super rugby é o meu sonho! Mas também não largava assim o CDUL!

O teu melhor amigo dentro do rugby? E aquele que se pudesses trocavas já pelo Ardie Savea?

Ui.. Imensos! Mas tenho que falar do Tomás Appleton que me dá boleia para quase todos os treinos e o João Bernardo por ser o meu amigo de rugby há mais tempo! Pelo Ardie Savea, qualquer um dos dois!!

Mensagem para os teus colegas, amigos e adeptos do CDUL e de Portugal?

Continuem a acreditar no rugby português e venham apoiar as equipas! É sempre muito bom quando jogamos com “estádio cheio” e dá-nos motivação para continuar a trabalhar todos os dias!

Foto: João Peleteiro Fotografia

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